Construindo categorias sonoras: o vozeamento de consoantes obstruintes em surdos profundos usuários de língua de sinais (LIBRAS)

=== This dissertation aims to analyse the voice properties of obstruent consonants in BrazilianPortuguese, specifically the stops [p, b, t, d, k, g], the fricatives [f, v, s, z, ., .] and theaffricates [t., d.], in pre-lingual deaf users of Brazilian Sign Language (Libras). The aim ofthe project wa...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Rosana Passos
Other Authors: Thais Cristofaro Alves da Silva
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal de Minas Gerais 2009
Online Access:http://hdl.handle.net/1843/ALDR-7RAKE8
Description
Summary:=== This dissertation aims to analyse the voice properties of obstruent consonants in BrazilianPortuguese, specifically the stops [p, b, t, d, k, g], the fricatives [f, v, s, z, ., .] and theaffricates [t., d.], in pre-lingual deaf users of Brazilian Sign Language (Libras). The aim ofthe project was to investigate the contribution of dactylology (Libras manual alphabet) in theconstruction of sound categories by the deaf. Six deaf subjects and a control group of sixsubjects with hearing participated in five experiments. The experiments were composed oftasks designed to nominate words and logatomes in communicative speech and lip reading,dactylology and printed illustrations. The obstruent consonants investigated were located atthe initial position of the word. The deaf participants were between the ages nine to 14 andthose with hearing, between 18 and 30. All responses were recorded and filmed and the Praatsoftware program provided the acoustic analysis. The following acoustic measures wereinvestigated: the VOT (Voice Onset Time) of stops, duration of fricatives, VOT and durationof affricates, the presence/absence of bar voicing and the duration of the vowel following theobstruent. The results showed that the phonetic inventory of the deaf is reduced whencompared to those with hearing, being that all the deaf participants manifested only voicelessobstruents. The VOT values for stops were always positive, showing the presence of solelyunvoiced sounds. The absence of the bar voicing in the spectrogram confirmed that allobstruents investigated were unvoiced. VOT measures for stops, duration of fricative, VOTand duration of affricates presented an unsystematic characterization regarding the propertiesof voicing for obstruent consonants amongst deaf participants. It was not possible to find finephonetic detail generalizations which expressed the voice contrast in obstruents since all deafparticipants presented only voiceless sounds. Complementary research showed that thelengthening of the vowel which follows the obstruent occurred as a strategy to express thevoice contrast which was utilised by the deaf participants, principally by those who were moreproficient in sign language. It was furthermore observed that deaf participants who had ahigher degree of proficiency in Libras had a greater tendency to lengthen the vowels. The finephonetic detail in the construction of sound categories was investigated by measuring theduration of the vowel following the obstruent, according to the postulates of cognitivetheories of mental representation in the Usage-Based Phonology and Exemplar Models. Theresults indicate that the deaf use fine phonetic properties in the construction of specific soundcategories. The results also show that the categorization of voiced and voiceless sounds ismost effective when the deaf subject is exposed to various stimuli such as video, audio andLibras. The use of dactylology alone did not influence the construction of sound categories bydeaf participants in the tests. We suggest that these results express a holistic view of theconstruction of linguistic categories by the deaf. Future work will investigate the finephonological properties of other consonants, and also the role of Libras proficiency in theacquisition and use of specific phonological categories. === Esta dissertação tem por objetivo analisar as propriedades de vozeamento e desvozeamento das consoantes obstruintes do português brasileiro, especificamente as oclusivas [p, b, t, d, k, g], as fricativas [f, v, s, z, S, Z] e as africadas [tS, dZ], em pré-adolescentes surdos profundos pré-linguais usuários de Língua Brasileira de Sinais (Libras). Pretende-se investigar a contribuição da datilologia (alfabeto manual da Libras) na construção destas categorias de sonoridade pelos surdos. Foram realizados cinco experimentos com seis surdos e um experimento com seis ouvintes do grupo controle, por meio de tarefas de nomeação de palavras e de logatomas, nas modalidades comunicativas de fala e leitura labial, datilologia e gravuras em fichas de papel. As consoantes obstruintes investigadas se encontram em posição inicial da palavra. Os pré-adolescentes surdos têm entre nove e 15 anos e os ouvintes, entre 18 e 30 anos. Todas as respostas foram gravadas e filmadas. A análise acústica foi realizada por meio do programa Praat. As medidas acústicas investigadas foram: VOT (Voice Onset Time) das oclusivas, a duração das fricativas, VOT e duração das africadas, a presença e ausência da barra de vozeamento e a duração da vogal seguinte à obstruinte. Os resultados demonstraram que o inventário fonético dos surdos é reduzido se comparado ao dos ouvintes, pois todos os surdos apresentaram somente obstruintes desvozeadas. Os valores de VOT das oclusivas foram sempre positivos, comprovando a presença somente de sons desvozeados. A ausência da barra de vozeamento no espectrograma confirmou o desvozeamento de todas as obstruintes investigadas. As medidas de VOT das oclusivas, duração das fricativas, VOT e duração das africadas apresentam uma grande assistematicidade quanto à caracterização entre consoantes obstruintes vozeadas e desvozeadas nos surdos. Não foi possível criar generalizações nestes contextos que expressassem o contraste em termos de detalhe fonético fino do vozeamento das obstruintes, pois os surdos só apresentaram sons desvozeados. A investigação complementar mostrou que o alongamento de vogal seguinte à obstruinte ocorreu como estratégia de categorização de vozeamento dos surdos, principalmente nos surdos que são mais proficientes em língua de sinais. Observou-se que os surdos que possuem maior grau de proficiência na Libras alongaram mais vogais. O detalhe fonético fino na construção de categorias de sonoridade foi investigado por meio da medida da duração da vogal seguinte à obstruinte, seguindo os postulados das teorias cognitivas de representação mental da Fonologia de Uso e do Modelo de Exemplares. Os resultados indicam que os surdos utilizam propriedades fonéticas finas na construção de categorias sonoras específicas. Os resultados mostram ainda que a categorização de sons vozeados e desvozeados é mais eficaz quando o surdo é exposto a estímulos diversos como vídeo, áudio e libras. O uso da datilologia, isoladamente, não influenciou a construção das categorias de sonoridade pelos surdos. Entende-se que este resultado expressa uma visão holística da construção de categorias lingüísticas pelos surdos. Trabalhos futuros deverão investigar as propriedades fonológicas finas de outras consoantes, bem como o papel de proficiência em Libras na aquisição e uso de categorias fonológicas específicas.