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Previous issue date: 2015-02-20 === The field of psychotherapies offers a diverse wealth of knowledge and practices that includes
a variety of epistemological and ontological assumptions about the human condition and the
nature of change. The possibility of integration among approaches is controversial. Even dialogue
among them is difficult. The psychotherapy integration movement strives to change this
picture. Overcoming the intellectual isolation of a single approach can help the therapist to
broaden his activities and help each approach hone and polish its teachings. Detractors depict
a potential intellectual disorganization as a result of such attempts. The aim of this research
was to investigate how Gestalt therapists and psychodramatists see and experience, in practice,
the possibilities of integration between their approaches. Narratives were collected through
individual interviews, with 22 professionals, 11 of each approach. Grounded theory analysis
was adopted as a method to build a theoretical model that explains how therapists see and
experience the possibilities of integration. The intention, in choosing this method, was to contribute
new perspectives, not based on theories already formulated, but on the therapists lived
reality. The categories that emerged from the analysis of the interviews give voice to those who
find themselves in the reality of the professional practice. The model constructed from these
categories depicts the frontier between psychodrama and Gestalt therapy as it is experienced
by the participants. From the professional s narratives, the forces were mapped that approach
and distance the two approaches. Three axes dominate the dynamics of these forces: the articulation
between theory and practice, the scientific communities and the psychotherapist s subjectivity.
Thus, the central thesis sustained by this work is that the dynamics of integration and
the psychologists attitudes, with respect to the dialogue between the approaches, cannot be
understood from rational examination of scientific argument. Instead, the relevant dynamics
and attitudes are the result of the interaction among subjective, social and institutional processes.
Thus, the professional who is interested in a dialogue with the other approach needs to
navigate the interface between theoretical articulations that have subjective meaning arising
from his or her professional history and social implications imposed by institutional relations.
This interface is governed by the dynamics between the professional communities and institutions
involved. In this navigation, the psychotherapist s subjectivity is revealed in his or her
need to belong to a group, the effects of his or her past trajectory as a member of a school or
community and his or her previous experiences with respect to other theories and communities.
On the other hand, in the dynamics between the communities and the institutions, competition
for symbolic and material resources is an important force that hinders dialogue and integration.
The articulation of theory and practice is related to continuous attempts of each approach to
meet the challenges of conceptualizing practice in psychotherapy. Construction and development
of approaches are enabled by the flow and absorption of concepts. Thus, intradisciplinarity
in psychotherapy contributes to the field s vitality, helps unclog disciplinary thinking
and expands the therapist s possibilities for understanding and action. Accordingly, the practice of exchange does exist among the approaches. However, this practice is overshadowed by the
customary disqualification of the "other" approach in academic and institutional discourse.
Professional identity tends to merge with concepts and ideas of the community the professional
belongs to, entailing strong loyalty to the approach. Studies on dialogue among approaches can
hardly make sense of the processes involved when they fail to include these different axes of
interaction. It is necessary to consider, not only the clinical and epistemological issues involved,
but also the subjective, social and institutional dynamics that rule the process. === O campo das psicoterapias oferece uma profusão de saberes e práticas que inclui diversos pressupostos
epistemológicos e ontológicos sobre o ser humano e a natureza da mudança. A possibilidade
de integração entre as abordagens é assunto controverso. Até mesmo o diálogo entre
elas é difícil. O movimento de integração em psicoterapia busca mudar nesse quadro. Superar
o isolamento intelectual de uma única abordagem pode ajudar o psicoterapeuta a ampliar sua
ação e ajudar as abordagens a refinarem e afinarem seus ensinamentos. Os detratores invocam
uma potencial desorganização intelectual como consequência de tais tentativas. O objetivo da
presente pesquisa foi investigar como gestalt-terapeutas e psicodramatistas percebem e vivenciam,
na prática, as possibilidades de integração entre suas abordagens. Através de entrevistas
individuais narrativas de 22 profissionais foram colhidas, 11 de cada abordagem. A Teoria
Fundamentada nos Dados foi adotada como método para construir um modelo teórico que explana
como os terapeutas percebem e vivenciam as possibilidades de integração. A intenção,
ao escolher esse método, era de contribuir com novas perspectivas, não baseadas em teorias já
formuladas, mas na realidade viva dos terapeutas. As categorias que emergiram da análise das
entrevistas dão voz a quem se encontra na realidade da prática profissional. O modelo construído
a partir dessas categorias retrata a fronteira entre o Psicodrama e a Gestalt terapia como ela
é vivenciada pelos participantes. A partir das narrativas dos profissionais foram mapeadas forças
que aproximam e afastam as duas abordagens. Três eixos dominam a dinâmica dessas forças:
a articulação entre teoria e prática, as comunidades científicas e a subjetividade do psicoterapeuta.
Assim, a tese central sustentada pelo presente trabalho é a de que as dinâmicas de
integração e as atitudes dos psicólogos frente ao diálogo entre abordagens não podem ser compreendidas
a partir de argumentos racionais relativos à articulação científica. As dinâmicas e
atitudes são resultado da interação entre processos subjetivos, sociais e institucionais. Assim,
o profissional que se interessa por um diálogo com a outra abordagem transita na interface
entre articulações teóricas que possuem sentidos subjetivos decorrentes da história do profissional
e implicações sociais impostas pelas relações institucionais. Tal interface é governada
pelas dinâmicas entre as comunidades e as instituições profissionais envolvidas. A subjetividade
do psicoterapeuta se desvela nas necessidades de pertencimento grupal, nos efeitos da sua
trajetória passada na abordagem de filiação e nas suas experiências prévias em relação com as
demais teorias. Por outro lado, nas dinâmicas entre as comunidades e instituições, a competição
por recursos simbólicos e materiais é uma força importante que afasta o diálogo e a integração.
A articulação entre teoria e prática está relacionada com as tentativas constantes de cada abordagem
para responder aos desafios de conceituar a práxis em psicoterapia. A constituição e
evolução das abordagens são viabilizadas pela circulação e incorporação de conceitos. Assim,
a intradisciplinaridade em psicoterapia contribui para a vitalidade do campo, ajuda a desobstruir
as disciplinas e amplia as possibilidades de ação e compreensão do psicoterapeuta. Existe,
nesse sentido, uma prática de trocas entre as abordagens. Mas esta é eclipsada pela desqualificação
da outra abordagem no discurso acadêmico e institucional. Um processo de fusão da
identidade profissional com conceitos e ideias da comunidade à qual o profissional pertence
enseja forte laço de lealdade com a abordagem. Estudos sobre diálogos entre abordagens dificilmente
podem compreender os processos envolvidos quando deixam de incluir estes diferentes
eixos de interação. Tais estudos deveriam levar em consideração não somente as implicações
clínicas e epistemológicas, mas também questões subjetivas, sociais e institucionais.
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