Summary: | === Introduction: The first reported case of dengue in the state of Minas Gerais occurred in 1987. In May 1996 the first cases were confirmed in the metropolitan region of the state. The disease spread fast resulting in the first major epidemic in 1998, with 147,418 reported cases. The metropolitan region of Belo Horizonte accounted for 87% of the reported cases. In 1999, the cases reduced greatly, but in the following year there was an increase, resulting in a greater occurrence of cases in 2002. The state had two major epidemics; 2010 and 2013, with approximately 250,000 and 500,000 reported cases. Despite the significant number of cases in the state, little is known of the epidemiology and disease trends. The objective of this study was to describe and analyze epidemiological trends in the state of Minas Gerais with emphasis on 2001-2010 period and assess potential factors associated with death by dengue. Methods: (i) ecological study of spatial analysis, time series, and case-series study conducted from data collected from Minas Gerais surveillance system, from 2001 to 2010, (ii) case study and (iii) case series of patients admitted to intensive care units. Secondary data source from the Information System for Notifiable Diseases (SINAN), Hospital Information System (SIH), and data from medical records were used. Results: Dengue, which is relatively recent in Minas Gerais, has resulted in three major epidemics (1998, 2010, 2013). From 2001 to 2010, 683,190 dengue cases were registered with 237 deaths. Dengue cases occur throughout the year with a tendency to increase in the months of November and December, with more notified cases in the months of March and April. The state presented an estimate of 3.79 (95% CI: 2.97; 4.71) deaths per 10,000 dengue cases reported. An increasing incidence occurred in all age groups, however the rate was greater in children under 15 years of age. While serotypes 1 and 2 predominated until 2002, from 2003-2008 there was a predominance of serotype 3. Young adults showed the highest occurrence during this period, however, patients 65 years or older had a higher risk of death. In 2011, serotype 4 was introduced for the first time in the state resulting in an outbreak in 2013. The first death due to dengue serotype 4 occurred in December 2012. The child was 11 years old with a history of autoimmune purpura. In 2013, the state reported its greatest epidemic, with significant DENV-4 contribution. The profile of deaths shows a high frequency of comorbidities and a higher risk of death in elderly groups ( 65 years old). From 2008 to 2013, 370 suspected cases of dengue in adults were admitted to the intensive care units. Mortality was 19.6% among the 97 laboratory confirmed cases included in this study. In-hospital mortality was significantly associated with Acute Physiology and Chronic Health Evaluation II and the Sequential Organ Failure Assessment score. Conclusion: The state has had annual increases in incidences of dengue cases. Although there has been a rise in the proportion of children affected with dengue under 15, the elderly still pose the highest risk of death. === Introdução: A primeira notificação de dengue no estado de Minas Gerais ocorreu em 1987. Em maio de 1996 foram confirmados os primeiros casos na região metropolitana do Estado. A partir daí ocorre uma rápida dispersão da doença, culminando com a primeira grande epidemia no ano de 1998, com 147.418 casos notificados. A região metropolitana de Belo Horizonte respondeu por 87% dos casos notificados. Em 1999 ocorre uma diminuição significativa dos casos, porém já o ano seguinte apresenta nova tendência de aumento, culminando com novo aumento do número de casos no ano de 2002. Mais recentemente o Estado apresentou duas grandes epidemias em 2010 e 2013, com aproximadamente 250.000 e 500.000 casos notificados respectivamente. Apesar do expressivo número de casos no Estado, pouco se sabe da epidemiologia e das tendências da doença no território mineiro. O objetivo deste trabalho foi descrever e analisar as tendências epidemiológicas da doença no estado de Minas Gerais com ênfase no período de 2001 a 2010 e avaliar possíveis fatores associados ao óbito por dengue. Métodos: (i) Estudo ecológico com análises espacial e de séries temporais e estudo de série de casos realizados a partir dos dados coletados pela vigilância da dengue no estado de Minas Gerais com ênfase nos anos de 2001 a 2010, (ii) estudo de caso e (iii) série de casos de pacientes admitidos em unidades de terapia intensiva. Foram usados como fonte secundária de dados o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), o Sistema de Informação Hospitalar (SIH), e dados oriundos de investigações de prontuários. Resultados: Dengue, no estado de Minas Gerais, apresenta história relativamente recente com três maiores epidemias (1998, 2010, 2013). Durante o período de 2001 a 2010 ocorreram 683.190 casos de dengue notificados com 237 óbitos por dengue. Os casos de dengue notificados ocorreram durante todo o ano com tendência a aumento nos meses de novembro e dezembro, e maior número de notificações nos meses de março e abril. O Estado apresentou uma estimativa de 3,79 (IC95%: 2,97; 4,71) casos de óbito por dengue para cada 10.000 casos notificados. Ocorreu um aumento de incidência em todas as faixas etárias, entretanto o aumento de incidência foi mais intenso em menores de 15 anos. Enquanto os sorotipos 1 e 2 predominaram até 2002, durante o período de 2003 a 2008 houve um predomínio do sorotipo 3. Adultos jovens apresentaram as maiores incidências durante o período, entretanto, pacientes com idade maior ou igual a 65 anos apresentaram maior risco de óbito. Em 2011 é introduzido pela primeira vez o sorotipo 4 no Estado culminando com a epidemia de 2013. Em dezembro de 2012 ocorre o primeiro óbito por dengue do sorotipo 4 no Estado, uma criança de 11 anos com história de púrpura autoimune. Durante o ano de 2013 o Estado conhece sua maior epidemia com importante contribuição do emergente DENV-4. O perfil dos óbitos mostra uma alta freqüência de comorbidades e elevado risco de óbito para pacientes com idade maior ou igual a 65 anos. No período de 2008 a 2013, 370 casos suspeitos de dengue em adultos foram admitidos em unidades de terapia intensiva. Entre os 97 casos confirmados laboratorialmente incluídos neste estudo, a letalidade foi de 19,6%. A mortalidade hospitalar esteve associada aos escores APACHE II (Acute Physiology and Chronic Health Evaluation II) e SOFA (Sequential Organ Failure Assessment). Conclusão: o Estado apresenta aumento crescente nas incidências de casos de dengue anualmente. Apesar de aumento na proporção de crianças menores de 15 anos com dengue, os idosos ainda são a população de mais alto risco de óbito.
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