Papeis do sistema colinérgico e da fosfoproteína hipocampal p86 em déficits de memória espacial em modelo experimental da sindrome de Wernicke-Korsakoff

=== Os objetivos do presente trabalho foram estudar, a nível bioquímico, morfológico e comportamental, os efeitos do tratamento crônico com etanol associado ou não à deficiência de tiamina em ratos. Realizamos esse trabalho em três etapas. Na primeira, utilizando um episódio subclínico de deficiênc...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Rita Gomes Wanderley Pires
Other Authors: Angela Maria Ribeiro
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal de Minas Gerais 2006
Online Access:http://hdl.handle.net/1843/CMFC-7CFL8P
Description
Summary:=== Os objetivos do presente trabalho foram estudar, a nível bioquímico, morfológico e comportamental, os efeitos do tratamento crônico com etanol associado ou não à deficiência de tiamina em ratos. Realizamos esse trabalho em três etapas. Na primeira, utilizando um episódio subclínico de deficiência de tiamina, propusemos avaliar os efeitos dos dois tratamentos no sistema colinérgico cortical e hipocampal, no comportamento em campo aberto e verificar a presença de lesões características da deficiência de tiamina. Observamos que (i) a deficiência de tiamina induziu uma diminuição na atividade da enzima acetilcolinesterase (AChE) tanto no córtex quanto no hipocampo; (ii) o tratamento crônico com etanol diminuiu a atividade da AChE no hipocampo, mas não alterou a atividade dessa enzima no hipocampo; (iii) tanto o tratamento crônico com etanol quanto a deficiência de tiamina, diminuíram a liberação basal e estimulada de acetilcolina (ACh) no córtex. Testes em campo aberto mostraram que apenas na categoria sniffing foram observadas diferenças significativas entre os grupos. Nenhuma alteração morfológica foi detectada sugerindo que o processo neuropatológico se apresentou em seu estágio inicial onde apenas alterações comportamentais e funcionais foram observadas. Dessa forma, na segunda etapa desse trabalho, propusemos avaliar os efeitos dos dois tratamentos, em modelo de deficiência grave de tiamina (na presença de lesões morfológicas), sob aspectos de memória espacial de referência utilizando o labirinto aquático de Morris e sua correlação com alterações colinérgicas no córtex e hipocampo. Utilizamos dois grupos distintos de animais: animais pré-treinados, que aprenderam a tarefa espacial duas vezes; e animais pós-treinados, que aprenderam a tarefa apenas uma vez. A deficiência de tiamina, associada ao tratamento crônico com etanol, diminuiu significativamente o desempenho de animais que estavam aprendendo a tarefa espacial pela primeira vez. Quanto aos dados de parâmetros colinérgicos, os efeitos dos tratamentos foram os mesmos observados na primeira etapa desse trabalho, tanto para os animais pré-treinados, quanto para os animais pós-treinados. Observamos uma correlação significativa entre os dados bioquímicos e comportamentais para animais que estavam aprendendo a tarefa espacial pela segunda vez (pré-treinados). Esses dados sugerem que as bases biológicas da aprendizagem e re-aprendizagem são diferentes e, provavelmente, o sistema colinérgico tem um importante papel nos mecanismos responsáveis por essas diferenças. Com o objetivo de avaliar quais seriam as possíveis causas da hipofunção colinérgica observada na primeira e segunda etapa desse trabalho, propusemos estudar, na terceira etapa desse trabalho, os efeitos dos dois tratamentos nos mecanismos responsáveis pela liberação de ACh no hipocampo. Para isso, avaliamos o perfil de fosforilação de proteínas com peso molecular entre 30 e 250 kilodáltons (kd) nas condições basal e despolarizada e sua correlação com aspectos de aprendizagem, memória e flexibilidade comportamental. Ambos os tratamentos afetaram significativamente a fosforilação de uma proteína de 86 kd. A deficiência de tiamina diminuiu a flexibilidade comportamental dos animais (medida através de um índice de extinção do comportamento aprendido), a qual foi significativamente correlacionada com a fosforilação da proteína de 86 kd. Esses dados corroboram com dados anteriores observados pelo nosso grupo indicando que a neurotransmissão no hipocampo tem um importante papel em mecanismos de flexibilidade comportamental envolvendo a aprendizagem de tarefas espaciais.