Summary: | === The study proposal of this work arises from the evidence about the way companies have been dealing with their human factors, mainly in the matter of the organizational socialization process of the new members in the beginning of their professional career, what means, in the specific case of this research, of the professionals denominated trainees. Taking into consideration this perspective, it seems to be clear that the trainee programs may be characterized as initial processes of organizational socialization, bringing to the scope the concerns of attraction, formation, development and retention of new workers, aiming always to attain a greater identification of the newcomer with the organizational culture. In this context, the main objective is the accomplishment of an analysis about the organizational socialization process of a group of young professionals, contracted by means of a trainee program in an organization of national prominence. Such analysis contemplated the main events that occurred before the ingress of the trainees into the organization, until a period after their positioning in their new job stations. Aiming to accomplish this purpose, a case study was conducted, by using semi-structured interviews as data collection instrument, and for the data handling, a qualitative approach. During the newcomer trajectory in the organization, it was sought to evidence the nuances and ambiguities of this route, as well as the creation of mutual expectations, which later were reflected in reality shocks. With respect to the moment experienced before the ingress of the newcomer into the organization, when he passes through the recruiting and selection process, it was evidenced that the trainee programs have actually their beginning in this phase and that this moment represents also the beginning of the organizational socialization process of the young professionals. At that moment, it was evidenced for some ones an image of enchantment for the organization which was consequence of the shifting from the nothing to the everything, the fact of having being, in principle, the chosen one. It was also evident that, along the route, it emerged from the newcomers the feeling of exchange or debt to the organization and which later reverted in total dedication to the job. So, it became clear that several ex-trainees had the necessity to prove permanently their value to the organization, to justify the hopes trusted on them. In the initiation to the job and to the working group, it was evidenced that some newcomers felt anxious in dominating faster and faster the new job for finally to demonstrate, not only for themselves, but also for all the team, that they could be competent and accepted. What is verified is that the ex-trainees looked for recognition and approbation, aiming to diminish the natural anxieties of the process, as well as the fear of exclusion and consequent fear of failure. It was also clear that those subjects were, gradually, better understanding their responsibilities and duties, as well as the expected behavior inside the organization. As they are inserted in the new working environment, these professionals seem to have understood and adopted more and more the values and behaviors that the company estimates the most. Finally, it is observed that even presenting some shocks and difficulties, the proposal of the trainee program seems to be an adequate response to the context experienced by the company, and the socialization process of the young professionals who passed thereby is full of events that are all interlinked. The socialization is so, a complex chain of meanings, symbolisms and
transition rituals, and can be influenced by other dimensions that trespass the company itself. All that comes to demonstrate not only that the socialization is a complex process that can be seen in a wider way, but also that the human resources management in the company must embrace other analysis dimensions. === A proposta de estudo deste trabalho surge da constatação sobre a forma como as empresas vêm lidando com seus fatores humanos, principalmente no que se refere ao processo de socialização organizacional dos novos membros em início de carreira profissional, ou seja, no caso específico desta pesquisa, dos profissionais denominados trainees. Levando-se em consideração essa perspectiva, parece estar claro que os programas de trainees podem ser caracterizados como processos iniciais de socialização organizacional lançando luz à questão da atração, formação, desenvolvimento e retenção de novos trabalhadores, com o intuito de
alcançar sempre, uma maior identificação do novato com a cultura organizacional. Neste sentido, apresenta-se como principal objetivo a realização de uma análise sobre o processo de socialização organizacional de um grupo de jovens profissionais contratados por meio de programa de trainees em uma organização de destaque nacional. Tal análise contemplou os principais eventos que ocorreram antes mesmo da entrada dos trainees na organização, até um período após sua efetivação em seus novos postos de trabalho. Visando alcançar esse propósito, foi realizado um estudo de caso, utilizando-se como instrumento de coleta de dados entrevistas semi-estruturadas, e para o tratamento dos dados, uma abordagem de cunho qualitativa. Durante a trajetória do novato na organização, procurou-se evidenciar as nuanças e ambigüidades desse percurso, bem como, a criação de expectativas mútuas e que mais tarde puderam ser refletidas em choques de realidade. Com relação ao momento vivenciado antes
mesmo da entrada do novato na organização, quando ele passa pelo processo de recrutamento e seleção, foi constatado que os programas de trainees têm realmente o seu início nessa fase e que esse momento representa também o início do processo de socialização organizacional dos jovens profissionais. Nesse instante, evidenciou-se para alguns uma imagem de deslumbramento pela organização que foi conseqüência da passagem do nada para o tudo, do fato de ter sido, em princípio, o escolhido. Ficou também evidente que, ao longo do percurso, surgiu para certos novatos o sentimento de troca ou de dívida à organização e que se reverteu, mais tarde, em dedicação total ao trabalho. Assim, ficou claro que muitos extrainees necessitaram provar permanentemente o seu valor à organização, para justificar as esperanças que foram neles depositadas. Na iniciação ao trabalho e ao grupo de convívio, foi constatado que alguns novatos sentiram ansiedade em dominar cada vez mais rápido o novo trabalho para enfim, demonstrar não só para si mesmos, como para toda a equipe que também poderiam ser competentes e aceitos. O que se verifica, é que os ex-trainees procuraram reconhecimento e aprovação, com vistas a diminuir as ansiedades naturais do processo, bem como o medo da exclusão e conseqüente medo do fracasso. De forma geral, ficou também claro que esses sujeitos foram, gradualmente, entendendo melhor suas responsabilidades e deveres, bem como o comportamento esperado dentro da organização. Ao serem inseridos no novo ambiente de trabalho, esses profissionais parecem ter entendido e adotado cada vez mais, os valores e condutas que a empresa mais aprecia. Enfim, constata-se que mesmo apresentado alguns choques e algumas dificuldades, a proposta do programa de trainee parece ser uma resposta adequada ao contexto que a empresa vivencia, e o processo de socialização dos jovens profissionais que por aí passaram é repleto de eventos que se encontram todos interligados. A socialização é, assim, uma complexa cadeia de significados, de simbolismos e de rituais de passagens, e que pode ser influenciada por outras dimensões que ultrapassam a própria empresa. Tudo isso só vem a demonstrar que não só a socialização é um processo complexo e que pode ser vista de forma mais ampla, como que, a gestão de recursos humanos na empresa deve abranger outras dimensões de análise.
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