Mecanismos envolvidos no efeito antinociceptivo periférico dos diterpenos do café: cafestol e caveol

=== O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito antinociceptivo do cafestol e do caveol e investigar a participação de opióides e canabinóides endógenos, do óxido nítrico (NO), do segundo mensageiro GMPc e de canais para potássio na antinocicepção periférica induzida por esses diterpenos....

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Luciana Souza Guzzo
Other Authors: Igor Dimitri Gama Duarte
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal de Minas Gerais 2012
Online Access:http://hdl.handle.net/1843/BUOS-98CHHT
Description
Summary:=== O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito antinociceptivo do cafestol e do caveol e investigar a participação de opióides e canabinóides endógenos, do óxido nítrico (NO), do segundo mensageiro GMPc e de canais para potássio na antinocicepção periférica induzida por esses diterpenos. Para tal, foi utilizado o teste de compressão da pata de ratos e a hiperalgesia foi induzida pela administração intraplantar de prostaglandina E2 (PGE2). A administração intraplantar de cafestol ou caveol induziu antinocicepção periférica dose-dependente frente ao efeito hiperalgésico da PGE2. Esse efeito, mesmo para a maior dose foi local, uma vez que não produziu efeito na pata contralateral, sendo essa a dose adotada nos experimentos subsequentes. O pré-tratamento com o antagonista de receptores opióides reverteu o efeito antinociceptivo do cafestol e do caveol e o inibidor de aminopeptidases aumentou o efeito antinociceptivo desses diterpenos na dose intermediária. Além disso, o ensaio imuno-histoquímico para -endorfina mostrou uma maior intensidade de imunorreatividade para -endorfina no epitélio da superfície plantar da pata de ratos tratados com cafestol e caveol. O efeito antinociceptivo periférico do cafestol e do caveol foi revertido pelo antagonista de receptores canabinóides CB1, mas não pelo antagonista de receptores canabinóides CB2. Adicionalmente, o inibidor da hidrolase de amida de ácido graxo e o inibidor da recaptação de anandamida, mas não o inibidor da monoacilglicerol lipase, intensificaram o efeito antinociceptivo periférico do cafestol e do caveol na dose intermediária. Além disso, o caveol aumentou os níveis de anandamida, mas não de 2-AG, no tecido da superfície plantar da pata de ratos. O efeito antinociceptivo periférico do cafestol e do caveol foi antagonizado pelo inibidor não seletivo da NO sintase (NOS) e pelo inibidor seletivo da NOS neuronal. Todavia, inibidores da NOS endotelial e induzível não modificaram o efeito antinociceptivo desses diterpenos. O inibidor da guanilato ciclase solúvel bloqueou a ação do cafestol e do caveol e o inibidor de fosfodiesterase de GMPc aumentou o efeito antinociceptivo da dose intermediária desses diterpenos. Adicionalmente, o cafestol e o caveol aumentaram os níveis de nitrito no tecido da superfície plantar da pata de ratos, indicando que esses diterpenos são capazes de induzir a liberação de NO. O bloqueador específico de canais para K+ sensíveis ao ATP antagonizou o efeito antinociceptivo do cafestol e do caveol. Entretanto, o bloqueador de canais para K+ dependentes de voltagem e os bloqueadores de canais para K+ ativados por Ca2+ de baixa e de alta condutância não se mostraram efetivos em reverter tal efeito. Os resultados do presente trabalho demonstram, pela primeira vez, o efeito antinociceptivo do cafestol e do caveol e, além disso, fornecem evidências de que esse efeito é resultante da liberação de opióides e canabinóides endógenos e da ativação da via NO/GMPc/canais para K+ sensíveis ao ATP.