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Previous issue date: 2004-08-09 === After a survey on the feast of the Holy Ghost, carried out in the city of Santa Cruz
de Goiás, a small city in the interior of the State, it was possible to see the shaping of a
figure who became both the theme and the object of this dissertation. Centering the
discussion upon cultural assets, memory and identity, I identified and nominated a character
who represents a new category: the NATIVE MANAGER. It is known that the activity
carried out by this manager has always existed and that he has already been recognized by
organizations such as UNESCO and IPHAN, even though they might have given him a
different title. Cognizant of the rituals, with a view of his own, often times acrimonious and
disparaging, of the society where he lived, the character did not possess political power
which would give him status, but he exerted a specific kind of power that emanated from
his acknowledged wisdom, albeit not an erudite or academic one. Cultural manifestations
were kept alive because within the community there was this manager who recognized the
importance of their cultural asset. His unchallenged leadership and charisma, along with the
ability to administrate people and events made his actions possible. Within a simple and
resourceless universe, deep in the hinterland, the manager promoted scenically elaborate
feasts, commemorations and pageants, challenging congeneric activities held by the erudite
city dwellers. I was able to see for myself these characteristics, bearing witness throughout
more than 20 years, in this community, of the way in which he was respected and followed
by everyone. The manager interpreted and analyzed not only the History, but also his own
history, thereby preventing documents, music, rites and mores from becoming lost. The
person who incorporated this character was Alberto da Paz. His life history has its origins in
his slave ancestors and is still in the making as even blind, he persists in his role as
manager. An indispensable figure in rehearsals, chants, performances, in fact, everywhere,
he is the "the guardian of memory" who gives these people their identity. === A partir de uma pesquisa sobre a festa do Divino Espírito Santo realizada em Santa
Cruz de Goiás, pequena cidade do interior do Estado, foi se delineando uma figura que se
tornou tema e objeto desta dissertação. Centrando a discussão em patrimônio cultural,
memória e identidade, identifiquei e nomeei o personagem que representa uma categoria
nova: o GESTOR NATIVO. É sabido que a atividade exercida por este gestor sempre
existiu e órgãos como a UNESCO e o IPHAN o reconheceram, ainda que com outras
denominações. Conhecedor dos rituais, com uma visão própria, muitas vezes mordaz e
crítica da sociedade em que vivia, não era detentor do poder político que lhe conferiria
status, mas exercia um poder que emanava de sua reconhecida sabedoria, não erudita e não
acadêmica. Manifestações culturais se mantiveram vivas porque dentro da comunidade
existia este gestor que percebeu a importância do patrimônio cultural. Sua inconteste
liderança e grande carisma, aliadas à capacidade de administrar pessoas e acontecimentos
possibilitaram suas ações. Dentro de um universo simples, interiorano e sem recursos,
realizou festas, comemorações e representações de grande riqueza cênica, desafiando
atividades congêneres realizadas por eruditos citadinos. Pude comprovar estas
características, testemunhando ao longo de mais de vinte anos de vivência nesta
comunidade a maneira como era respeitado e seguido por todos. Interpretou e analisou não
só a História como também a sua própria história e não permitiu que se perdessem
documentos, músicas, ritos e costumes. A pessoa que incorporou este personagem foi
Alberto da Paz. Sua história de vida remonta à sua ascendência de escravos e alcança os
dias de hoje, quando cego, persiste atuando como gestor. Figura imprescindível em ensaios,
cantorias, representações, em tudo afinal, é "o guardião da memória" que confere identidade
a um povo.
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