Dimensão psicossocial e dificuldades diárias relacionadas ao diabetes: concordância entre médicos e pacientes

=== Physician-patient relationship is a crucial element of effective diabetes care. However, effective communication is complex because professionals and patients perspectives may differ. This thesis, presented by way of four articles, looked into the difficulties for patients diabetes care and exp...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Roberta Carvalho de Figueiredo
Other Authors: Sandhi Maria Barreto
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal de Minas Gerais 2013
Online Access:http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9E4FG5
Description
Summary:=== Physician-patient relationship is a crucial element of effective diabetes care. However, effective communication is complex because professionals and patients perspectives may differ. This thesis, presented by way of four articles, looked into the difficulties for patients diabetes care and explored the differences between patients and their own physicians perceptions about diabetes-specific issues. This thesis using a mixed methods approach integrating qualitative and quantitative methods. First, we conducted two focus groups meetings with patients with diabetes who attended primary and secondary health services in the city of Belo Horizonte Minas Gerais. The number of participants ranged from four to seven, two females and five males. The analytical strategy is rooted in the Grounded Theory. Second, we developed a cross-sectional epidemiological study among patients with diabetes and their own Family Health physicians who attended 108 primary healthcare centres distributed in nine Health Districts in Belo Horizonte, Brazil. 282 patient-physician pairs were included and interviewed face-to-face using standard questionnaires. After studying the group discussions, five themes emerged from the analysis regarding participants perceptions: "Diabetes: shock, anger, sadness," "emotional state and diabetes: cause and effect, managing diabetes: a sacrifice, "diet: the greatest dilemma" and "insulin: signs, symptoms and fears". It was possible to grasp a bidirectional relationship between emotional disorders and diabetes. Follow the prescribed diet is the most challenging aspect of diabetes care and we see great dissatisfaction with the use of insulin, mainly by associating its use with the worsening of the disease and with hypoglycemia. The participants struggle to integrate self-care activities in their everyday life. How they react to this integration process varies according to their psychological barriers. The data from cross-sectional study allowed us to explore the perceptions of patients with diabetes and their physicians about the diabetes care, their differences their explanatory models. The fact that 20% of the pairs disagree was worrying as we would expect that almost all pairs agreed on this important and very objective issue. We noticed that the information given by physicians is generally poorly apprehended by their patients, especially by less educated patients. Recognizing that diabetes-related distress seems to be a problem among Brazilian diabetic patients, the third article aimed to validate the Brazilian version of the PAID-5 (B-PAID-5). Our findings suggest that the B-PAID-5 possesses good reliability and validity. In addition, the results support the hypothesis that physicians' perceptions of patients are influenced by patients' race and socio-economic status. Physicians rate black patients and those who live at neighbourhoods with high risk Health Vulnerability Index as having higher distressed. Physicians and other health professionals should avoid making assumptions about a patients understanding of diabetes or that they correctly understand their instructions and advices. Educational programmes need to develop comprehensible and effective strategies to guarantee that health information will reach the most socially vulnerable groups of the population. === A qualidade da relação médico-paciente, a confiança recíproca e bom entendimento mútuo são fundamentais para o sucesso do tratamento do diabetes. No entanto, médicos e pacientes possuem percepções distintas sobre a doença, o que pode comprometer a comunicação entre os dois. Esta tese, apresentada sob a forma de quatro artigos científicos, investigou as dificuldades para o cuidado de pacientes com diabetes e explorou as diferenças entre as percepções de médicos e pacientes sobre o diabetes. Essa tese integrou as metodologias qualitativa e quantitativa. Inicialmente, foi utilizada a metodologia qualitativa por meio da técnica de grupos focais. Foram realizados dois grupos focais com pacientes com diabetes atendidos em dois diferentes serviços de saúde do Município de Belo Horizonte, Minas Gerais. O número de participantes variou de 4 a 7, sendo 5 homens e 2 mulheres. As transcrições foram analisadas utilizando a metodologia da Teoria Fundamentada nos Dados (Grounded Theory). Posteriormente, um estudo transversal foi realizado entre pacientes com diabetes e seus médicos cadastrados nas Equipes de Saúde da Família em 108 centros de saúde distribuídos nos 9 distritos sanitários da Rede Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais. No total 282 pares médico-paciente foram entrevistados por meio de questionários estruturados. A partir da análise das percepções dos participantes dos grupos focais, cinco temas emergiram: diabetes: choque, revolta, tristeza, estado emocional e diabetes: causa e efeito, controlar o diabetes: um martírio, alimentação: o dilema maior, e insulina: sinais, sintomas e medos. Foi possível perceber uma relação bidirecional entre transtornos do estado emocional e diabetes. O cumprimento da dieta prescrita é o aspecto mais desafiador do cuidado do diabetes e percebemos grande insatisfação com o uso de insulina, principalmente por associar seu uso com a piora da doença e o medo de hipoglicemia. Os pacientes lutam para integrar as atividades de autocuidado na vida cotidiana. Como eles reagem a esse processo de integração variou de acordo com o estado psicológico e com as barreiras que encontram no cotidiano de suas vidas. As informações coletadas no estudo transversal nos permitiram explorar as percepções de pacientes com diabetes e de seus médicos sobre os cuidados com a doença, suas diferenças e seus modelos explicativos. A identificação de cerca de 20% de discordância entre os pares médico-paciente em relação à presença de complicações do diabetes foi bastante preocupante, sendo uma questão fundamental do controle da doença e uma medida bastante objetiva. Verificamos que as recomendações médicas são geralmente mal compreendidas pelos pacientes, especialmente por aqueles com menor nível de escolaridade. Reconhecendo que problemas emocionais relacionados ao diabetes parecem ser frequentes na população brasileira com diabetes, o terceiro artigo desta tese teve como objetivo validar a versão brasileira da PAID-5 (B-PAID-5). Foram encontradas boa sensibilidade e especificidade. Além disso, nossos resultados suportam a hipótese de que as percepções dos médicos sobre seus pacientes são influenciadas por características sociodemográficas dos pacientes. Pacientes de cor negra e que residem em áreas de elevado risco à saúde tinhan significativamente maiores níveis de estresse associado ao diabetes quando avaliados por seus médicos. Os médicos e outros profissionais de saúde devem evitar fazer suposições sobre a compreensão de um paciente sobre o diabetes ou interpretar que os pacientes compreendem corretamente suas recomendações e conselhos. Programas de educação em diabetes devem utilizar estratégias que sejam compreensíveis e eficazes para garantir que a informação de saúde alcançará os grupos socialmente mais vulneráveis da população.