THE WORDING WORKSHOP: FROM VESTIGES OF THE WORD TO THE EMERGENCE OF THE SUBJECT

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO === Esse trabalho parte de uma questão: existe sujeito na loucura? Em realidade, não é uma questão propriamente nova uma vez que atravessou boa parte da história da loucura. De fato, os termos sujeito e loucura têm uma história comum cujo recorte...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: ROCHELLE GABBAY
Other Authors: JUNIA DE VILHENA
Language:Portuguese
Published: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO 2008
Online Access:http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/Busca_etds.php?strSecao=resultado&nrSeq=11713@1
http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/Busca_etds.php?strSecao=resultado&nrSeq=11713@2
Description
Summary:PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO === Esse trabalho parte de uma questão: existe sujeito na loucura? Em realidade, não é uma questão propriamente nova uma vez que atravessou boa parte da história da loucura. De fato, os termos sujeito e loucura têm uma história comum cujo recorte inicial fui buscar no século das Luzes, herdeiro do sujeito cartesiano definido pela razão e pela consciência. No século do Iluminismo, a loucura perde sua marca trágica e passa a ser definida como desrazão. Constituída a loucura como objeto do saber médico, o louco deixa de fazer parte da vida da pólis para ser internado no manicômio. A psiquiatria se identificou inteiramente com o ideário do confinamento e a loucura era percebida como pura negatividade. O manicômio erige-se como instituição-símbolo desse cenário regido pela lógica da segregação e de limitados recursos terapêuticos. A reforma psiquiátrica surge na esteira dos movimentos de contestação asilar com o propósito de questionar o aparato psiquiátrico e resgatar a cidadania do louco, criando novos espaços de inserção social. A contribuição da psicanálise segue sendo fundamental ao reconhecer a positividade subjetiva na experiência da loucura. A oficina Palavrear, dispositivo clínico apresentado nesse trabalho, confirma a aposta inicial de que cada um é portador de uma verdade e sujeito de sua própria experiência. A prática do inconsciente na oficina implicou em afirmar a existência de um lugar de analista a partir do qual o trabalho é conduzido. Para sustentar esse lugar, o conceito de transferência constituiu a mola propulsora e a palavra o fio condutor. Contudo algo mais fundamental se constitui como condição para essa sustentação: o desejo do analista. As atas da oficina, escritas pelos próprios pacientes, com suas seqüências narrativas, recortes de histórias, descontinuidades, incoerências e rabiscos, passos e tropeços enfim, revelaram uma trama discursiva complexa na qual emerge sempre um sujeito. A oficina Palavrear é uma tentativa de devolver a palavra ao louco, personagem a quem frequentemente é negado o estatuto e a dignidade de sujeito. === This article discusses the question as to whether there is a subject in madness. This is not exactly a new question, since it has been present during much of the history of madness itself. The terms subject and madness have a common history that began during the 18th century: they are heirs of the Cartesian subject defined by reason and consciousness. During that century of the Enlightenment, madness lost its central characterization and was thereafter referred to as unreason. Once madness had been established as a topic of medical knowledge, the insane ceased to be part of the life of the polis, and were dispatched off to mental hospitals. Psychiatry fully identified with this solution of confinement, insanity being perceived as pure negativity. The mental hospital thus emerged as an institution to symbolize this context governed by the logic of segregation and limited therapeutic resources. Later, the psychiatric reform followed in the wake of movements that questioned the psychiatric system in vogue and reaffirmed the citizenship of the insane, thus creating new spaces for social inclusion. The contribution of psychoanalysis continues an essential factor for recognizing subjective positivity in the experience of insanity. The workshop known as Palavrear The Wording Workshop, which is the clinical instrument described in this article, confirms the basic tenet which holds that each one bears a truth and is the subject of his or her own experience. The practice of the unconscious in the workshop means asserting the existence of a place of the analyst, on which the workshop activities are based. To sustain this place, the concept of transference acts as the mainspring, and the word serves as the basic connector. However, there is an even more essential condition for this support: the analyst's desire. The minutes of the workshop, written by the patients themselves, with their accounts, stories, lapses, inconsistencies, scribblings, advances and confusion, showed a complex discursive interplay where a subject always emerged. The Wording Workshop is an attempt to return the word to the insane, individuals who are often denied the dignity of being subjects.