A paternidade na UTI neonatal: o pai prematuro

=== This study proposes looking into the participation of father in caring for their premature babies in the neonatal ICU, as well as the influences of that environment in their relationships, according to their own perspectives and under theoretical presuppositions of psychoanalysis. Fathers were...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Maria de Lourdes de Melo Baeta
Other Authors: Janete Ricas
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal de Minas Gerais 2009
Online Access:http://hdl.handle.net/1843/ECJS-7W7JRG
Description
Summary:=== This study proposes looking into the participation of father in caring for their premature babies in the neonatal ICU, as well as the influences of that environment in their relationships, according to their own perspectives and under theoretical presuppositions of psychoanalysis. Fathers were interviewed in situ, using qualitative research methods, while their children were in the NICU. On the whole, the Institution treats patients who have a Medical Insurance Plans and who have been referred by hospitals from Belo Horizonte and from other Brazilian cities. Ten fathers were interviewed under the Saturation Sampling Criteria (FONTANELLA, RICAS, TURATO, 2008) during July and August 2008. It is very relevant to mention at this point that their interviews can be interpreted by a psychoanalytical approach since they have been transcribed by the researcher literally. Data were analyzed according to a psychoanalytical based methodology that has been proposed by Pinto (2001). From such analysis were identified the Convergence Themes by means a symbolic reduction. One theme was avoided by fathers as it was close to a traumatic situation, that is, premature birth and sudden interruption of mothers pregnancy that caused own parenting roles to be discontinued. This discontinuity caused tension on fathers between mother´s push and the confirmation of the sexual role required by castration. This is what we mean by premature father. The confirmation of the sexual role opposed to what is not feminine by nature but the mothers imaginary falo, where no sexuality matters , has made fathers find their places back in regards to giving support to their wives by making a distinction between woman and mother , element of desire support between a couple. Another convergence element has been sharing fatherhood in the NICU, to what we have named medicine-partner, and the transference relationships that have been established with it. Bearing all that in mind, we conclude that even though the baby is a real patient, the Neonatal environment is in fact a place where families begin developing their first relationships in life even if there are medical issues in between. These medical issues are as necessary as the family ones and even though they are distinct from one another, they end up weaving. Transference is the mechanism parents use to cope with medical impersonal issues by making them more personal. We feel it is relevant to mention the fact that it is not possible to ignore the scope of transference in relation to the medicine-partner and to the possible work on symbolic, imaginary and real dimensions present in the whole situation. We propose the health professional to promote intentionally the fathers involvement in the child medical treatment. By doing so, fathers will perform the role proposed by themselves and symbolic transference will minimize the undesirable effects of both imaginary and real threats. However, we are aware of the fact that places in the structure are vacant until each man occupies his own spot according to his own personal ways. Transference handling will be easier to some but those who find the process harder may be greatly helped by psychologists that will be able to assist them according to their particular needs. === Esta pesquisa tem como objetivo estudar, sob a perspectiva do pai, e com os pressupostos teóricos da psicanálise, o exercício da função paterna e a influência que exercem sobre a mesma as condições relacionadas ao nascimento prematuro da criança e sua internação em uma UTI neonatal. Ela foi realizada através de pesquisa qualitativa levada a efeito com pais que tinham suas crianças internadas numa UTI neonatal e foram entrevistados na própria UTI. Trata-se de uma instituição que recebe pacientes predominantemente conveniados, procedentes de hospitais de Belo Horizonte e outras cidades. Foram entrevistados dez pais sob o critério de amostragem por saturação (FONTANELLA, RICAS, TURATO, 2008), no período de julho/agosto de 2008. As entrevistas foram transcritas literalmente pela pesquisadora, com o que se tornaram textos passíveis de uma leitura psicanalítica. Esse ponto merece ser destacado. Os dados foram analisados segundo metodologia inspirada na teoria psicanalítica e proposta por Pinto (2001). Dessa análise foram extraídos os temas de convergência, através de uma redução simbólica, um deles se mostrando como a ser evitado pelos pais, por se encontrar no limiar da situação traumática o nascimento prematuro e a interrupção brusca da função materna, que introduziu uma descontinuidade no exercício das funções parentais. Essa descontinuidade, uma hiância, gerou nos pais uma tensão entre o empuxo à mãe fazer Um com A mãe , e a confirmação da posição sexuada exigida pela castração. É o encontro com o que nomeamos pai prematuro. A confirmação da posição sexuada em oposição, não ao feminino, mas ao falo imaginário da mãe, onde a diferença sexual não conta , lhes permitiu encontrar seu lugar no apoio à mãe, dando sustentação às suas mulheres através da divisão entre mãe e mulher, elemento de sustentação do desejo no par parental. Outro elemento de convergência foi o compartilhamento da função paterna, na UTI neonatal, com o que chamamos de parceiro-medicina, e as relações de transferência que se estabelecem com ele. Diante desses achados constatou-se que, embora centrada em torno do bebê, a clínica na UTI neonatal implica um núcleo familiar básico que inaugura ali as suas primeiras relações, atravessadas pelo discurso médico. Esse discurso sendo, no momento, tão necessário quanto o discurso familiar, eles terminam por se entrelaçar, embora permaneçam distintos. A transferência é a forma utilizada pelos pais para aliviar o discurso médico do seu anonimato dando-lhe um sentido particularizado. Alerta-se para a impossibilidade de ignorar a dimensão transferencial na relação com o parceiro-medicina e para o trabalho possível nas suas vertentes imaginária, simbólica e real. A proposta, para a clínica, é que os profissionais da saúde promovam, intencionalmente, a integração dos pais no tratamento da criança. Com isso se espera que eles ocupem o lugar que se propõem na dinâmica do grupo familiar que ali se constitui sob os cuidados que lhe são pertinentes , e que a transferência simbólica atenue os efeitos indesejáveis do imaginário e do real ameaçador. Entretanto, como sabemos, os lugares na estrutura são vazios e cada um vai ocupá-lo a seu modo, na sua singularidade. Haverá os pais cuja transferência não seja de fácil manejo. Nesses casos, os psicólogos são os profissionais indicados para se deterem nas dificuldades particulares de tal ou qual pai.