Summary: | === Depuis la publication des oeuvres de Perrault, à la fin du XVIT siècle, en France, le rapport enfant/littérature se fait au moyen du genre littérature enfantine. On produit des textes, fondés notanunent sur les recherches de Ia psychopédagogie, dont Ia destination est d'avance stipulée par les adultes, qui se considèrent comme les détenteurs d'un savoir qui prétend connaitre les besoins et les désirs du lecteur enfant. Dans le but d'expliciter un nouveau rapport littérature/enfant, j'ai choisi de traiter I'enfance à la lumière de Freud et de Lacan, en mettant en valeur la notion de sujet de I'inconscient, "I'enfant magnifique de la psychanalyse". Dès lors, il est devenu viable d'articuler cet enfant à Técríture littéraire, plus spécifiquement au concept de style. Ce concept étant utilisé du point de vue psychanalytique, son emploi ne s'est done pas restreint au domaine de la stylistique, discipline qui, depuis le début du siècle, met en valeur, dans ses travaux, "l'expressivité" du langage. Le pont que j'ai établi pour cette articulation c'est Tétude du fantasme dans I'oeuvre de Bartolomeu Campos Queirós connu comme "auteur de littérature enfantine" et dans celle de Romain Gary celui-ci ne s'étant jamais rattaché au genre en question. En mettant en rapport la théorie psychanalytique et Técríture littéraire et en utilisant le récit Ciganos, de Bartolomeu Queirós, j'ai dégagé un concept operationnel; le parcours tsigane, pris comme une métaphore du style. Celle-ci m'a permis de mettre en évidence la thèse selon laquelle, dans la constitution du style, pris comme une voie marquée par des transformations réitérées (réinventions), nous ne pouvons pas ne pas tenir compte de la manifestation de I'infantile. Ou, en d'autres termes, nous ne pouvons pas ne pas tenir compte de I'actualisation de la "vérité" de I'enfant (Sujet), soit la vérité fantasmatique. C'est dans cette perspective qu'il est possible d'afiirmer I'existence de I'infantile dans la littérature, lequel se distingue fondamentalement du genre littérature infantine. === A partir da publicação das obras de Perrault, no final do século XVII, na França, a relação criança/literatura vem-se efetuando através do gênero Literatura Infantil. Com base, sobretudo, nas pesquisas da psicopedagogia, produzem-se textos, cujo endereço é previamente estipulado por adultos que se julgam detentores de um saber sobre as necessidades e desejos do leitor infantil. No intuito de explicitar uma nova relação literatura/criança, optei pelo enfoque dado à infância por Freud e Lacan, destacando a noção de sujeito do inconsciente, a 'briança magnífica da psicanálise". A partir daí, tomou-se viável articular essa criança à escrita literária, mais especificamente ao conceito de estilo. Focalizado igualmente do ponto de vista da psicanálise, tal conceito não se restringiu, pois, ao âmbito da Estilística, disciplina que, desde o início do século, prioriza em seus trabalhos a "expressividade" da linguagem. A via dessa articulação foi o estudo do fantasma na escrita de Bartolomeu Campos Queirós, reconhecido como "autor de Literatura Infantil", e na de Romain Gary, que jamais se vinculou ao gênero em questão. Ao cotejar a teoria psicanalítica com a escrita literária, obtive, com base na narrativa Ciganos, de Bartolomeu Queirós, um conceito operacional: o percurso cigano compreendido enquanto metáfora do estilo. Essa metáfora me permitiu evidenciar que, na constituição do estilo, considerado como uma via marcada por reiteradas transformações (reinvenções), não podemos prescindir da manifestação do infantil. Ou, em outros termos, da atualização da 'Verdade" da criança (Sujeito), a verdade fantasmática. Nessa perspectiva é que se fez possível afirmar a existência do infantil na literatura, o qual se distingue fundamentalmente do gênero Literatura Infantil.
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