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Previous issue date: 2013-12-10 === O trabalho docente nas Instituições federais de ensino superior (Ifes) tem sido marcado por
um contexto de intensificação, precarização e flexibilização nos últimos anos. A invasão da
lógica neoliberal no espaço universitário trouxe implicações para o cotidiano de trabalho
docente, o qual passou a se orientar pelas premissas da eficiência e da produtividade. Este
contexto desenvolveu novas formas de organização do trabalho docente, influenciando suas
relações socioprofissionais e suas vivências de prazer e sofrimento. Esta tese teve o objetivo
de descrever e analisar, com base em categorias de análise da clínica psicodinâmica do
trabalho, as vivências dos docentes da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de
Goiás (UFG) em relação ao seu trabalho na instituição de ensino superior (IES). Para tanto,
buscou-se identificar os elementos que causam vivências de prazer e sofrimento nos docentes
e que se relacionam ao seu contexto de trabalho, compreender as estratégias defensivas
coletivas utilizadas pelo grupo em relação ao sofrimento gerado pelos constrangimentos no
trabalho e verificar as possibilidades de constituição de um espaço de discussão coletivo.
Foram desenvolvidos dois estudos para alcançar esse objetivo. O primeiro baseou-se em uma
análise documental, a qual analisou os cadernos de avaliação institucional, e um diagnóstico
organizacional elaborado por empresa de consultoria especializada na área. O estudo I
também envolveu a realização de entrevistas individuais, relacionadas à temática das
categorias da psicodinâmica do trabalho. O segundo estudo foi desenvolvido com base na
validação dos dados do estudo I e realizado em sessões coletivas com os professores da
Faculdade de Odontologia da UFG. O referencial teórico para interpretação dos resultados foi
a Psicodinâmica do trabalho, a qual é imbuída de uma ética de defesa da saúde do trabalhador
e de sua ação autônoma e transformadora das formas patogênicas de gestão e organização do
trabalho. Os resultados das análises indicam que as vivências de sofrimento relacionam-se à
sobrecarga, à falta de reconhecimento e aos conflitos presentes nas relações
socioprofissionais, e que todos estes elementos se relacionam com a liberdade e a autonomia
do professor. Essas, percebidas pelos professores como fontes de prazer, possibilitam o uso
das estratégias defensivas do individualismo e do isolamento, e auxiliam o enfrentamento da
sobrecarga de trabalho, das relações interpessoais conflituosas e da cobrança por
produtividade. A liberdade e a autonomia contribuem para o prazer, mas também para o
sofrimento, pois dificultam a formação de um coletivo capaz de restaurar a solidariedade e a
confiança entre os professores e que possibilitaria ao docente deliberar coletivamente sobre as
dificuldades enfrentadas no cotidiano de trabalho, elaborando soluções compartilhadas,
promovendo o reconhecimento sobre o seu engajamento, e o exercício pleno da liberdade e da
autonomia, as quais poderiam modificar o seu contexto de trabalho. As vivências de prazer
dos professores estão relacionadas ao convívio com os alunos, à sala de aula e ao significado
da profissão docente em sua potência em transformar realidades. Conclui-se que o
reconhecimento do aluno constitui um tipo singular, o qual ressignifica o sofrimento docente
advindo da sobrecarga de trabalho e da ausência de outros reconhecimentos.
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