Uso de redes de interação para testar hipóteses de diversificação dos Gyrodactylidae (Monogenoidea: Platyhelminthes)

Resumo: os Gyrodactylidae são animais de grande importância econômica e biológica. É a única família de Monogenoidea a apresentar reprodução por hiperviviparidade, considerada uma inovação-chave em Gyrodactylidae. Essa família é representada por espécies vivíparas e ovíparas. Acredita-se que a orige...

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Main Author: Azambuja, Luciana Patella de
Other Authors: Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciencias Biológicas. Programa de Pós-Graduaçao em Ciencias Biológicas (Microbiologia, Parasitologia e Patologia Básica)
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2012
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/1884/27319
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Coevolução
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Azambuja, Luciana Patella de
Uso de redes de interação para testar hipóteses de diversificação dos Gyrodactylidae (Monogenoidea: Platyhelminthes)
description Resumo: os Gyrodactylidae são animais de grande importância econômica e biológica. É a única família de Monogenoidea a apresentar reprodução por hiperviviparidade, considerada uma inovação-chave em Gyrodactylidae. Essa família é representada por espécies vivíparas e ovíparas. Acredita-se que a origem da família esteja associada à dispersão de um ancestral marinho para um grupo de peixes de água doce da América do Sul. Espécies ovíparas são encontradas apenas na Região Neotropical. A hiperviviparidade é uma característica única do grupo e supostamente confere ao clado vivíparo uma altíssima habilidade de dispersão e troca de hospedeiros, resultando em um grande número de espécies amplamente distribuídas em todos os continentes e oceanos do mundo. Aparentemente, o clado vivíparo representa um agrupamento monofilético, enquanto que as espécies ovíparas formam um grupo parafilético basal. Acredita-se que os Gyrodactylidae vivíparos tenham sofrido uma grande diversificação devido à extensa radiação adaptativa, o que é discutido por vários autores. Outro fator que pode ter contribuído para essa diversificação é a especiação por isolamento periférico seguida de troca de hospedeiros, decorrente da habilidade dos parasitos dispersarem durante toda fase da vida. Se as previsões do modelo de Boeger et al. (2003, 2005) estiverem corretas, espécies ovíparas de Gyrodactylidae devem apresentar uma distribuição restrita (em hospedeiros Loricariidae e outras famílias próximas) e fortemente associada a processo de coespeciação, enquanto que os Gyrodactylidae vivíparos apresentarão um padrão de distribuição mais amplo e com baixa associação com eventos coevolutivos. O objetivo deste trabalho é testar essas hipóteses utilizando análises ecológicas e de coevolução. Esse estudo foi realizado através de um intenso esforço de coleta, em um único trecho do rio Marumbi-PR, Brasil, fornecendo uma amostragem dos principais representantes das famílias de hospedeiros mais comuns da região. O estudo indica que a associação ecológica entre os girodactilídeos e seus hospedeiros esta fortemente relacionada aos processos de coevolução entre essas espécies. A rede de interação de Gyrodactylidade e seus hospedeiros indicam que ocorre uma forte interação entre as espécies do grupo ovíparo de Gyrodactylidae com espécies de Loricariidae, enquanto que as espécies parasitas do clado vivíparo fazem interações com quase todos os representantes das famílias de hospedeiros amostradas. Os resultados das redes de interação entre os girodactilídeos ovíparos e vivíparos corrobora com as hipóteses sobre a diversificação propostas por Boeger et al. (2003). As espécies do grupo ovíparo mostram-se mais aninhadas quando comparadas com o grupo vivíparo, indicando que o grupo ovíparo possui maior número de interações com espécies hospedeiras. A análise de modularidade indica que as espécies do grupo ovíparo mostraram alta especificidade às espécies hospedeiras de Loricariidae, enquanto que, as espécies do clado vivíparo estão distribuídas em hospedeiros de diferentes táxons, mas ao contrário do esperado, mostram um padrão de alta especificidade com seus hospedeiros. A análise de coevolução entre as espécies de Gyrodactylidae e seus hospedeiros, está igualmente congruente à hipótese de Boeger et al.(2003). Para as espécies ovíparas, a congruência com a hipótese está diretamente associada a processos de coespeciação. Enquanto os vivíparos apresentam características que aumentam sua habilidade de colonizar novas linhagens de hospedeiros, eles aparentemente passam por um processo de especialização/adaptação à linhagem do hospedeiro. Esse processo o limita a linhagens hospedeiras mais próximas, as quais compartilham recursos semelhantes (simplesiomorfias) devido à ancestralidade mais recente. Portanto, o cenário observado na estrutura da comunidade de peixes e seus Gyrodactylidae parece estar fortemente relacionado com o processo denominado "ecological fitting", definido por Brooks e McLennan (2002).
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