Summary: | === A infecção da corrente sanguínea (ICS) é uma das infecções relacionadas à assistência em saúde de maior relevância, devido a sua alta prevalência, morbimortalidade, aos custos associados e, principalmente, à possibilidade de prevenção. Dentre os principais microrganismos a elas associados, ressalta-se o Staphylococcus aureus, sobretudo aqueles resistentes. Os custos relacionados ao tratamento antimicrobiano de pacientes com ICS causada por microrganismos resistentes têm sido pouco explorados. Diante disto, objetivou-se comparar os custos com o tratamento antimicrobiano de pacientes com infecção da corrente sanguínea causada por Staphylococcus aureus resistentes com os custos decorrentes do tratamento envolvendo Staphylococcus aureus sensíveis. Trata-se de um estudo epidemiológico do tipo coorte histórica, realizado em uma Unidade de Terapia Intensiva de um hospital geral, de alta complexidade e privado de Belo Horizonte. A população do estudo foi composta por todos os pacientes que receberam o diagnóstico de ICS por Staphylococcus aureus, com base nos critérios estabelecidos pelo National Healthcare Safety Network do Centers for Disease Control and Prevention, no período de março de 2007 a março de 2011. Para a coleta dos dados, as informações sobre a ocorrência da ICS e o número de doses dos antimicrobianos utilizadas no tratamento foram obtidas por meio dos prontuários dos pacientes e dos registros da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. Aquelas referentes aos custos foram calculadas de acordo com o Guia Farmacêutico Brasíndice. Os dados foram analisados no programa de estatístico SPSS. Realizaram-se análise descritiva, univariada e regressão linear. Fizeram parte do estudo 62 pacientes, sendo 31 incluídos no grupo de pacientes com ICS causada por Staphylococcus aureus resistente à oxacilina e 31 incluídos no grupo com ICS por Staphylococcus aureus sensível à oxacilina. Dentre os fatores de risco para ocorrência de ICS por MRSA, a colonização por microrganismos resistentes mereceu destaque (p < 0.05). Observou-se que a resistência bacteriana esteve relacionada a uma maior taxa de mortalidade (p = 0,025), assim como o maior tempo de permanência na Unidade de Terapia Intensiva e na instituição (p = 0,001). Os antibióticos mais utilizados para o tratamento empírico das infecções foram: vancomicina (69,4%), polimixina (46,8%), ertapenem (29,0%) e meropenem (24,2%). Para o tratamento direcionado foram: vancomicina (45,2%) e oxacilina (40,3%). O tempo médio de duração do tratamento foi de oito dias, independente do grupo no qual o paciente estava inserido. Em relação aos custos, na análise multivariada o perfil de sensibilidade do microrganismo permaneceu estatisticamente significativo, revelando que o custo do tratamento empírico e o custo total foram maiores para pacientes com MRSA. O direcionamento de antimicrobianos após o resultado de cultura diminuiu os custos significativamente (p = 0,001). Conclui-se que a resistência bacteriana além de influenciar as taxas de mortalidade dos pacientes com ICS, pode exercer importante papel sobre os custos com tratamento antimicrobiano destes. Destaca-se que estes custos podem variar em virtude do agente causal, do perfil de resistência dele, do tempo de tratamento e da dose utilizada, dentre outros fatores.
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