Summary: | === Infant mortality is an important public health challenge of multifactorial etiology and with persistent disparities among regions of Brazil and the world. A better understanding of its determinants is essential in order to identify the main causes of child deaths, as well as conditions which may trigger them, accelerating activities aimed to modify them in all geographic levels. This epidemiological, observational, case-control study, aimed to analyze the determinants on infant mortality in the cities of Araçuaí, Joaíma, Jordânia and Novo Cruzeiro, located in the Jequitinhonha Valley, Minas Gerais. The 36 infant deaths which occurred in 2008 were the considered cases. The controls were 72 liveborn children during the same period, randomly selected, which have not evolved to death. Data on demographic and socioeconomic conditions, maternal obstetric antecedents, maternal and obstetric care to prenatal and childbirth, biological conditions of mothers and newborns were obtained using a home questionnaire for mother and/or the ones responsible for cases and controls. The results showed a predominance of neonatal deaths, although significant proportions of post-neonatal deaths were identified. In the multivariate model, the children of women with a history of stillbirth, and also the ones who were born premature or with some type of malformation, were significantly associated with infant mortality. In addition, newborns whose families did not receive government aid and lived in houses with disadvantage, such as dirt floors or cement floors and without access to piped water, were more likely to die before their first year of life also. We concluded that perinatal causes are determinants of infant mortality in the study population, but poor socioeconomic conditions still have interfered significantly in the occurrence of infant deaths and suggest problems such as social deprivation and poor access to health services. The challenge of reducing child deaths in the studied cities incorporates the need for improvements in access and quality of assistance to maternal and child health, as well as the demand for public policies aimed to at reducing socioeconomic inequalities. === A mortalidade infantil representa importante desafio de saúde pública, de etiologia multifatorial e com persistentes disparidades entre regiões do Brasil e do mundo. A melhor compreensão de seus determinantes é fundamental para que sejam identificadas as causas diretas das mortes infantis, bem como as condições que possam desencadeá-las, acelerando a atuação destinada a modificá-las em todos os níveis geográficos. Este estudo epidemiológico, observacional, do tipo caso-controle, teve como objetivo analisar os determinantes da mortalidade infantil nos municípios de Araçuaí, Joaíma, Jordânia e Novo Cruzeiro, localizados no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Foram considerados casos, os 36 óbitos infantis ocorridos no ano de 2008. Os controles foram 72 nascidos vivos no mesmo período, sorteados aleatoriamente, que não evoluíram para o óbito. Dados demográficos e socioeconômicos, de antecedentes obstétricos maternos, atenção ao pré-natal e ao parto e condições biológicas das mães e recém-nascidos foram obtidos utilizando questionário domiciliar para as mães e/ou responsáveis pelos casos e controles. Os resultados apontaram uma predominância de óbitos no período neonatal, embora importantes proporções de mortes pós-neonatais tenham sido identificadas. No modelo multivariado, filhos de mulheres com história prévia de natimorto, assim como crianças que nasceram prematuras ou com algum tipo de malformação, apresentaram associação significativa com a mortalidade infantil. Ademais, os recém-nascidos cujas famílias não recebiam auxílio governamental e residiam em moradias com condições menos favoráveis, avaliadas pela presença de piso de terra batida ou cimento e sem acesso à água encanada, também apresentaram maior chance de morrer antes de completarem o primeiro ano de vida. Conclui-se que as causas perinatais constituem determinantes da mortalidade infantil na população do estudo, mas precárias condições socioeconômicas ainda têm interferido de maneira significativa na ocorrência dos óbitos infantis e sugerem problemas como carência social e dificuldades de acesso aos serviços de saúde. O desafio de redução dos óbitos infantis nos municípios estudados incorpora não somente a necessidade de melhorias no acesso e na qualidade dos serviços de assistência à saúde materno-infantil, como também a demanda por políticas públicas que visem à redução das desigualdades socioeconômicas.
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