Avaliação do potencial tóxico das microalgas Heterosigma akshiwo (Hada) e Prorocentrum minimum (Pavillard) schiller sobre copépodes planctônicos do gênero Acartia

Resumo: Nas últimas décadas, o aumento na frequência, magnitude e distribuição geográfica de espécies de microalgas nocivas tem chamado a atenção para as particularidades fisiológicas, ecológicas e toxicológicas das espécies envolvidas. Apesar disso, pouco ainda se sabe sobre as interações entre mic...

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Bibliographic Details
Main Author: Felipe, Fernanda Pereira de
Other Authors: Bersano Filho, José Guilherme
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2013
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/1884/30279
Description
Summary:Resumo: Nas últimas décadas, o aumento na frequência, magnitude e distribuição geográfica de espécies de microalgas nocivas tem chamado a atenção para as particularidades fisiológicas, ecológicas e toxicológicas das espécies envolvidas. Apesar disso, pouco ainda se sabe sobre as interações entre microalgas nocivas e seus principais consumidores, o zooplâncton. O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial tóxico de Heterosigma akashiwo e Prorocentrum minimum sobre copépodes do gênero Acartia provenientes do Complexo Estuarino de Paranaguá, PR, Brasil. Para tanto, foram realizados diferentes testes em laboratório a fim de verificar possíveis efeitos letais e subletais relacionados à produção de ovos e pelotas fecais, com duração de 24 e 72 horas. Os primeiros testes consistiram na alimentação de copépodes Acartia tonsa a diferentes concentrações celulares de H. akashiwo e em sua exposição ao extrato hidrossolúvel da microalga nas fases de crescimento exponencial e estacionária. Um último teste foi realizado para tentar encontrar a concentração capaz de matar metade do grupo experimental (CL50) de copépodes Acartia lilljeborgi. A taxa de mortalidade máxima encontrada neste estudo foi de 31%, um valor relativamente baixo para caracterizar um efeito letal. A produção média de ovos e pelotas fecais (10 e 13 ovos.fêmea-1.dia-1; 81 e 45 pelotas.copépode-1.dia-1, para a fase de crescimento exponencial e estacionária, respectivamente) na alimentação exclusiva com H. akashiwo demonstraram que os copépodes ingeriram esta microalga em menor quantidade e, consequentemente, produziram menos ovos (teste-t: p=0,003 e 0,02, respectivamente) do que a espécie controle Thalassiosira weissflogii (26 ovos.fêmea-1.dia-1; 159 e 85 pelotas.copépode-1.dia-1). As baixas taxas deste estudo foram atribuídas a uma possível baixa qualidade nutricional de H. akashiwo, reduções na alimentação dos copépodes quando alimentados por esta dieta, ou ainda à baixa digestibilidade das células pela presença de compostos químicos extracelulres presentes em sua parede celular. A exposição dos copépodes ao extrato hidrossolúvel em fase estacionária de crescimento causou uma inibição quase completa na produção de ovos e pelotas fecais (3 ovos.fêmea-1.dia-1 e 14 pelotas.copépode-1.dia-1), com valores extremamente inferiores aos dos indivíduos que não sofreram exposição (29 ovos.fêmea-1.dia-1 e até 208 pelotas.copépode1.dia-1). Provavelmente, a desintegração das membranas celulares ocasionou a liberação de ácidos graxos pollinsaturados, no caso o ácido eicosapentaenóico (EPA), que teve sua toxicidade potencializada devido à presença do superóxido, produzido em abundância por H. akashiwo. Já os testes com o dinoflagelado P. minimum foram realizados a fim de encontrar as taxas de remoção (F), ingestão (I) e produção de ovos em dietas monoespecíficas ou em dietas mistas com a diatomácea T. weissflogii. As taxas de ingestão foram superiores na dieta exclusiva de P. minimum (3,2 x 105 células.copépode-1.dia-1 ou 6,31 ?g C.copépode-1.dia-1) o que pode estar refletindo um esforço maior de ingestão para manter níveis adequados de produção de ovos, já que com apenas 1,7 x 105 células.copépode-1.dia-1 ou 2,21 ?g C.copépode-1.dia-1 as taxas de produção de ovos em ambas as dietas foram semelhantes (31 e 32 ovos.fêmea-1.dia-1, p=0,43). Além disso, o carbono presente em P. minimum possui baixa eficiência para produção de ovos (23%) quando comparado ao de T. weissflogii (64%), o que pode evidenciar que maiores quantidades da microalga devem ser ingeridas para garantir o potencial reprodutivo de A. tonsa.