Summary: | === The HTLV (Human T cell lymphotropic virus) type 1 does not necessarily cause a pathological process in their carriers. Different factors between the virus and the patient will determine the disease if as an inflammatory or hematologic manifestation. While myelopathy associated with HTLV-1 (HAM/TSP) is the most common and wellknown neurological manifestation, few studies have examined the possibility of cognitive disorders in HTLV-1. Apparently, there are white matter lesions similar to HIV-infected patients, suggesting chronic perivascular involvement. The histological characteristic finding is a perivascular lymphocytic infiltrate in the central nervous system, suggesting vasculitis. The pathogenesis of HAM/TSP is not yet fully understood. The current understanding is that the infected T lymphocytes migrate to the central nervous system, interect with CD8 + T cells resulting in the production of cytokines such as TNF-, IL- 1 , IL-2 and IL-6 with consequent destruction of glial cells, fibroblast proliferation and lipohialinose of small arteries and veins. Understanding the diseases impact on cognition and immune disorders in central nervous system may help to determine the prognostic factors for the development of neurological damage associated with HTLV-1, and provides subsidies for future treatments that are not yet established. In endemic areas for HTLV-1, the differential diagnosis with other causes of myelopathy can be difficult, particularly if the patient has signs and symptoms of brain involvement, as seropositive for HTLV-1 can be detected in patients with other neurological diseases. In this study, we report a case of a patient diagnosed with Multiple Sclerosis and upon further investigation, was found to be HTLV-1 seropositive. We performed a cross-sectional study with 114 patients with HAM/TSP who underwent a comprehensive neuropsychological assessment through cognitive function tests (Mattis Dementia Rating Scale, Span of digits forward and backward, Trail Making Test A and B, Stroop Test, Verbal fluency tests included semantic and phonemic fluency, Auditory Learning Test Rey). We investigated the association between lowered cognitive function and clinical, epidemiological and sociodemographic, immunological, viral factors and findings on magnetic resonance imaging of the brain. Patients were stratified into three age groups and three education groups and neuropsychological tests were standardized so that was given a mean of zero and a standard deviation of 1 and 1,35 (z-scores). Participants with lower score less than or equal to 1 for your stratum of age and education were considered with lowered cognitive function. The chi-square (X2) and the t test were used for univariate analysis to association between variables. All independent variables with a significance level of 0.80 (p <0.20) were tested for the logistic regression and the level of statistical significance was set at p <0.05. We found 15 patients (13.1%) has lowered cognition function. In univariate and multivariate analysis, inflammatory factors - high levels of IgA, IgG, IL-6 and TNF- - lifestyle - tobacco - severity of the disease - use of wheelchair - and presence of brain white matter lesions and brain atrophy were associated with poor cognition. The results suggest that lowered cognitive function in patients with HAM / TSP appears to have a multifactorial association with persistent inflammation, disease severity, lifestyle and a real brain injury. There is also a possibility that disability is a factor by it self for poor cognition in these patients. Subpopulations of patients with HAM / TSP and these characteristics should receive special attention from a multidisciplinary professionals for investigation of cognitive function. In conclusion, we suggest that the brain lesions in HTLV- I infection may be secondary a worse severity of disease associated with persistent inflammation, which may hinder worse cognitive performance in the course of developing of the myelophaty === A infecção pelo HTLV (Human T cell Lymphotropic virus) do tipo 1 não necessariamente gera um processo patológico em seus portadores. Diferentes fatores na interação vírus/hospedeiro determinarão se ocorrerá a doença e de que forma será, podendo comportar-se como manifestação hematológica ou inflamatória. Enquanto a mielopatia associada ao HTLV1 (HAM/TSP) é a manifestação neurológica mais frequente e já bem caracterizada na literatura, ainda são poucos os estudos que examinam a possibilidade de ocorrência de transtornos cognitivos na infecção pelo HTLV-I. Aparentemente, ocorrem lesões de substância branca que são similares àquelas encontradas em pacientes infectados pelo HIV, sugestivas de acometimento perivascular crônico. O achado anatomopatológico característico consiste na presença de infiltrado perivascular linfocitário no sistema nervoso central, sugestivo de vasculite. A patogênese da HAM/TSP ainda não está totalmente esclarecida. O entendimento atual é que os linfócitos T infectados migram para o sistema nervoso central, onde ocorre a interação com os linfócitos T CD8+, resultando na produção de citocinas como TNF- , IL-1, IL-2 e IL-6, com consequente destruição das células gliais, proliferação de fibroblastos e lipohialinose de pequenas artérias e veias. Entender melhor a repercussão da doença, já manifesta como mielopatia, sobre a cognição, assim como as alterações imunológicas e o acometimento do sistema nervoso central pode auxiliar a determinar os fatores prognósticos de desenvolvimento da lesão neurológica associada ao HTLV-I, além de fornecer subsídios para futuros tratamentos, que até o momento não estão estabelecidos. Em áreas endêmicas para o HTLV-1, o diagnóstico diferencial com outras causas de mielopatias pode ser difícil, particularmente se o paciente tem sinais e sintomas de acometimento encefálico, já que a sorologia positiva para o HTLV-I pode ser detectada em pacientes com outras doenças neurológicas. Nesta tese, relata-se o caso de uma paciente inicalmente diagnosticada com Esclerose Múltipla e que, na investigação posterior, foi encontrado soropositividade para este vírus. Foi realizado estudo transversal com 114 pacientes com HAM/TSP, que foram submetidos à uma detalhada avaliação neuropsicológica através de testes da função cognitiva (Mattis Dementia Rating Scale, Span de dígitos ordem direta e inversa, Teste de Trilhas A e B, Teste de Stroop, Fluência Verbal Semântica e Fonêmica, Teste de Aprendizado Auditivo de Rey). Foi investigada a associação entre o rebaixamento cognitivo e fatores clínicos epidemiológicos, imunológicos e virais, além dos achados da ressonância nuclear magnética de encéfalo. Os pacientes foram estratificados em três grupos de idade e três grupos de escolaridade e os testes neuropsicológicos foram padronizados por média igual a zero e desvio-padrão de 1 e 1,35 (z-scores). O rebaixamento cognitivo foi definido por escores menores que 1/1,35 desvio-padrão da média, para cada estrato de idade e escolaridade. O Qui Quadrado (X2) e o test t foram usados para análise univaridada da associação entre as variáveis. Todas as variáveis independentes com nível de significância de 0,80 (p<0,20) foram testadas para a regressão logística e o nível de significância foi considerado com p<0,05. Foi evidenciado que 15 pacientes (13,1%) apresentavam rebaixamento da cognição. Na análise univariada e multivariada, fatores inflamatórios - níveis elevados de IgA, IgG, Il-6 e TNF- - hábitos de vida tabagismo - , gravidade da doença uso de cadeira de rodas e presença de lesões de substância branca e atrofia cerebral foram associadas à baixa cognição. Os resultados apontam que o rebaixamento cognitivo em pacientes com HAM/TSP parece ter uma associação multifatorial com a inflamação persistente, gravidade da doença, hábitos de vida e um real acometimento cerebral. Também existe a possibilidade de que a incapacidade física seja um fator por si só relacionado ao rebaixamento da cognição nestes pacientes. As subpopulações de pacientes com HAM/TSP e essas características, devem receber atenção especial da equipe multidisciplinar de profissionais com o objetivo de investigação das funções cognitivas. Como conclusão, nós sugerimos que as lesões encefálicas em infecção pelo HTLV-1 podem ser secundárias à maior gravidade da doença associada à uma inflamação persistente, o que pode prejudicar a performance cognitiva ao longo do curso do desenvolvimento da doença manifesta como mielopatia.
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