Estudo de alterações esofágicas, achados sorológicos, aspectos demográficos e uso de medicamentos em pacientes acometidos por esclerose sistêmica

=== Systemic sclerosis is a multisystem disease of unknown etiology characterized by functional and structural abnormalities of small blood vessels, and fibrosis of the skin and internal organs. Esophageal involvement affects 50 to 90% of patients and is characterized by abnormal motility and hypot...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Debora Cerqueira Calderaro
Other Authors: Luciana Dias Moretzsohn
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal de Minas Gerais 2009
Online Access:http://hdl.handle.net/1843/ECJS-7WDGSR
id ndltd-IBICT-oai-bibliotecadigital.ufmg.br-MTD2BR-ECJS-7WDGSR
record_format oai_dc
collection NDLTD
language Portuguese
format Others
sources NDLTD
description === Systemic sclerosis is a multisystem disease of unknown etiology characterized by functional and structural abnormalities of small blood vessels, and fibrosis of the skin and internal organs. Esophageal involvement affects 50 to 90% of patients and is characterized by abnormal motility and hypotonic lower esophageal sphincter, diagnosed by esophageal manometry. These abnormalities predispose to gastro-esophageal reflux and its complications, erosive esophagitis, erosions, bleeding, stenosis, Barretts esophagus and adenocarcinoma, better evaluated by upper endoscopy. The aim of this study was the evaluation of esophageal manometric and endoscopic abnormalities, and its determinants, in systemic sclerosis patients from Rheumatology Department of Clinics Hospital of Federal University in Minas Gerais, Brazil. They underwent medical records review, clinical interview and esophageal manometry and endoscopy. Manometric abnormalities were graded as follows: the normal cutoff level for lower esophageal sphincter pressure is 14 mmHg. Patients with less than 80% of peristaltic waves propagated were considered to have abnormal peristalsis. Barretts esophagus was diagnosed when endoscopic abnormalities were confirmed by histological findings of intestinal metaplasia. P-values less than 0.05 were considered significant. Twenty eight patients were included: 71% were women, with medium age and disease duration of 46.4 and 12.0 years. Cutaneous diffuse systemic sclerosis occurred in 39% of patients. Dysphagia, pyrosis and regurgitation were present in 71%, 43% and 61% of patients. Manometry revealed esophageal body hypomotility and hypotonic lower esophageal sphincter, respectively, in 82% and 39% of patients. Proximal esophagus was normal. One patient presented esophageal achalasia. Four (14%) patients presented erosive esophagitis and one (3.6%), Barretts esophagus. Manometric and endoscopic findings did not correlate, as most of clinical and serological variables evaluated. The high frequency of manometric abnormalities confirmed the frequency of esophageal abnormalities in systemic sclerosis patients. Achalasia has been rarely described in these patients. Treatment with Nifedipine had no influence in manometric findings. Most clinical and serological variables did not correlate with esophageal abnormalities. Esophagitis and hypotonic inferior esophageal sphincter were more frequent in male patients, as previously reported, or in patients taking cimetidine. The association between cimetidine and the increased occurrence of esophagitis may be explained by the fact it was used in low doses or because this drug is not efficient for treating these patients and must be confirmed by other studies. Erosive esophagitis was less common than reported internationally, but similar to another Brazilian study. The lack of association between manometric and endoscopic findings probably is due to the little number of patients included. Clinical and serological variables are the same described for other populations. The lack of correlation between them and esophageal abnormalities confirms some other studies findings. The lack of association between Nifedipine use and manometric findings must be evaluated by other studies, as it has therapeutic issues in these patients. Other studies are warranted for the evaluation of the frequency of erosive esophagitis in Brazilian systemic sclerosis patients and, if they confirm its lower occurrence, its determinants shall be searched. === A esclerose sistêmica é uma doença multissistêmica de etiologia desconhecida, caracterizada por anormalidades estruturais e funcionais de pequenos vasos sanguíneos e fibrose da pele e órgãos internos. O envolvimento esofágico ocorre em 50% a 90% dos pacientes e apresentase sob a forma motilidade anormal do corpo esofágico e esfíncter esofágico inferior hipotônico, diagnosticados através da manometria do esôfago. Essas anormalidades predispõem ao refluxo gastroesofágico e suas complicações, como esofagite erosiva, estenose esofágica, Esôfago de Barrett e adenocarcinoma esofágico, diagnosticadas pela endoscopia digestiva alta. O objetivo deste estudo foi avaliar anormalidades manométricas e endoscópicas do esôfago e seus determinantes, em pacientes com esclerose sistêmica acompanhados no Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. Esses pacientes tiveram seus prontuários médicos revisados e foram submetidos à realização de entrevista clínica, manometria esofágica e endoscopia digestiva alta. As anormalidades manométricas foram classificadas da seguinte maneira: o ponto de corte para a pressão do esfíncter esofágico inferior foi 14 mmHg. Anormalidades da motilidade esofágica foram diagnosticadas quando menos de 80% das ondas peristálticas foram propagadas. O Esôfago de Barrett foi diagnosticado quando anormalidades endoscópicas foram confirmadas pelo achado histológico de metaplasia intestinal. Valores de P menores que 0,05 foram considerados significativos. Vinte e oito pacientes foram incluídos, sendo 71% do sexo feminino, com médias de idade e duração da doença de 46,4 e 12,0 anos, respectivamente. A forma difusa da esclerose sistêmica foi diagnosticada em 39% dos pacientes. Os sintomas de disfagia, pirose e regurgitação estavam presentes em, respectivamente, 71%, 43% e 61% dos pacientes. A manometria esofágica estava alterada em 86% dos pacientes: hipocontratilidade de corpo esofágico distal ou hipotonia de esfíncter esofágico inferior ocorreram em, respectivamente, 82% e 39% dos pacientes. O esôfago proximal não apresentou anormalidades. Um paciente apresentou estudo manométrico compatível com acalásia de esôfago. Quatro (14%) pacientes tiveram diagnóstico endoscópico de esofagite erosiva e um (3,6%) de esôfago de Barrett. A alta frequência de anormalidades manométricas confirmou a prevalência de anormalidades esofágicas em pacientes esclerodérmicos. A acalásia já foi raramente descrita nesses pacientes. O tratamento com nifedipina não influenciou os achados manométricos. Esofagite erosiva e hipotonia de esfíncter esofágico inferior foram mais frequentes nos pacientes do sexo masculino, confirmando relatos prévios. Esofagite erosiva foi mais frequente em pacientes em tratamento com cimetidina, o que pode associar-se ao seu uso, nessa população, em doses baixas ou ao fato desta medicação ser menos eficaz para o tratamento desses pacientes, o que necessita confirmação por novos estudos. A esofagite erosiva ocorreu em menor frequência que a relatada em pesquisas realizadas em outro países, mas foi semelhante a estudo brasileiro prévio. A ausência de associação entre os achados manométricos e endoscópicos provavelmente se deve ao pequeno número de pacientes incluídos. As variáveis demográficas e sorológicas foram semelhantes às descritas para outraspopulações e a ausência de associação entre elas e as alterações esofágicas corrobora alguns estudos prévios. A falta de associação entre o uso de nifedipina e as alterações manométricas demanda a realização de novos estudos, já que pode ter implicações terapêuticas. Outras pesquisas avaliando a frequência da esofagite erosiva em brasileiros com esclerose sistêmica são necessários e, se confirmada sua menor frequência, seus determinantes deverão ser avaliados.
author2 Luciana Dias Moretzsohn
author_facet Luciana Dias Moretzsohn
Debora Cerqueira Calderaro
author Debora Cerqueira Calderaro
spellingShingle Debora Cerqueira Calderaro
Estudo de alterações esofágicas, achados sorológicos, aspectos demográficos e uso de medicamentos em pacientes acometidos por esclerose sistêmica
author_sort Debora Cerqueira Calderaro
title Estudo de alterações esofágicas, achados sorológicos, aspectos demográficos e uso de medicamentos em pacientes acometidos por esclerose sistêmica
title_short Estudo de alterações esofágicas, achados sorológicos, aspectos demográficos e uso de medicamentos em pacientes acometidos por esclerose sistêmica
title_full Estudo de alterações esofágicas, achados sorológicos, aspectos demográficos e uso de medicamentos em pacientes acometidos por esclerose sistêmica
title_fullStr Estudo de alterações esofágicas, achados sorológicos, aspectos demográficos e uso de medicamentos em pacientes acometidos por esclerose sistêmica
title_full_unstemmed Estudo de alterações esofágicas, achados sorológicos, aspectos demográficos e uso de medicamentos em pacientes acometidos por esclerose sistêmica
title_sort estudo de alterações esofágicas, achados sorológicos, aspectos demográficos e uso de medicamentos em pacientes acometidos por esclerose sistêmica
publisher Universidade Federal de Minas Gerais
publishDate 2009
url http://hdl.handle.net/1843/ECJS-7WDGSR
work_keys_str_mv AT deboracerqueiracalderaro estudodealteracoesesofagicasachadossorologicosaspectosdemograficoseusodemedicamentosempacientesacometidosporesclerosesistemica
_version_ 1718843653349179392
spelling ndltd-IBICT-oai-bibliotecadigital.ufmg.br-MTD2BR-ECJS-7WDGSR2019-01-21T17:52:49Z Estudo de alterações esofágicas, achados sorológicos, aspectos demográficos e uso de medicamentos em pacientes acometidos por esclerose sistêmica Debora Cerqueira Calderaro Luciana Dias Moretzsohn Marco Antonio P de Carvalho Marco Antonio P de Carvalho Luiz Gonzaga Vaz Coelho João Francisco Marques Systemic sclerosis is a multisystem disease of unknown etiology characterized by functional and structural abnormalities of small blood vessels, and fibrosis of the skin and internal organs. Esophageal involvement affects 50 to 90% of patients and is characterized by abnormal motility and hypotonic lower esophageal sphincter, diagnosed by esophageal manometry. These abnormalities predispose to gastro-esophageal reflux and its complications, erosive esophagitis, erosions, bleeding, stenosis, Barretts esophagus and adenocarcinoma, better evaluated by upper endoscopy. The aim of this study was the evaluation of esophageal manometric and endoscopic abnormalities, and its determinants, in systemic sclerosis patients from Rheumatology Department of Clinics Hospital of Federal University in Minas Gerais, Brazil. They underwent medical records review, clinical interview and esophageal manometry and endoscopy. Manometric abnormalities were graded as follows: the normal cutoff level for lower esophageal sphincter pressure is 14 mmHg. Patients with less than 80% of peristaltic waves propagated were considered to have abnormal peristalsis. Barretts esophagus was diagnosed when endoscopic abnormalities were confirmed by histological findings of intestinal metaplasia. P-values less than 0.05 were considered significant. Twenty eight patients were included: 71% were women, with medium age and disease duration of 46.4 and 12.0 years. Cutaneous diffuse systemic sclerosis occurred in 39% of patients. Dysphagia, pyrosis and regurgitation were present in 71%, 43% and 61% of patients. Manometry revealed esophageal body hypomotility and hypotonic lower esophageal sphincter, respectively, in 82% and 39% of patients. Proximal esophagus was normal. One patient presented esophageal achalasia. Four (14%) patients presented erosive esophagitis and one (3.6%), Barretts esophagus. Manometric and endoscopic findings did not correlate, as most of clinical and serological variables evaluated. The high frequency of manometric abnormalities confirmed the frequency of esophageal abnormalities in systemic sclerosis patients. Achalasia has been rarely described in these patients. Treatment with Nifedipine had no influence in manometric findings. Most clinical and serological variables did not correlate with esophageal abnormalities. Esophagitis and hypotonic inferior esophageal sphincter were more frequent in male patients, as previously reported, or in patients taking cimetidine. The association between cimetidine and the increased occurrence of esophagitis may be explained by the fact it was used in low doses or because this drug is not efficient for treating these patients and must be confirmed by other studies. Erosive esophagitis was less common than reported internationally, but similar to another Brazilian study. The lack of association between manometric and endoscopic findings probably is due to the little number of patients included. Clinical and serological variables are the same described for other populations. The lack of correlation between them and esophageal abnormalities confirms some other studies findings. The lack of association between Nifedipine use and manometric findings must be evaluated by other studies, as it has therapeutic issues in these patients. Other studies are warranted for the evaluation of the frequency of erosive esophagitis in Brazilian systemic sclerosis patients and, if they confirm its lower occurrence, its determinants shall be searched. A esclerose sistêmica é uma doença multissistêmica de etiologia desconhecida, caracterizada por anormalidades estruturais e funcionais de pequenos vasos sanguíneos e fibrose da pele e órgãos internos. O envolvimento esofágico ocorre em 50% a 90% dos pacientes e apresentase sob a forma motilidade anormal do corpo esofágico e esfíncter esofágico inferior hipotônico, diagnosticados através da manometria do esôfago. Essas anormalidades predispõem ao refluxo gastroesofágico e suas complicações, como esofagite erosiva, estenose esofágica, Esôfago de Barrett e adenocarcinoma esofágico, diagnosticadas pela endoscopia digestiva alta. O objetivo deste estudo foi avaliar anormalidades manométricas e endoscópicas do esôfago e seus determinantes, em pacientes com esclerose sistêmica acompanhados no Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. Esses pacientes tiveram seus prontuários médicos revisados e foram submetidos à realização de entrevista clínica, manometria esofágica e endoscopia digestiva alta. As anormalidades manométricas foram classificadas da seguinte maneira: o ponto de corte para a pressão do esfíncter esofágico inferior foi 14 mmHg. Anormalidades da motilidade esofágica foram diagnosticadas quando menos de 80% das ondas peristálticas foram propagadas. O Esôfago de Barrett foi diagnosticado quando anormalidades endoscópicas foram confirmadas pelo achado histológico de metaplasia intestinal. Valores de P menores que 0,05 foram considerados significativos. Vinte e oito pacientes foram incluídos, sendo 71% do sexo feminino, com médias de idade e duração da doença de 46,4 e 12,0 anos, respectivamente. A forma difusa da esclerose sistêmica foi diagnosticada em 39% dos pacientes. Os sintomas de disfagia, pirose e regurgitação estavam presentes em, respectivamente, 71%, 43% e 61% dos pacientes. A manometria esofágica estava alterada em 86% dos pacientes: hipocontratilidade de corpo esofágico distal ou hipotonia de esfíncter esofágico inferior ocorreram em, respectivamente, 82% e 39% dos pacientes. O esôfago proximal não apresentou anormalidades. Um paciente apresentou estudo manométrico compatível com acalásia de esôfago. Quatro (14%) pacientes tiveram diagnóstico endoscópico de esofagite erosiva e um (3,6%) de esôfago de Barrett. A alta frequência de anormalidades manométricas confirmou a prevalência de anormalidades esofágicas em pacientes esclerodérmicos. A acalásia já foi raramente descrita nesses pacientes. O tratamento com nifedipina não influenciou os achados manométricos. Esofagite erosiva e hipotonia de esfíncter esofágico inferior foram mais frequentes nos pacientes do sexo masculino, confirmando relatos prévios. Esofagite erosiva foi mais frequente em pacientes em tratamento com cimetidina, o que pode associar-se ao seu uso, nessa população, em doses baixas ou ao fato desta medicação ser menos eficaz para o tratamento desses pacientes, o que necessita confirmação por novos estudos. A esofagite erosiva ocorreu em menor frequência que a relatada em pesquisas realizadas em outro países, mas foi semelhante a estudo brasileiro prévio. A ausência de associação entre os achados manométricos e endoscópicos provavelmente se deve ao pequeno número de pacientes incluídos. As variáveis demográficas e sorológicas foram semelhantes às descritas para outraspopulações e a ausência de associação entre elas e as alterações esofágicas corrobora alguns estudos prévios. A falta de associação entre o uso de nifedipina e as alterações manométricas demanda a realização de novos estudos, já que pode ter implicações terapêuticas. Outras pesquisas avaliando a frequência da esofagite erosiva em brasileiros com esclerose sistêmica são necessários e, se confirmada sua menor frequência, seus determinantes deverão ser avaliados. 2009-04-23 info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/masterThesis http://hdl.handle.net/1843/ECJS-7WDGSR por info:eu-repo/semantics/openAccess text/html Universidade Federal de Minas Gerais 32001010048P3 - MEDICINA (GASTROENTEROLOGIA) UFMG BR reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG instname:Universidade Federal de Minas Gerais instacron:UFMG