Ações de saúde mental por agentes comunitários de saúde: investigando uma experiência de saúde mental na atenção básica

=== The purpose of the actual piece of work is the investigation of a Mental Health care experience in Primary Care, performed by Community Health Workers (CHW) working at a basic health unit in the district of Betim, Minas Gerais State. The inclusion of Mental Heath practices in Family Health is p...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Marcelo Arinos Drummond Junior
Other Authors: Cornelis Johannes Van Stralen
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal de Minas Gerais 2009
Online Access:http://hdl.handle.net/1843/TMCB-7XBHNT
Description
Summary:=== The purpose of the actual piece of work is the investigation of a Mental Health care experience in Primary Care, performed by Community Health Workers (CHW) working at a basic health unit in the district of Betim, Minas Gerais State. The inclusion of Mental Heath practices in Family Health is part of Brazilian public policies. The Family Health teams are integrated by the Community Health Workers, sanitary workers who necessarily inhabit the community where their action is to take place, and whose activities were defined by the Community Health Workers´ Program. There are no national policies for Mental Health care specifically directed to these professionals. The qualitative methodology was used in this research. Primary data were obtained by six semistructured interviews done with the Community Health Workers in question, by means of two semistructured interviews done with university degree technicians, who also participated of this experience giving support to the CHW`s actions. This data was also collected during three participant observation visits in a therapeutic workshop coordinated by the CHW. The Thematic Content Analysis guided the analysis of the obtained data. The theoretical references used in this process are the recommendations for the organization of the Primary Care in health expressed by the Alma Ata Declaration and the principles and experiences of deinstitutionalization based on basaglian tradition. The collected material was distributed in three main themes: Locally Originated Happenings, Mental Health Care by the Community Health Workers, and Meanings of a Practice. One concludes that the experience was conceived during the meetings organized by the units psychologist aiming the reduction of conflicts inside the CHW teams. Theses Professional begun to ask questions, during these meetings, concerning the mental suffering cases from their territory of action and to put in question the difficulty of ambulatorial treatment access of these cases, that happend at the Health Unit. As an immediate consequence, a mechanism named The Reception Room was instituted, in order to welcome the demanding cases. The meetings at The Reception Room always took place in the presence of the CHW. This initiative is supposed to have allowed them to practice their listening. The action of the CHW in Mental Health was based on the knowledge they acquired in an educational process that occurred at weekly team meetings in which both the CHW and the university degree technicians discussed the cases. It is possible to see that not only did the CHW identify the new cases, follow the ones in treatment in order to systematically observe their mental state, set them out to university degree technicians (actions that were always planed and discussed at the teams meetings), but also carried out the following of the cases for which they were responsible, using the mechanism of listening and the affective dimension of the therapeutic relationship. The broadening of horizons, the capacity of accepting the individual differences and capacity of listening to the other, the comprehension of the importance of their role in the healing of the users of the health system and affective bond established with them are an important part of the universe of meanings the CHW attribute to their practice. === O presente trabalho teve como objetivo a investigação de uma experiência de cuidados em Saúde Mental na Atenção Básica protagonizada por Agentes Comunitários de Saúde (ACS) lotados em uma unidade básica de saúde do município de Betim, Minas Gerais. A inclusão das práticas em Saúde Mental na Saúde da Família, faz parte das políticas públicas do Brasil. Integram as equipes de Saúde da Família os Agentes Comunitários de Saúde, agentes sanitários obrigatoriamente residentes nas comunidades onde irão atuar, cujas ações foram instituídas pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde. Não existem diretrizes políticas nacionais para a realização de cuidados em Saúde Mental especificamente por estes profissionais. Para a pesquisa dessa experiência foi utilizada a metodologia qualitativa. Dados primários foram obtidos através de seis entrevistas semiestruturadas realizadas com os Agentes Comunitários de Saúde em questão, através de duas entrevistas semi-estruturadas realizadas com técnicos de nível superior que também participaram da experiência dando suporte às ações dos ACS e através de três visitas para observação participante em uma oficina terapêutica por eles coordenada. A Análise Temática de Conteúdo norteou a análise dos dados obtidos. Os referenciais teóricos utilizados neste processo são as prescrições para a organização da Atenção Primária à Saúde expressas pela Declaração de Alma Ata e os princípios e experiências de desistitucionalização oriundas da tradição basagiana. O material coletado foi distribuído entre três grandes temas: Acontecimentos Originários Locais, Cuidados em Saúde Mental por Agentes Comunitários de Saúde e Sentidos de uma Prática. Concluiu-se que a experiência foi gestada durante encontros realizados pelo psicólogo da unidade objetivando a redução de conflitos na equipe dos ACS. Estes profissionais passaram a formular nos encontros perguntas sobre os casos de sofrimento mental de seus territórios de atuação e a questionar a dificuldade de acesso destes casos ao tratamento ambulatorial então realizado na unidade de saúde. Como conseqüência imediata, foi instituído um dispositivo denominado Recepção, para acolhimento dos casos demandantes. As reuniões da Recepção ocorriam sempre com a presença de ACS. Esta iniciativa teria permitido a estes o exercício da escuta. As ações dos ACS em Saúde Mental se basearam em conhecimentos adquiridos em um processo educacional através de reuniões de equipe semanais onde os casos eram discutidos por ACS e técnicos de nível superior. Além das ações de identificação de casos novos, acompanhamento dos casos em tratamento para observação sistemática de seu estado e encaminhamento desses para técnicos de nível superior, sempre planejadas e discutidas nas reuniões de equipe, concluiu-se que os ACS executavam também acompanhamentos de casos a eles referenciados utilizando o dispositivo escuta e a dimensão afetiva na relação terapêutica. A ampliação dos horizontes, o desenvolvimento da capacidade de aceitar as diferenças e da capacidade de escutar o outro, a percepção da importância de seu papel na melhora dos usuários e a vinculação afetiva com os mesmos compõem parte importante do universo de sentidos que os ACS atribuem às suas práticas em Saúde Mental.