Summary: | === This study aimed to evaluate the relationship between S. mansoni infection and reinfection using demographic, socioeconomic, immunological and water contact factors, in 127 individuals in Virgem das Graças, an endemic area in municipality of Ponto dos Volantes,
Minas Gerais. Demographic, socioeconomic and water contact behavioral data were collected, as well as feces and blood for parasitological and serological analysis, of all individuals participating in the study between 2001 and 2009. Serum was used to evaluate specific IgE and IgG4 antibody reactivity against soluble egg (SEA) and adult worm (SWAP) antigens. The prevalence for S. mansoni infection before treatment (2001) was 59% (CI 95%= 50.38-67.72) with the geometric mean egg count (epg) of 61.05 (CI95%= 58.70 63.40). One year
after treatment (2002), prevalence and intensity of infection reduced significantly to 16.5% (CI 95%= 9.98 23.08) and 40.6 epg (CI 95%= 37.80 43.42), respectively. In 2005, the prevalence increased to 27.6% (CI 95% = 19.68 to 35.43), but the intensity of infection remained similar to that of 2002 with 39.81 epg (CI 95% = 37.27 - 42.35). In the last year of
evaluation (2009), the prevalence remained at 26.8% (CI 95% = 18.96 to 34.57) but the intensity of infection reduced significantly to 8.78 epg (CI 95% = 6.45 to 11.11) when compared to previous years. Multivariate analysis showed that age, water contact and immunological characteristics were associated with S. mansoni infection. A higher risk of infection was observed in younger individuals (6-14 and 15-29 years) as well as in those who performed activities of fishing and crossing stream. It was shown that the increase in IgG4 anti-SEA and SWAP reactivity and the IgG4/IgE ratio against these antigens were related to
risk of infection, with individuals being more susceptible to infection. Analysis of IgE anti-SEA and SWAP reactivity showed an increase over time for both infected and uninfected individuals and when stratified by age, being more significant in 2005. In regard to IgG4 anti- SEA antibodies, there was a significantly higher level of antibody reactivity in the infected individuals in all investigated years. The reactivity of IgG4 anti-SEA antibodies by age, showed a significant progressive reduction over time, except for the younger individuals (6-14 years). In relation to reinfection, we also observed a significant progressive increase in IgE
anti- SEA and anti-SWAP levels over time in the group of individuals who were reinfected when compared with those who did not reinfect, and the distribution of these antibody reactivities very similar between groups. The ROC analysis showed that the IgG4anti-SEA antibody had significant power to predict infection by S. mansoni in every study points. IgG4 anti-SEA antibodies and IgG4/IgE anti-SEA ratio showed a low ability to predict reinfection, with a curve area around 66%. Our results showed that the prevalence of S. mansoni infection can not be attributed only to immunological factors. We conclude that the IgG4 anti-SEA antibody can be used as immunological monitoring biomarker to predict S.
mansoni infection in endemic areas. === Este estudo teve como objetivo avaliar a relação entre a infecção e a reinfecção pelo Schistosoma mansoni e os fatores demográficos, socioeconômicos, imunológicos e de contato com água, em 127 indivíduos residentes em Virgem das Graças, área rural endêmica do
município de Ponto dos Volantes, Minas Gerais. Foram coletados dados socioeconômicos, demográficos e de contato com água além de fezes e sangue para análises parasitológicas e sorológicas de todos os indivíduos participantes do estudo no período entre 2001 e 2009. O
soro foi utilizado para avaliação da reatividade dos anticorpos IgE e IgG4 específicos contra antígenos do ovo (SEA) e do verme adulto (SWAP). A prevalência da endemia no inicio do estudo (2001) foi 59% (IC 95%= 50,38- 67,72) e a média geométrica de ovos por grama de fezes (OPG) de 61,05 (IC95%= 58,70 63,40). Um ano após o tratamento de todos os indivíduos (2002), a prevalência e a carga parasitária reduziram significativamente para 16,5% (IC 95%= 9,98 23,08) e 40,6 opg (IC 95%= 37,80 43,42), respectivamente. Em 2005, a prevalência aumentou para 27,6% (IC 95%= 19,68 35,43), mas a carga parasitária
manteve-se semelhante à de 2002 sendo de 39,81 opg (IC95%= 37,27 42,35). No último ano avaliado (2009) a prevalência permaneceu em 26,8% (IC 95%= 18,96 34,57), mas a carga parasitária reduziu significativamente para 8,78 opg (IC 95%= 6,45 11,11) quando
comparada aos anos anteriores. A análise multivariada mostrou que a idade, o contato com água e as características imunológicas foram associadas à infecção pelo S. mansoni. Um maior risco de infecção foi observado nos indivíduos mais jovens (6-14 e 15-29 anos) e naqueles que realizavam atividades de pescar e atravessar o córrego. Foi evidenciado também que o aumento na reatividade de IgG4 anti-SEA e SWAP e da razão entre IgG4/IgE contra esses antígenos relacionaram-se ao risco de infecção pelo parasito, deixando os indivíduos mais susceptíveis. A análise da reatividade de IgE anti-SEA e SWAP mostrou um aumento ao longo do tempo tanto para os indivíduos infectados quanto para os não infectados e quando estratificados por idade, foi mais expressivo a partir de 2005. Em relação ao anticorpo IgG4, foram observadas reatividades significativamente mais elevadas deste anticorpo contra o antígeno SEA nos indivíduos infectados em todos os períodos investigados. A reatividade dos anticorpos IgG4 anti-SEA por idade mostrou uma redução progressiva e significativa ao
longo do tempo, exceto para os indivíduos mais jovens (6-14 anos). Na reinfecção, houve um aumento progressivo e significativos da reatividade de IgE anti-SEA e SWAP ao longo do tempo tanto no grupo do indivíduos que reinfectaram quanto naqueles que não reinfectaram
sendo a distribuição da reatividade similar entre os grupos. A análise da área da curva ROC mostrou que os anticorpos IgG4 anti-SEA tiveram um poder significativo de predizer a infecção pelo S. mansoni em todos os anos investigados. Os anticorpos IgG4 anti-SEA e razão entre IgG4/IgE anti-SEA apresentaram uma baixa capacidade de predizer a reinfecção, com a área da curva em torno de 66%. Conclui-se que o fator imunológico não é o único que explica o fato do indivíduo estar ou não infectado pelo S. mansoni e que somente a reatividade de anticorpos IgG4 anti-SEA podem ser utilizados como biomarcadores imunológicos de monitoramento para predizer a presença da infecção pelo S. mansoni em áreas endêmicas.
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