Summary: | === The protocol In-hospital Utstein Style (US) was published in 1997 in order to standardize relevant information on cardiopulmonary resuscitation (CPR) and make it possible to compare results between different hospitals. In Brazil, the literature is scarce on studies with data obtained through the US. Objective: To analyze the clinical profile of patients with in-hospital cardiopulmonary arrest (CPA), their care and evolution based on data recorded according to US. Method: observational and longitudinal study carried out in intensive care setting of two hospitals with patients who presented CRP in 12 months, using data recorded according to US. Results: We studied 89 patients with a mean age of 59 ± 17.6 years, 46 (51.6%) males who had 96 CPA and were submitted to CPR maneuvers. The most common comorbidities were hypertension and diabetes mellitus, 45 (50.5%) were diagnosed with heart disease and the most frequent diagnosis at admission was acute myocardial infarction (AMI) (22 patients, 24.7%). It was found that 64.6% of episodes of CPA occurred during the daytime, asystole was the most frequent initial rhythm (41 patients, 42,7%) with ventricular fibrillation or tachycardia detecte in 14 patients (14.6%). The main causes of CRP were hypotension (30.2%), respiratory depression (14.6%) and myocardial ischemia (12.5%). Most of the patients who presented return of spontaneous circulation (ROSC) evolved with relapsing CPA that occurred mainly in the first 24 hours after initial CPA (35 of the 63 episodes of recurrence, 61.4%). Mean time interval between admission and the occurrence of CPA was 10.3 days, median of 5 days. Time interval between CPA and CPR was 0.68 min, the mean duration of CPR was 16.3, median 11 min and defibrillation was performed in 7.1 min (median = 7.0 min.) after beginning of CPR. The average interval between CPA and drug administration was 2.5 min (90% adrenaline, atropine in 38.5% of CPR). Immediate survival of patients after CPA was 71% and survival to hospital discharge and at six months after discharge was only 9 and 6%, respectively. There were associations (Mann-Whitney and chi-square) between sex and duration of CPR (19.2 min in women versus 13.5min for men, p = 0.02) and duration of CPR and ROSC (10.8 min versus 30.7 min, p = 0.00). There was also an association between heart disease and age (p = 0.00, 60.6 versus 53.6 years for those with and without heart disease, respectively) as well as between heart disease and dobutamine administration during CPR (29.1% versus 12.5%, p = 0.03), diagnosis of AMI at admission and frequency of intubation (45.8% versus 15.2%, p = 0.00) and the score on the Glasgow coma scale (13.1 versus 9.0 for other diagnoses at admission, p = 0.00). Conclusions: Prognosis of CPA in our series composed of patients who had this complication during intensive care unit stay was poor, since only eight (9%) patients were discharged from the hospital and only five (6%) suvived until the sixth month after hospital discharge. === Em 1997 foi publicado o protocolo In-hospital Utstein Style (US) com o objetivo de padronizar as informações relevantes da ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e tornar possível a comparação dos resultados entre os hospitais. Em nosso meio, a literatura é escassa sobre estudos com dados obtidos por meio do US. Objetivo: analisar o perfil clínico de pacientes com parada cardiorrespiratória (PCR) intra-hospitalar, seu atendimento e evolução, com registro dos dados baseado no US. Método: estudo observacional e longitudinal em ambiente hospitalar de terapia intensiva envolvendo pacientes que apresentaram PCR no período de 12 meses, utilizando registro dos dados em relatório de ressuscitação cardiopulmonar baseado no US. Resultados: foram estudados 89 pacientes com idade média de 59 ± 17,6 anos, 46 (51,6%) do sexo masculino, que apresentaram 96 PCR submetidas às manobras de RCP. As principais comorbidades foram hipertensão arterial sistêmica e diabete melito, 45 (50,5%) eram cardiopatas e o diagnóstico de maior frequência à admissão foi o infarto agudo do miocárdio (IAM) (22 pacientes, 24,7%). Verificou-se que 64,6% dos episódios de PCR ocorreram durante o período diurno, sendo assistolia o ritmo inicial mais frequente (41 pacientes, 42,7%), com fibrilação ou taquicardia ventricular em 14 pacientes (14,6%). As principais causas de PCR foram a hipotensão arterial (30,2%), depressão respiratória (14,6%) e isquemia miocárdica (12,5%). A maior parte dos pacientes que apresentaram retorno à circulação espontânea (RCE) evoluiu com PCR recorrente, principalmente nas primeiras 24 horas (35 dos 57 episódios de recorrência, 61,4%). O tempo médio entre a internação e ocorrência de PCR foi 10,3 dias, mediana de 5 dias. O tempo entre a PCR e RCP foi de 0,68 min; o tempo médio de duração RCP foi de 16,3 min, mediana de 11 min e a desfibrilação foi feita em 7,1 min (mediana = 7,0 min). O intervalo médio de administração de fármacos foi de 2,5 min (adrenalina em 90%, atropina em 38,5 % das RCP). A sobrevivência imediata dos pacientes após a PCR foi de 71% e a sobrevivência até a alta hospitalar e no sexto mês após a alta foi de somente 9% e de 6%, respectivamente. Houve associação (testes de Mann-Whitney e Qui quadrado) entre sexo e duração da RCP (19,2 min nas mulheres versus 13,5 min nos homens, p=0,02) e duração da RCP e RCE (10,8 min versus 30,7 min, p=0,00). Houve também associação entre cardiopatia e idade (p=0,00; 60,6 versus 53,6 anos para cardiopatas e não cardiopatas, respectivamente) assim como entre cardiopatia e uso de dobutamina durante a RCP (29,1% versus 12,5%, p=0,03), diagnóstico de IAM à admissão e frequência de intubação (45,8% versus 15,2%, p= 0,00) e pontuação na escala de Glasgow (13,1 versus 9,0 para outros diagnósticos à admissão, p=0,00). Conclusões: O prognóstico da PCR na casuística estudada, composta de pacientes que apresentaram a complicação durante a internação em CTI, foi desfavorável, uma vez que somente oito (9%) pacientes receberam alta hospitalar e somente cinco (6%) sobreviveram até o sexto mês após a alta hospitalar.
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