Frequência e fatores relacionados a transtornos psiquiátricos na epilepsia do lobo temporal

• Main Author: Guilherme Nogueira Mendes de Oliveira
• Other Authors: Antonio Lucio Teixeira Junior
• Format: Others
• Language: Portuguese
• Published: Universidade Federal de Minas Gerais 2009
• Online Access: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-8AFHEM

=== Introduction: Temporal lobe epilepsy (TLE) is the most common epileptic syndrome in adults. The psychiatric comorbidities in epilepsy, especially in TLE, are very frequent and their complex relationship has been a recurrent issue in literature. Objectives: To evaluate the frequency and intensity of psychiatric disorders in patients with TLE considering their clinical and sociodemographic characteristics. Analyze the studied variables according to the laterality of mesial temporal sclerosis, depression and risk of suicide. Evaluate clinical tools that can help indescribing psychopathological features and recognition of psychiatric disorders in epilepsy. Methods: Seventy-three patients of the Epilepsy Service of Hospital das Clínicas of UFMG were selected and underwent psychiatric evaluation. Clinical and socio-demographic data werecollected and applied the following instruments: Mini-Mental State Examination (MMSE), structured clinical interview (MINI-PLUS), Hamilton Anxiety Scale (HAM-A), Hamilton Depression Scale (HAM-D), Beck Depression Inventory (BDI), Neurological Disorders Depression Inventory for Epilepsy (NDDI-E), Brief Psychiatric Rating Scale (BPRS) and GlobalAssessment of Functioning (GAF). Results: Patients with TLE showed a high frequency of psychiatric disorders throughout their lives (70%), being mood disorders the most frequent (49.3%). 27.4% of the patients were depressed when evaluated, 37% met diagnostic criteria for lifetime major depression and 9.6% for bipolar disorder. Anxiety disorders were also frequent (42.5%), mainly generalized anxiety disorder (GAD) (21.9%). The obsessive compulsive disorder (OCD) was present in 11.0% and psychotic disorders in 5.5%. Depression is rarely diagnosed and treated in TLE and this should be considered an alarming finding as depression is often associated with suicide risk. Patients with left mesial temporal sclerosis (LMTS) had longer duration of epilepsy, a higher frequency of psychiatric disorders, mainly TAG, but also depression, anxiety and psychotic symptoms. The ROC curve analysis indicated that the cutoff at16 for the BDI and HAM-D and that the cutoff at 14 for the NDDI-E represent optimal dichotomization between patients with TLE depressed and non-depressed. All these instruments were sensitive and had a negative predictive value exceeding 95%, can help screening depressionin TLE, reducing its underdiagnosis. Conclusion: TLE is related to a higher frequency of psychiatric disorders, mainly anxiety and depression. Patients with LMTS showed higher frequency of depressive, anxiety and psychotic symptoms. Depression is underdiagnosed, undertreated and related to a high risk of suicide in ELT. The better recognition of depression in TLE with BDI, HAM-D and NDDI-E can guide treatment and help prevent suicide in these patients. The neuropsychiatry of ELT research is important in the development of programs for the improvement of patients' quality of life through proper diagnosis and treatment of mental disorders associated with this epileptic syndrome. === Introdução: A epilepsia do lobo temporal (ELT) é a síndrome epiléptica mais comum em adultos. As comorbidades psiquiátricas em epilepsia, principalmente na ELT, são muito freqüentes e sua complexa interface tem sido assunto recorrente na literatura. Objetivos: Avaliar a frequência e a intensidade dos transtornos psiquiátricos em pacientes com ELT em relação às suas características clínicas e sociodemográficas. Analisar as variáveis estudadas em relação à lateralidade da esclerose mesial temporal, depressão e risco de suicídio. Avaliar instrumentos clínicos que auxiliem na descrição psicopatológica e reconhecimento dos transtornos psiquiátricos na epilepsia. Métodos: Foram selecionados e submetidos à avaliação psiquiátrica setenta e três pacientes atendidos pela Clínica de Epilepsia do Serviço de Neurologia do Hospital das Clínicas da UFMG. Foram colhidos dados clínicos, sócio-demográficos e empregados os seguintes instrumentos: Mini-Exame do Estado Mental (MMSE), Entrevista clínica estruturada (MINI-PLUS), Escala Hamilton para Avaliação de Ansiedade (HAM-A); Escala Hamilton paraAvaliação de Depressão (HAM-D); Inventário de Depressão de Beck (BDI); Inventário de Depressão em Transtornos Neurológicos para a Epilepsia (IDTN-E); Brief Psychiatric Rating Scale (BPRS) e Escala de Avaliação Global de Funcionamento (AGF). Resultados: Os pacientescom ELT avaliados neste estudo apresentaram uma elevada frequência de transtornos psiquiátricos ao longo da vida (70%) sendo os transtornos do humor os mais frequentes (49,3%). No momento da entrevista 27,4% dos pacientes estavam deprimidos e 37% preenchiam critérios para diagnóstico de depressão maior ao longo da vida e 9,6% para o transtorno bipolar. Os transtornos de ansiedade também foram freqüentes (42,5%), principalmente o transtorno de ansiedade generalizada (TAG) (21,9%). O transtorno obsessivo compulsivo (TOC) esteve presente em 11,0% e os transtornos psicóticos em 5,5%. A depressão é raramente diagnosticada e tratada na ELT o que deve ser considerado fato alarmante por estar frequentemente associada aorisco de suicídio. Os pacientes com esclerose mesial temporal esquerda (EMTE) apresentaram um maior tempo de doença, uma maior frequência de transtornos psiquiátricos, sobretudo o TAG, mas também sintomas depressivos, ansiosos e psicóticos. A análise da curva ROC indicou que o ponto de corte em 16 para o BDI e HAM-D e que o ponto de corte em 14 para o IDTN-E representam dicotomização ótima entre portadores de ELT deprimidos e não deprimidos. Todos estes instrumentos foram sensíveis e apresentaram valor preditivo negativo superior a 95%, podendo auxiliar no rastreamento da depressão na ELT, diminuindo seu subdiagnóstico. Conclusão: A ELT está relacionada a uma elevada frequência de transtornos psiquiátricos, principalmente ansiedade e depressão. Os pacientes com EMTE demonstraram uma maior riqueza de sintomas depressivos, ansiosos e psicóticos. A depressão é subdiagnosticada, subtratada e associada a um elevado risco de suicídio na ELT. O melhor reconhecimento da depressão na ELT através do BDI, HAM-D e IDTN-E pode orientar o tratamento e ajudar na prevenção do suicídio nesses pacientes. O estudo da neuropsiquiatria da ELT é importante na elaboração de programas que visem uma melhor qualidade de vida dos pacientes por meio doadequado diagnóstico e tratamento dos transtornos mentais associados a esta síndrome epiléptica.