Terapia anti-retroviral em indivíduos vivendo com HIV/Aids, Belo Horizonte, 2001 - 2003: o desafio da adesão
=== It is consensual for health services that adherence to antiretroviral therapy (ARVT) is a challenge. Antiretroviral (ARV) drugs brought excellent clinical results, but these benefits are dependent directly on treatment adherence. Several studies show that factors related to health services, to...
Main Author: | |
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Other Authors: | |
Format: | Others |
Language: | Portuguese |
Published: |
Universidade Federal de Minas Gerais
2005
|
Online Access: | http://hdl.handle.net/1843/ECJS-6Y7NND |
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=== It is consensual for health services that adherence to antiretroviral therapy (ARVT) is a challenge. Antiretroviral (ARV) drugs brought excellent clinical results, but these benefits are dependent directly on treatment adherence. Several studies show that factors related to health
services, to therapeutic regimen and patients, and to socio-cultural and environments, many of them prone to intervention and control, are associated with non-adherence. The objectives of this thesis were to assess the incidence and factors associated to non-adherence and to
describe vulnerability profiles among patients initiaing antiretroviral therapy, at two public referral centers for HIV/AIDS, in Belo Horizonte (MG), from 2001 to 2003. Patients receiving their first ARV prescription were recruited from 2001 to 2002 (baseline interview) and followed up to 2003 (follow-up visits at 1st, 4st, and 7st months). Socio-demographic and
behavioral characteristics were collected during baseline interview and non-adherence data from follow-up visits. The adherence measurement was self-reported (standardized interview), defined as the number of prescribed doses for each ARV, during three days prior to follow-up visits (= 95%). The magnitude of the association among selected exposure
variables, including the vulnerability profiles generated, and the first episode of nonadherence was estimated by relative hazard (RH) with 95% of confidence interval (CI), obtained from Coxs proportional model, with level of significance of 0.05. Vulnerability profiles were described by Grade of Membership (GoM) analysis. The studied population showed socio-demographic characteristics (lower income and education) similar to the current trend of AIDS epidemic in Brazil. Three pure or extreme profiles were defined (higher, medium and lower vulnerability). In general, the higher vulnerability pure profile was the only one to show a higher probability of patients to use illicit drugs, alcohol and tobacco, and
to report sex among men. The cumulative incidence of non-adherence was 36.9% and the incidence rate was 0.21/100 person-days. Unemployment (RH=2.17; p=0.011), alcohol use (RH=2.27; p<0.001), use of more than one health service (RH=0.54; p=0.002), number of
pills per day (RH=2.04; p=0.02), self-report of three or more adverse reactions (RH=1.64; p=0.017), switch in antiretroviral regimen (RH=2.72; p<0.001) and a longer time between HIV test result and the first antiretroviral prescription (RH=2.27; p<0.001) and the higher vulnerability profile (RH=1.84; p=0.021) were associated with an increased risk of nonadherence. The incidence of non-adherence was high considering the beginning of antiretroviral therapy. Factors associated with the first episode of non-adherence were related to behavior and vulnerability, clinical and health service utilization characteristics. It should be noted that strategies of early interventions need to be developed, even before starting ARV treatment. The implementation of feasible indicators to assess adherence an ongoing basis, should be one of the main goals of the programs of universal ARV distribution such in Brazil. This may help to prevent and minimize future occurrence of drugs resistance to HIV and to have better treatment outcomes. It is imperative that strategies to increment adherence to antiretroviral therapy and to effectively reduce risk behavior be developed simultaneously. Safe practices counseling should be part of an integral clinical care. From the programmatic point of view, patients under ARV treatment will certainly benefice from access to an integral care with emphasis in promotion and prevention. === É consenso, entre pesquisadores e profissionais de saúde, que a adesão à terapia anti-retroviral (TARV) é um grande desafio. Os medicamentos anti-retrovirais (ARV) trouxeram excelentes
resultados clínicos, mas esses benefícios são diretamente dependentes da adesão ao tratamento. Estudos têm mostrado que dentre os fatores associados com a não-adesão estão àqueles ligados ao serviço de saúde, ao regime terapêutico e ao paciente, e ao contexto sóciocultural, muitos deles passíveis de intervenção e controle. Os objetivos da tese foram: avaliar a incidência e os fatores associados com a não-adesão e descrever os perfis de vulnerabilidade, entre pacientes iniciando a terapia anti-retroviral, em dois serviços públicos
de referência para o HIV/aids, em Belo Horizonte (MG), no período de 2001 a 2003. Pacientes recebendo sua primeira prescrição de ARV foram recrutados de 2001 a 2002 (entrevista basal) e os participantes foram acompanhados até 2003 (visitas de seguimento no 1º, 4º e 7º mês). Características sócio-demográficas e comportamentais foram coletadas durante a entrevista basal e os dados da não-adesão originados das visitas de seguimento. A medida da adesão foi o auto-relato (entrevista padronizada), definida como o número de doses
prescritas para cada ARV, tomadas durante os três últimos dias anteriores a cada visita de seguimento (= 95%). A magnitude da associação entre as variáveis de exposição selecionadas,
incluindo os perfis de vulnerabilidade gerados, e o primeiro episódio de não-adesão foi estimada pelo relative hazard (RH) com 95% de intervalo de confiança (IC), obtido pelo modelo de riscos proporcionais de Cox, com nível de significância de 0,05. Para a descrição dos perfis de vulnerabilidade utilizou-se a análise Grade of Membership (GoM). Os sujeitos do estudo mostraram características sócio-demográficas (baixa renda e escolaridade) semelhantes aos indivíduos notificados de acordo com a atual tendência da epidemia de aids no Brasil. Foram definidos três perfis puros ou extremos (alta, média e baixa vulnerabilidade). No geral, o perfil puro de alta vulnerabilidade foi o único que teve maior probabilidade de pacientes utilizando drogas ilícitas ou álcool e tabaco e terem relatado sexo entre homens. A incidência cumulativa de não-adesão foi de 36,9% e a taxa de incidência de 0,21/100 pessoasdia. Estar desempregado (RH=2,17; p=0,011), fazer uso de bebida alcoólica (RH=2,27; p<0,001), utilizar mais de um serviço de saúde (RH=0,54; p=0,002), tomar mais de 12 pílulas
prescritas ao dia (RH=2,04; p=0,02), relatar três ou mais reações adversas aos ARV (RH=1,64; p=0,017), ter trocado de esquema de ARV (RH=2,72; p<0,001) e ter maior tempo entre o resultado do teste do HIV e a primeira prescrição de ARV (RH=2,27; p<0,001) e o
perfil de alta vulnerabilidade (RH=1,84; p=0,021) foram as variáveis associadas com maior risco para a não-adesão. A incidência de não-adesão foi alta considerando, principalmente, o início da terapia anti-retroviral. Os fatores associados com o 1º episódio de não-adesão foram àqueles ligados às características comportamentais e de vulnerabilidade, clínicas e de utilização de serviços de saúde. Ressalta-se que estratégias de intervenção precoce precisam
ser desenvolvidas, mesmo antes do início da terapia ARV. A implementação de indicadores factíveis, para acompanhamento da adesão, devem ser um dos principais objetos de 10 programas com distribuição universal de ARV como é o caso do Brasil. Isto poderá ajudar a prevenir ou minimizar a ocorrência futura de resistência de medicamentos ao HIV e ter melhores resultados ao tratamento. É imperativo que estratégias de incremento da adesão à terapia anti-retroviral e de efetiva redução de risco sejam adotadas simultaneamente. Deve-se transmitir uma mensagem de aconselhamento de práticas seguras como parte integrante do
cuidado clínico. Do ponto de vista programático, pacientes em tratamento anti-retroviral certamente se beneficiará do acesso ao cuidado integral com ênfase na promoção e prevenção. A motivação do paciente é um processo interativo que pode ser modificado pela sua efetiva integração nos serviços de saúde. |
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Mark Drew Crosland Guimaraes |
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ndltd-IBICT-oai-bibliotecadigital.ufmg.br-MTD2BR-ECJS-6Y7NND2019-01-21T17:51:59Z Terapia anti-retroviral em indivíduos vivendo com HIV/Aids, Belo Horizonte, 2001 - 2003: o desafio da adesão Palmira de Fatima Bonolo Mark Drew Crosland Guimaraes Cibele Comini Cesar Cibele Comini Cesar Euclides Ayres de Castilho Francisco Inácio Pinkusfeld Monteiro Carla Jorge Machado Sandhi Maria Barreto It is consensual for health services that adherence to antiretroviral therapy (ARVT) is a challenge. Antiretroviral (ARV) drugs brought excellent clinical results, but these benefits are dependent directly on treatment adherence. Several studies show that factors related to health services, to therapeutic regimen and patients, and to socio-cultural and environments, many of them prone to intervention and control, are associated with non-adherence. The objectives of this thesis were to assess the incidence and factors associated to non-adherence and to describe vulnerability profiles among patients initiaing antiretroviral therapy, at two public referral centers for HIV/AIDS, in Belo Horizonte (MG), from 2001 to 2003. Patients receiving their first ARV prescription were recruited from 2001 to 2002 (baseline interview) and followed up to 2003 (follow-up visits at 1st, 4st, and 7st months). Socio-demographic and behavioral characteristics were collected during baseline interview and non-adherence data from follow-up visits. The adherence measurement was self-reported (standardized interview), defined as the number of prescribed doses for each ARV, during three days prior to follow-up visits (= 95%). The magnitude of the association among selected exposure variables, including the vulnerability profiles generated, and the first episode of nonadherence was estimated by relative hazard (RH) with 95% of confidence interval (CI), obtained from Coxs proportional model, with level of significance of 0.05. Vulnerability profiles were described by Grade of Membership (GoM) analysis. The studied population showed socio-demographic characteristics (lower income and education) similar to the current trend of AIDS epidemic in Brazil. Three pure or extreme profiles were defined (higher, medium and lower vulnerability). In general, the higher vulnerability pure profile was the only one to show a higher probability of patients to use illicit drugs, alcohol and tobacco, and to report sex among men. The cumulative incidence of non-adherence was 36.9% and the incidence rate was 0.21/100 person-days. Unemployment (RH=2.17; p=0.011), alcohol use (RH=2.27; p<0.001), use of more than one health service (RH=0.54; p=0.002), number of pills per day (RH=2.04; p=0.02), self-report of three or more adverse reactions (RH=1.64; p=0.017), switch in antiretroviral regimen (RH=2.72; p<0.001) and a longer time between HIV test result and the first antiretroviral prescription (RH=2.27; p<0.001) and the higher vulnerability profile (RH=1.84; p=0.021) were associated with an increased risk of nonadherence. The incidence of non-adherence was high considering the beginning of antiretroviral therapy. Factors associated with the first episode of non-adherence were related to behavior and vulnerability, clinical and health service utilization characteristics. It should be noted that strategies of early interventions need to be developed, even before starting ARV treatment. The implementation of feasible indicators to assess adherence an ongoing basis, should be one of the main goals of the programs of universal ARV distribution such in Brazil. This may help to prevent and minimize future occurrence of drugs resistance to HIV and to have better treatment outcomes. It is imperative that strategies to increment adherence to antiretroviral therapy and to effectively reduce risk behavior be developed simultaneously. Safe practices counseling should be part of an integral clinical care. From the programmatic point of view, patients under ARV treatment will certainly benefice from access to an integral care with emphasis in promotion and prevention. É consenso, entre pesquisadores e profissionais de saúde, que a adesão à terapia anti-retroviral (TARV) é um grande desafio. Os medicamentos anti-retrovirais (ARV) trouxeram excelentes resultados clínicos, mas esses benefícios são diretamente dependentes da adesão ao tratamento. Estudos têm mostrado que dentre os fatores associados com a não-adesão estão àqueles ligados ao serviço de saúde, ao regime terapêutico e ao paciente, e ao contexto sóciocultural, muitos deles passíveis de intervenção e controle. Os objetivos da tese foram: avaliar a incidência e os fatores associados com a não-adesão e descrever os perfis de vulnerabilidade, entre pacientes iniciando a terapia anti-retroviral, em dois serviços públicos de referência para o HIV/aids, em Belo Horizonte (MG), no período de 2001 a 2003. Pacientes recebendo sua primeira prescrição de ARV foram recrutados de 2001 a 2002 (entrevista basal) e os participantes foram acompanhados até 2003 (visitas de seguimento no 1º, 4º e 7º mês). Características sócio-demográficas e comportamentais foram coletadas durante a entrevista basal e os dados da não-adesão originados das visitas de seguimento. A medida da adesão foi o auto-relato (entrevista padronizada), definida como o número de doses prescritas para cada ARV, tomadas durante os três últimos dias anteriores a cada visita de seguimento (= 95%). A magnitude da associação entre as variáveis de exposição selecionadas, incluindo os perfis de vulnerabilidade gerados, e o primeiro episódio de não-adesão foi estimada pelo relative hazard (RH) com 95% de intervalo de confiança (IC), obtido pelo modelo de riscos proporcionais de Cox, com nível de significância de 0,05. Para a descrição dos perfis de vulnerabilidade utilizou-se a análise Grade of Membership (GoM). Os sujeitos do estudo mostraram características sócio-demográficas (baixa renda e escolaridade) semelhantes aos indivíduos notificados de acordo com a atual tendência da epidemia de aids no Brasil. Foram definidos três perfis puros ou extremos (alta, média e baixa vulnerabilidade). No geral, o perfil puro de alta vulnerabilidade foi o único que teve maior probabilidade de pacientes utilizando drogas ilícitas ou álcool e tabaco e terem relatado sexo entre homens. A incidência cumulativa de não-adesão foi de 36,9% e a taxa de incidência de 0,21/100 pessoasdia. Estar desempregado (RH=2,17; p=0,011), fazer uso de bebida alcoólica (RH=2,27; p<0,001), utilizar mais de um serviço de saúde (RH=0,54; p=0,002), tomar mais de 12 pílulas prescritas ao dia (RH=2,04; p=0,02), relatar três ou mais reações adversas aos ARV (RH=1,64; p=0,017), ter trocado de esquema de ARV (RH=2,72; p<0,001) e ter maior tempo entre o resultado do teste do HIV e a primeira prescrição de ARV (RH=2,27; p<0,001) e o perfil de alta vulnerabilidade (RH=1,84; p=0,021) foram as variáveis associadas com maior risco para a não-adesão. A incidência de não-adesão foi alta considerando, principalmente, o início da terapia anti-retroviral. Os fatores associados com o 1º episódio de não-adesão foram àqueles ligados às características comportamentais e de vulnerabilidade, clínicas e de utilização de serviços de saúde. Ressalta-se que estratégias de intervenção precoce precisam ser desenvolvidas, mesmo antes do início da terapia ARV. A implementação de indicadores factíveis, para acompanhamento da adesão, devem ser um dos principais objetos de 10 programas com distribuição universal de ARV como é o caso do Brasil. Isto poderá ajudar a prevenir ou minimizar a ocorrência futura de resistência de medicamentos ao HIV e ter melhores resultados ao tratamento. É imperativo que estratégias de incremento da adesão à terapia anti-retroviral e de efetiva redução de risco sejam adotadas simultaneamente. Deve-se transmitir uma mensagem de aconselhamento de práticas seguras como parte integrante do cuidado clínico. Do ponto de vista programático, pacientes em tratamento anti-retroviral certamente se beneficiará do acesso ao cuidado integral com ênfase na promoção e prevenção. A motivação do paciente é um processo interativo que pode ser modificado pela sua efetiva integração nos serviços de saúde. 2005-11-18 info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/doctoralThesis http://hdl.handle.net/1843/ECJS-6Y7NND por info:eu-repo/semantics/openAccess text/html Universidade Federal de Minas Gerais 32001010045P4 - SAÚDE PÚBLICA UFMG BR reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG instname:Universidade Federal de Minas Gerais instacron:UFMG |