Summary: | === Na investigação conduzida, pretendemos somar esforços a outras iniciativas ainda incipientes voltadas para a (re)descoberta das contribuições pioneiras dadas pela teoria da ciência de Ludwik Fleck, pensador polonês precursor, condenado a mais de três décadas de ostracismo. Para tanto, concentraremos as atenções sobre questão de fundamental importância no processo de elaboração das ideias originais de Fleck: a contraposição do pensador polonês ao Círculo de Viena, no geral, e a Carnap, no particular. Mais especificamente, abordaremos os pontos de discordância entre Fleck e a orientação neopositivista como zonas de acesso privilegiadas a discussões caras ao pensador polonês sobre assuntos pertinentes à produção do conhecimento da ciência, com especial destaque para o papel da linguagem como instrumento de mediação das interações cientista/mundo. Ao nosso modo de ver, Fleck consegue avançar por onde as abordagens tradicionais das teorias da ciência vigentes encontrariam graves limitações. Muitas dificuldades não sanadas satisfatoriamente por investigadores consagrados na atualidade (como Thomas Kuhn, Bruno Latour e David Bloor) são superadas com eficiência pelos pontos de vista sustentados pelo pensador polonês. Portanto, procuraremos evidenciar como Fleck soluciona com grande agilidade antigos desafios enfrentados pelas interpretações voltadas a analisar a produção do conhecimento da ciência. Aqui, avaliaremos quais os mecanismos acionados por Fleck e com qual grau de competência o pensador polonês equaciona aporias consideradas herdadas das tradições remanescentes dos mais de trinta anos sob a influência hegemônica da orientação neopositivista, como, a divisão de Reichenbach, a principal consolidadora da distinção entre o contexto de descoberta e o contexto de justificativa.
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