A reflexivização no PB e a decomposição semântica de predicados

=== This work aims to analyze the phenomenon of reflexivization in Brazilian Portuguese (BP) and to use what is called predicate decomposition, as a more explicit representation of linguistic meaning. Reflexivization is analyzed from the standpoint of lexical semantics, that is, we observe how BP v...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Luisa Andrade Gomes Godoy
Other Authors: Marcia Maria Cancado Lima
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal de Minas Gerais 2012
Online Access:http://hdl.handle.net/1843/LETR-8SSVKV
Description
Summary:=== This work aims to analyze the phenomenon of reflexivization in Brazilian Portuguese (BP) and to use what is called predicate decomposition, as a more explicit representation of linguistic meaning. Reflexivization is analyzed from the standpoint of lexical semantics, that is, we observe how BP verbs behave when reflexivized. We offer a description of verbal classes in BP in terms of predicate decomposition, proposing semantic representations for both the verbal class and the reflexive form of that verbal class. This empirical analysis allows us to define reflexivity and to point out the restrictions for reflexivization. Reflexivity occurs when there are two arguments with identical denotative value in a predicate decomposition structure, regardless of which thematic role they bear (that is, regardless of the nature of the relation between the argument and the predicate it saturates). As for the restrictions for reflexivization, we divide them in two types. The first type of restrictions is some requirements for the arguments of a verb, so that verb can be reflexivized: there must be two arguments and they must denote animate individuals. In the empirical survey mentioned, we dealt only with verbs that fulfilled those requirements, so the impossibility of reflexivizing a verb class could be attributed to the lexical semantic features it bears. These lexical semantic restrictions are the restrictions of the second type. We propose that these restrictions are not specific to reflexivization, but are instead violations of some general semantic principles. So, reflexivization seems to occur in a productive way within the BP verbal lexicon, because it is not restricted to a single class. The empirical survey also allowed us to investigate the difference between strictu sensu reflexives and middles. We propose that both forms present the idea of reflexivity in their meaning, but they differ as to how the two subevents that compose the meaning of the verb are related. Strictu sensu reflexive presents a causality relation between the subevents of the verb, while middle presents a temporal overlapping relation between the verb`s subevents. Apart from the empirical survey, we develop a discussion about reflexivization regarding its relation to grammar. After evaluating proposals in the literature, we understand reflexivization is more adequately explained as a syntactic composition, not as a lexical operation. We then propose a means of adapting the representations given to a more traditional model of grammar. The structures representing verbal classes are lexical representations and the structures representing reflexive forms are representations of (the interpretation of) sentences. Apart contributing for the understanding of reflexivization, we can point out that this work also contributes for the description of BP, because of the empirical work with the verbal classes, and for the semantic language of predicate decomposition. === Este trabalho tem por objetivos analisar o fenômeno da reflexivização, observando o português brasileiro (PB) como a língua que o instancia, e explorar a chamada 'decomposição de predicados' como uma linguagem semântica que torna explícito o significado linguístico. A reflexivização é analisada do ponto de vista da semântica lexical, observando-se como os verbos do PB se comportam com relação à formação de sentenças reflexivas. Essa análise parte de uma descrição de classes verbais do PB por meio da decomposição de predicados. Propomos representações semânticas tanto das classes verbais quanto da forma reflexiva dos verbos de cada classe. A partir desse estudo empírico, propomos uma definição semântica para a reflexividade e apontamos as restrições para a reflexivização. A reflexividade ocorre quando, em uma estrutura de decomposição de predicados, há dois argumentos com o mesmo valor denotativo, quaisquer sejam os papéis temáticos desses argumentos (isto é, quaisquer sejam as relações entre os argumentos e os predicados que eles saturam). As restrições à reflexivização são de dois tipos. As do primeiro tipo são exigências quanto ao número de argumentos que um verbo deve ter para ser reflexivizado (dois argumentos) e quanto à qualidade desses argumentos (devem denotar indivíduos animados). Todos os verbos descritos em nosso estudo empírico atendem a tais exigências, de modo que a impossibilidade de reflexivizar algumas classes verbais pode ser atribuída a questões semânticas; são elas as restrições do segundo tipo. Propomos que essas restrições semânticas se devem, na verdade, a violações de princípios gerais de estruturação do significado, não sendo específicas à reflexivização. A reflexivização, então, parece ocorrer de modo produtivo em meio ao léxico verbal do PB, pois não se restringe a uma classe apenas. Também por meio desse estudo empírico investigamos a diferença entre 'reflexivas strictu sensu' e o que se chama de 'médias'. Propomos que em ambas as formas há reflexividade, porém elas diferem quanto à maneira como os dois subeventos que compõem o sentido do verbo estão relacionados. Enquanto a reflexiva strictu sensu apresenta uma relação de causa entre os dois subeventos contidos na semântica do verbo, a média apresenta uma relação de simultaneidade ou sobreposição temporal entre os dois subeventos do verbo. Além do estudo empírico, fazemos também neste trabalho um estudo da literatura acerca da relação entre a reflexivização e a gramática. Avaliando as propostas vigentes, entendemos que a análise mais adequada é encarar a reflexivização como uma composição na sintaxe, e não como uma operação lexical. Assim, propomos uma maneira de encaixar as representações propostas em um modelo mais tradicional de gramática. Enquanto a representação da classe verbal é uma representação lexical, a representação da forma reflexiva dessa classe verbal é a representação da interpretação de uma sentença. Além de contribuir para a compreensão da reflexivização, este trabalho contribui para a descrição do PB, por meio do estudo empírico das classes, e também para a linguagem da decomposição de predicados, especialmente no que diz respeito à proposta de diferenciação entre os tipos de conjunções (relações entre subeventos).