Summary: | Diferentes estudos (Amante, 2007; Costa, 2010; Giraffa, 2013; Hammer & Costa,
2007a; Miranda, 2007; Ponte, 2002; Pretto & Pinto, 2006; Viseu, 2007; Voelcker, 2010,
dentre outros) têm apontado a fragilidade com que o ensino de forma integrada às
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) tem sido tratado no ensino e na
formação de professores de diferentes áreas, e a área de Letras não é exceção. Assim, é
fundamental considerar o que esses estudos sugerem, sobre a discussão e
aprofundamento teórico sobre o papel das TIC no ensino serem muito timidamente
realizados, em virtude da ênfase atribuída ao aparelhamento das instituições
educacionais e à instrumentalização dessas tecnologias. Os estudantes, assim, são
orientados a aprender “sobre” as TIC e não “com” essas tecnologias, sem uma maior
preocupação pedagógica, de caráter emancipatório, especialmente no ensino de língua
estrangeira. Com base nessas questões, a tese defendida está ancorada na abordagem
histórico-cultural (Vigotski, 2007; 2008; Wertsch, 1985; 2002a; 2002b), ao propor que
o desenvolvimento cultural do indivíduo altera seu próprio desenvolvimento cognitivo,
definindo uma nova cultura. Defendo a tese de que as TIC, como ferramentas culturais,
interferem no desenvolvimento dos sujeitos, criando uma nova cultura, viabilizando sua
atuação, de forma dialética, no contexto sócio-histórico em que vivem, e que isso deve
ser do conhecimento do professor já na sua formação inicial, de forma coerente à
concepção de ensino e aprendizagem desenvolvida. O objetivo foi verificar até que
ponto as TIC são concebidas, tanto nos documentos oficiais que pautam a educação e a
formação docente na área de Letras, como pelos sujeitos envolvidos na formação de
professores (docentes de Letras, no Brasil, e Mestrado em Ensino de Línguas, em
Portugal). De modo a responder a esse objetivo, adotei uma abordagem qualitativa
interpretativista de pesquisa, conhecida também como Análise Textual Discursiva
(Moraes & Galiazzi, 2011), de modo a construir entendimentos a partir dos indícios
explicitados nos dados. Os resultados obtidos nas entrevistas sugerem certo
esvaziamento teórico quanto às TIC como novos instrumentos culturais, que estão
constituindo os sujeitos de uma nova maneira, com novas formas de compreender o
mundo, o que evidencia a necessidade do desenvolvimento de uma (nova) teoria
educacional que contemple as TIC nesses termos. Os esforços de pesquisa realizados até
então parecem rumar nesse sentido, e devem ser conhecidos pelos docentes de modo
que as TIC se façam presentes na formação de professores de línguas não unicamente
pelo fato de ser uma obrigação legal, e sim pela necessidade pedagógica e
emancipatória do sujeito, de forma coerente com a concepção de ensino e aprendizagem
adotada. Trata-se de emancipação do sujeito a partir das mudanças histórico-culturais
dos próprios indivíduos, que produzem a necessidade de nova concepção e uso
qualificado desses instrumentos culturais, por parte dos cursos de formação docente,
viabilizando, assim, uma postura conjunta dos cursos e das instituições, e não apenas
como um esforço isolado de um ou outro professor interessado no assunto. === 279 f.
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