O lugar do médico e seus impasses a partir da clínica contemporânea da anorexia e bulimia
=== The place of the physician, as speech, has suffered transformations since the creation of medicine by Hippocrates. An important step was given in the passage of Middle Age to Renaissance, when the naturalistic concept of men gave its place, on medicine, to the concept of the biological body. Th...
Main Author: | |
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Format: | Others |
Language: | Portuguese |
Published: |
Universidade Federal de Minas Gerais
2008
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Online Access: | http://hdl.handle.net/1843/ECJS-7KVEJD |
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=== The place of the physician, as speech, has suffered transformations since the creation of medicine by Hippocrates. An important step was given in the passage of Middle Age to Renaissance, when the naturalistic concept of men gave its place, on medicine, to the concept of the biological body. The doctor, the diseased and the disease, triad not
dissociated on ancient medicine, broke apart and became different bodies. The evolution by which the human though went through in the modern and post modern eras executed a profound influence on medicine. The medicine was practiced, at Hippocrates time, inside an ambivalence between the theoretical knowledge and art, but it was, progressively, immerging into science. The present study, a theoretical assay, develops the consequence of these modifications on the place of that triad, through the clinical impasses brought by new contemporary
ways of how to develop the diseased, like anorexia and bulimia. The history of medicine is investigated to try to identify the marks for the modifications on that triad, basing on the relationship between physicians and science. The scientific medicine of post modern era excludes the subjectivity of the diseased and the physician. One of the reactions of the diseased is in ways to get ill that tests the doctors. These ones, by their own means, react stupefied, grasping even more to the
technique, even if it costs the loss of the subjectivity. The anguish shows itself in a sharper way to the doctor and each one reacts as they can.
The danger of immersion of men into science and technique is the lost of his own essence as a free man, but, by questioning their own place facing modern medicine the physician can choose between continuing their progress, having science just as an ally, or continue immersed in it. Whatever the choice, he will always be responsible for it. The psychoanalysis is present in this study as a way found for the possibility of medicine turning another direction, without leaving science or returning to the ancient practices, in a way which subjectivity can emerge once again. It is suggested the dialogue between physician and psychoanalysts, it is hard, but not impossible, as a way of applying an anguish that manifests in the way of getting ill of the diseased, as in the
reaction of the physicians. They are modern ways that, indisputably, shows that men have lost the essence as a free man. === O lugar do médico, como discurso, sofreu grandes transformações desde a criação da medicina por Hipócrates. Um importante passo foi dado na passagem da Idade Média para o Renascimento, quando a concepção naturalista do homem cedeu lugar, na medicina, à concepção de corpo biológico. O médico, o doente e a doença, tríade
indissociável na medicina antiga, separaram-se e tomaram corpo próprio. Os desdobramentos pelos quais passaram o pensamento humano nas eras moderna e pósmoderna exerceram profunda influência na medicina. A medicina era exercida, à época de Hipócrates, dentro de uma ambivalência entre conhecimento teórico e arte, mas foi, progressivamente, imergindo na ciência. O presente estudo, um ensaio teórico, desenvolve as conseqüências dessas modificações nos lugares daquela tríade, através dos impasses clínicos trazidos por novas formas contemporâneas de adoecer, como a anorexia e a bulimia. A história da medicina é investigada, para tentar-se identificar os marcos para as modificações nesta tríade, tendo em vista a relação dos médicos com a ciência. A medicina científica da pós-modernidade exclui a subjetividade do doente e do médico. Uma das reações dos doentes dá-se em formas de adoecer que desafiam os médicos. Estes, por sua vez, reagem atônitos, agarrando-se ainda mais à técnica, mesmo que às custas de ainda maior perda da subjetividade. A angústia apresenta-se de maneira muito aguda para o médico e cada um reage como pode. O perigo da imersão do homem na ciência e na técnica é a perda por este de sua essência de homem livre. Mas, ao questionar seu lugar diante da medicina atual, o médico pode escolher entre continuar seus progressos, tendo a ciência apenas como
aliada, ou continuar imerso nela. De toda forma, seja qual for a escolha, ele será sempre responsável por ela. A psicanálise está presente neste estudo como a forma encontrada para a possibilidade de a medicina tomar outra direção, sem abrir mão da ciência ou retornando à práticas
antigas, numa direção na qual a subjetividade possa ressurgir. Propõe-se o diálogo entre médicos e psicanalistas, difícil, mas não impossível, como uma forma de aplacar a angústia que se manifesta tanto nas formas de adoecer dos doentes, quanto nas formas de reação dos médicos. Formas atuais que, decididamente, demonstram que o homem perdeu sua essência de homem livre. |
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ndltd-IBICT-oai-bibliotecadigital.ufmg.br-MTD2BR-ECJS-7KVEJD2019-01-21T17:49:25Z O lugar do médico e seus impasses a partir da clínica contemporânea da anorexia e bulimia Beatriz Espirito Santo Nery Ferreira Roberto Assis Ferreira Marcus André Vieira Ilka Franco Ferrari Jesus Santiago Ivani Novato Silva The place of the physician, as speech, has suffered transformations since the creation of medicine by Hippocrates. An important step was given in the passage of Middle Age to Renaissance, when the naturalistic concept of men gave its place, on medicine, to the concept of the biological body. The doctor, the diseased and the disease, triad not dissociated on ancient medicine, broke apart and became different bodies. The evolution by which the human though went through in the modern and post modern eras executed a profound influence on medicine. The medicine was practiced, at Hippocrates time, inside an ambivalence between the theoretical knowledge and art, but it was, progressively, immerging into science. The present study, a theoretical assay, develops the consequence of these modifications on the place of that triad, through the clinical impasses brought by new contemporary ways of how to develop the diseased, like anorexia and bulimia. The history of medicine is investigated to try to identify the marks for the modifications on that triad, basing on the relationship between physicians and science. The scientific medicine of post modern era excludes the subjectivity of the diseased and the physician. One of the reactions of the diseased is in ways to get ill that tests the doctors. These ones, by their own means, react stupefied, grasping even more to the technique, even if it costs the loss of the subjectivity. The anguish shows itself in a sharper way to the doctor and each one reacts as they can. The danger of immersion of men into science and technique is the lost of his own essence as a free man, but, by questioning their own place facing modern medicine the physician can choose between continuing their progress, having science just as an ally, or continue immersed in it. Whatever the choice, he will always be responsible for it. The psychoanalysis is present in this study as a way found for the possibility of medicine turning another direction, without leaving science or returning to the ancient practices, in a way which subjectivity can emerge once again. It is suggested the dialogue between physician and psychoanalysts, it is hard, but not impossible, as a way of applying an anguish that manifests in the way of getting ill of the diseased, as in the reaction of the physicians. They are modern ways that, indisputably, shows that men have lost the essence as a free man. O lugar do médico, como discurso, sofreu grandes transformações desde a criação da medicina por Hipócrates. Um importante passo foi dado na passagem da Idade Média para o Renascimento, quando a concepção naturalista do homem cedeu lugar, na medicina, à concepção de corpo biológico. O médico, o doente e a doença, tríade indissociável na medicina antiga, separaram-se e tomaram corpo próprio. Os desdobramentos pelos quais passaram o pensamento humano nas eras moderna e pósmoderna exerceram profunda influência na medicina. A medicina era exercida, à época de Hipócrates, dentro de uma ambivalência entre conhecimento teórico e arte, mas foi, progressivamente, imergindo na ciência. O presente estudo, um ensaio teórico, desenvolve as conseqüências dessas modificações nos lugares daquela tríade, através dos impasses clínicos trazidos por novas formas contemporâneas de adoecer, como a anorexia e a bulimia. A história da medicina é investigada, para tentar-se identificar os marcos para as modificações nesta tríade, tendo em vista a relação dos médicos com a ciência. A medicina científica da pós-modernidade exclui a subjetividade do doente e do médico. Uma das reações dos doentes dá-se em formas de adoecer que desafiam os médicos. Estes, por sua vez, reagem atônitos, agarrando-se ainda mais à técnica, mesmo que às custas de ainda maior perda da subjetividade. A angústia apresenta-se de maneira muito aguda para o médico e cada um reage como pode. O perigo da imersão do homem na ciência e na técnica é a perda por este de sua essência de homem livre. Mas, ao questionar seu lugar diante da medicina atual, o médico pode escolher entre continuar seus progressos, tendo a ciência apenas como aliada, ou continuar imerso nela. De toda forma, seja qual for a escolha, ele será sempre responsável por ela. A psicanálise está presente neste estudo como a forma encontrada para a possibilidade de a medicina tomar outra direção, sem abrir mão da ciência ou retornando à práticas antigas, numa direção na qual a subjetividade possa ressurgir. Propõe-se o diálogo entre médicos e psicanalistas, difícil, mas não impossível, como uma forma de aplacar a angústia que se manifesta tanto nas formas de adoecer dos doentes, quanto nas formas de reação dos médicos. Formas atuais que, decididamente, demonstram que o homem perdeu sua essência de homem livre. 2008-07-11 info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/doctoralThesis http://hdl.handle.net/1843/ECJS-7KVEJD por info:eu-repo/semantics/openAccess text/html Universidade Federal de Minas Gerais 32001010035P9 - MEDICINA (PEDIATRIA) UFMG BR reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG instname:Universidade Federal de Minas Gerais instacron:UFMG |