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Previous issue date: 2013-10-31 === Esta dissertação de mestrado Dimensões subjetivas de mães adolescentes em
contexto de vulnerabilidade social , constitui um recorte da pesquisa, Avaliação e
monitoramento dos serviços de atenção à saúde de adolescentes grávidas que
sofreram violência doméstica (SANTOS et al. 2007), que pesquisou adolescentes
residentes na Região Leste da Cidade de Goiânia-GO. Vinculada à linha de pesquisa:
Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, do Programa de Pós-Graduação
Stricto Sensu da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), esta
dissertação teve como objeto de estudo investigar as dimensões subjetivas de mães
adolescentes em contexto de vulnerabilidade social. O objetivo geral constituiu-se em
apreender os sentidos e significados de gravidez e maternidade para adolescentes que
vivem em condições de vulnerabilidade social na Região Leste de Goiânia. Como
objetivos específicos, o estudo buscou conhecer a história de vida das adolescentes;
compreender a trajetória das adolescentes em contextos de vulnerabilidade e violência;
identificar as relações familiares, escolares e de trabalho e, por fim, apreender os
sentidos e significados da gravidez e maternidade construídos pelas adolescentes e
buscou-se ainda, apreender as dimensões psicossociais presentes nas falas das
adolescentes pesquisadas com uso da abordagem Sócio-Histórica de Vigotsky e do
método do materialismo histórico-dialético. As informações foram obtidas por meio de
99 questionários e entrevistas semiestruturadas realizadas com 47 adolescentes. Nesta
pesquisa, foram selecionadas, do grupo de 47, 16 adolescentes que cumpriam os
seguintes critérios: estarem na faixa etária de 14 a 18 anos e apresentarem relato de
vulnerabilidade social (violências físicas, psicológicas e/ou sexual). As entrevistas foram
sistematizadas em quadros temáticos que organizaram os núcleos de sentidos e
significados. Essa sistematização possibilitou visualizar os sentidos e significados
atribuídos aos temas propostos no roteiro de entrevista. Os resultados da pesquisa
possibilitam compreender diversas manifestações da violência intrafamiliar (física,
sexual e psicológica) e interfamiliar (notadamente os embates com a mãe/família do pai
da criança e as intrigas de parentes e vizinhos). A violência física atinge a todos os
membros da família e, em especial os mais frágeis : mulheres, adolescentes e
crianças. Este ciclo é repetido incessantemente: o pai bate na mãe, que bate nos filhos,
filhos mais velhos batem nos mais novos. Na maioria das vezes, essas violências
decorrem do uso de álcool e drogas ilícitas. A violência sexual é negada e silenciada no
âmbito familiar. Quando são relatadas pelas adolescentes, traduzem medos,
desconfianças e, sobretudo uma atitude de cuidado com as filhas para que elas não
sofram os abusos que sofreram. Algumas adolescentes associam a vida sexual precoce
(e consequentemente a gravidez/maternidade) com o abuso sexual sofrido. A violência
psicológica entrelaça as outras duas modalidades e se expressa por meio dos
sentimentos de medo, angústia e solidão, marcadas pelas disputas intra e extrafamiliares. Todas as violências vividas (fisicamente e/ou simbolicamente) falam do
lugar social vulnerável que elas ocupam na organização social. A vivência da gravidez
aparece marcada por sentimentos positivos e/ou negativos. É positiva quando
possibilita que as adolescentes saíam da rua, se dedique ao cuidado do filho, recebam
o apoio do companheiro e possibilitem a constituição de um novo grupo familiar. O
contexto negativo materializa-se no próprio corpo das adolescentes por meio de dores,
angústias, ansiedades, doenças e também pelo medo de julgamento da família. A
gravidez pode provocar a ruptura do relacionamento com o pai do filho e dificultar o
estabelecimento de novos vínculos afetivos e sexuais. No plano concreto, a
adolescente em muitos casos, precisou sair da escola, adquirir novas responsabilidades
e arrumar trabalho para manter-se e ao seu filho. A luz dos resultados encontrados,
este estudo reafirma a importância da prevenção e chama a atenção das instituições
sociais responsáveis pelo acompanhamento das adolescentes (família, escola,
governos) para estabelecimento de diálogo com as adolescentes mediado por
informações sobre sexo, sexualidade e contracepção. Após a gravidez, cabe a todos os
adultos envolvidos a tarefa de apoiar e acompanhar as adolescentes e os seus filhos.
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