Estudo da via alternativa do sistema complemento e de doenças autoimunes associadas em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico

Resumo: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune multissistêmica que ocorre devido à formação de autoanticorpos patogênicos e complexos antígenoanticorpos provocando danos teciduais. Esta resulta da interação entre fatores genéticos, imunológicos e ambientais. A via alternativa (VA...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Picelli, Vanessa Ferreira
Other Authors: Utiyama, Shirley Ramos da Rosa, 1955-
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2013
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/1884/30302
Description
Summary:Resumo: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune multissistêmica que ocorre devido à formação de autoanticorpos patogênicos e complexos antígenoanticorpos provocando danos teciduais. Esta resulta da interação entre fatores genéticos, imunológicos e ambientais. A via alternativa (VA) do sistema complemento tem importante participação no processo inflamatório no LES e o Fator B (BF) constitui a proteína central de ativação dessa via. O presente estudo teve por objetivo avaliar a variabilidade alotípica de BF em pacientes com LES e controles sadios, visando verificar se há associação entre essa e o desenvolvimento da doença em nosso meio. Buscou-se ainda estabelecer possíveis associações com manifestações clínicas da doença, aspectos demográficos, sorológicos e comorbidades autoimunes. Foram analisadas amostras de soro de 194 pacientes com LES (180 ? e 14 ?; 17-67 anos). Grupo controle: 103 indivíduos sadios (96 ? e 7 ?; 19-81 anos) da mesma área geográfica. Os alótipos de BF foram determinados por eletroforese em gel de agarose, sob alta voltagem e refrigeração constante, seguida de imunofixação com anticorpo anti-BF humano. Para análise de co-morbidades avaliou-se os auto-anticorpos anti-endomísio (EmA-IgA), anti-célula gástrica parietal (anti-CGP), anti-músculo liso (AML), anti-mitocôndria (AMA) e anti-microssoma de fígado e rim (LKM), por técnica de imunofluorescência indireta. Os resultados obtidos não mostraram diferença significante na distribuição dos alótipos e alelos de BF entre pacientes e controles, assim como em relação ao gênero, idade de início da doença e manifestações clínicas como artrite, glomerulonefrite, serosite, manifestações cutâneas, neurológicas e hematológicas. Diminuição significativa do alelo BF*F (p=0,033; OR=0,4191) nos pacientes com anticorpos antifosfolípides (anti-cardiolipina IgG/IgM e anti-coagulante lúpico) sugeriu caráter protetor do mesmo para a presença desses anticorpos, enquanto para anticorpos anti-DNA, Sm, RNP, Ro e La não ocorreu associação. Houve aumento significativo na positividade total de auto-anticorpos nos pacientes em relação aos controles (p<0,001), especificamente na frequência do EmA-IgA (5,7%; p=0,009), que se mostrou associado à presença de lesão discoide nos pacientes (p=0,046; OR=4,104). A positividade total dos auto-anticorpos ocorreu independente da idade de início da doença e tempo de duração da mesma, mas apresentou relação significante com a elevação da idade dos pacientes. A análise de distribuição dos alótipos de BF com os auto-anticorpos pesquisados, inclusive o EmA-IgA, não mostrou associação significante. Concluindo, o estudo mostra de forma pioneira, ausência de relação entre as variantes alotípicas de BF com o desenvolvimento do LES em nosso meio, manifestações clínicas e auto-anticorpos investigados. O alelo BF*F pode ser considerado marcador de proteção ao desenvolvimento de anticorpos antifofolípides no LES. O aumento significativo de auto-anticorpos relacionados às doenças autoimunes gastrointestinais nos pacientes com LES reflete a predisposição destes a desenvolver tais co-morbidades.