Summary: | === The objective of this study is to analyze health promotion programs in companies of private health insurance and their relationship with the care model practiced in the supplementary sector. It is a study of multiple cases of qualitative approach, supported in the methodological theoretical referential of the hermeneutics-dialectics. The methodological course included three stages: exploration, fieldwork and data
comprehension. In the exploratory stage, the companies that develop programs of health promotion and prevention of diseases in Belo Horizonte-Minas Gerais were identified by searching on the ANS website. Seventy-nine companies were identified among them twenty-three confirmed the offer of programs and six accepted the invitation to participate in the study. The fieldwork consisted in interviews with
managers of the companies and/or coordinators of programs, followed by outlying observation of the programs and interviews with professionals and involved beneficiaries. Thirteen programs were studied in depth. In these programs, the focus in prevention and control of obesity and incentive to the physical activity showed up. It was also outstanding the womens and elder's participation. The data comprehension was guided by the synthesis of crossed cases. The analysis clarified that the promotion and prevention programs in the supplementary sector are in a
land of disputes. There are tensions among the logic that guide the approach of health promotion, the offer of programs, the access, the beneficiaries' responsibility and the political induction by ANS. The behavioral approach of the health promotion is prevalent in the study sceneries, which showed coherence with the ideals espoused in the private health sector. The results indicate the disciplinary character
of the programs, which are developed starting from the bio-political device of habits regulation and life styles. In the organizational aspect, it was revealed the existence of difference between the companies, concerning the representativeness of the programs in their organizational structure. There are more institutionalized programs successful in relation to the continuity of the practices, others present tendency to
vulnerability and discontinuity. Certainly the programs still occupy a secondary position compared to the amplitude of the services that comprise the technological arsenal used by the companies. These findings are opposed to the intense incentive of ANS, leading to the conclusion that there is a relative normative influence of the regulatory agency on the decisive processes of the companies, regarding the offer of programs. For the companies, the health promotion programs fulfill the interests of: make customers faithful, reduce costs or complementthe care strategies. We conclude that, despite the evident crossing of capital accumulation in the offer of health promotion in the supplementary sector, the analyzed programs indicate a new logic of health production in the field, which useslittle other spaces and professionals. Thus, the incorporation of health promotion on programs signals to the beginning of a change process in the health care model that, in order to achieve the
level of transformation, requires higher investmentand other strategies that ensure community empowerment, social participation, holistic, union of sectors, equity and sustainability. === O estudo tem como objetivo analisar programas de promoção da saúde em operadoras de planos privados de saúde e sua relação com o modelo assistencial praticado no setor suplementar. Trata-se de um estudo de casos múltiplos de abordagem qualitativa, ancorado no referencial teórico metodológico da hermenêutica-dialética. O percurso metodológico incluiu três etapas: exploratória, de trabalho de campo e compreensão dos dados. Na etapaexploratória procedeu-se à identificação das operadoras que desenvolvem programas de promoção da saúde e prevenção de doenças em Belo Horizonte/Minas Gerais, através de buscas no site da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Foram identificadas 79 operadoras, dentre as quais 23 confirmaram a ofertade programas e seis aceitaram ao convite para participarem do estudo. O trabalho de campo consistiu na realização
de entrevistas com gestores das operadoras e/ou coordenadores de programas, seguidas de observações participantes periféricas dos programas e entrevistas com profissionais e beneficiários envolvidos. Foram estudados em profundidade 13 programas. Nesses programas sobressaiu o enfoque naprevenção e controle da obesidade e incentivo à atividade física; também foi marcante a participação de mulheres e de pessoas pertencentes à terceira idade. A compreensão dos dados foi
orientada pela síntese de casos cruzados. A análiseexplicitou que os programas de promoção e prevenção encontram-se em um terreno de disputas. Há tensões entre as lógicas que orientam a abordagem de promoção da saúde, a oferta de programas, o acesso, a responsabilização dos beneficiários e a indução política pela
ANS. A abordagem comportamental de promoção da saúde é prevalente nos cenários do estudo, o que demonstrou coerência com os ideais defendidos no setor privado de saúde. Os resultados indicam o caráter disciplinador dos programas, os quais são desenvolvidos a partir de dispositivo biopolítico de regulação dos hábitos e modos de vida. No aspecto organizativo, foi revelado que há programas mais institucionalizados com êxito em relação à continuidade das práticas e outros que apresentam tendência a vulnerabilidade e descontinuidade. Certamente os programas ainda ocupam uma posição secundária, quando comparados à amplitude do conjunto de serviços que compõem o arsenal tecnológico utilizado pelas operadoras. Esses achados se contrapõem ao intenso incentivo da ANS, permitindo afirmar que há uma relativa influência normativa daagência reguladora sobre os processos decisórios das operadoras, no que se refere à oferta de programas. Para as operadoras, os programas de promoção da saúde respondem aos interesses de: fidelizar clientes, reduzir custos ou complementar as estratégias assistenciais. Conclui-se que, apesar dos atravessamentos de acumulação de capital evidentes na oferta da promoção da saúde no setor suplementar, os programas analisados indicam uma nova lógica da produção de saúde no campo, a qual minimamente utiliza outros espaços e profissionais. Assim, a incorporação de programas de
promoção da saúde sinaliza para o início de um processo de mudança de modelo assistencial que, para alcançar o nível de transformação, carece de maiores investimentos e outras estratégias que garantam empoderamento comunitário, participação social, concepção holística, intersetorialidade, equidade e sustentabilidade.
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