Inclusão, discriminação e racismo : um estudo sobre alunas cotistas afrodescendentes na UFABC

Orientadora: Profa. Dra. Ana Keila Mosca Pinezi === Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do ABC, Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais, 2017. === A desigualdade, no Brasil, relaciona-se não apenas às questões relativas à renda, mas a outros marcadores sociais como gênero e...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Ramos, Jussara Aparecida Fernandes
Other Authors: Pinezi, Ana Keila Mosca
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2017
Subjects:
Online Access:http://www.biblioteca.ufabc.edu.brhttp://biblioteca.ufabc.edu.br/index.php?codigo_sophia=109133
Description
Summary:Orientadora: Profa. Dra. Ana Keila Mosca Pinezi === Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do ABC, Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais, 2017. === A desigualdade, no Brasil, relaciona-se não apenas às questões relativas à renda, mas a outros marcadores sociais como gênero e raça. Isso pode ser constatado, entre outras situações cotidianas, pelo alto índice de ocorrências de atos de violência contra a mulher e pela menor remuneração das mulheres em relação à dos homens que exercem os mesmos cargos em termos de trabalho. Quando essa desigualdade diz respeito também à raça, as mulheres negras estão em uma situação de maior vulnerabilidade ainda. Elas, quando escolarizadas, possuem as piores médias salariais se comparadas às das mulheres brancas, por exemplo. Politicas sociais podem mudar esse quadro. Na área da Educação, por exemplo, pode-se viabilizar a ascensão social desse grupo marginalizado. Nesse aspecto, o sistema de cotas implementado pelas Instituições de Ensino Superior (IES) públicas, especificamente nas IES federais, mostra-se como uma possibilidade de mitigar a situação de marginalização e discriminação em que se encontram as mulheres negras, dentre outros grupos socialmente vulneráveis. Para compreender como essa política ocorre, este trabalho focalizou a política de cotas da Universidade Federal do ABC (UFABC) que desde o seu primeiro ingresso destinou 50% de suas vagas nos cursos de graduação para alunos(as) egressos do ensino médio público e, dentro dessa categoria de cotas, uma parte para as cotas raciais. Após a homologação da lei 12.711/2012, a UFABC incluiu também as cotas sociais de renda mínima. Diante desse quadro, o objetivo central desta pesquisa é analisar a trajetória de alunas afrodescendentes cotistas, ingressantes na UFABC no ano 2012. Esse recorte se deu em função da maior possibilidade dessas alunas terem percorrido uma grande parte de sua trajetória acadêmica na graduação e já estarem em rumo à conclusão de seu curso, o que proporciona uma maior vivencia dessas alunas no ambiente universitário com suas impressões e significados. Para o desenvolvimento desse trabalho foi feita uma análise qualitativa das entrevistas abertas realizadas com estudantes, mulheres afrodescendentes cotistas da UFABC. Após essa análise, concluímos que, entre outras, a política de cotas favorece indiretamente a inclusão de jovens negras e torna o ambiente universitário mais plural; a expectativa de uma ascensão social e econômica por meio da educação superior é consenso entre as entrevistadas. Ainda, a análise aponta que ações voltadas contra a discriminação de gênero e racial necessitam ser introduzidas e debatidas com maior clareza e frequência no ambiente universitário. === Inequality in Brazil is related not only to income issues, but to other social markers such as gender and race. This can be seen in some daily situations such as the high incidence of acts of violence against women and the lower remuneration of women in relation to men who work at the same positions. When this inequality also includes human race, black women are even more vulnerable. When they are educated, they have the worst salary averages compared to white women, for example. Social policies can change this framework. In the area of education, for example, can to enable the social rise of this marginalized group. In this regard, the system of quotas implemented by public higher education institutions, specifically in federal ones, is shown as a possibility to mitigate the situation of marginalization and discrimination in which black women, among other socially vulnerable groups. To understand how this policy occurs, in this work we focused the quota policy at Federal University of ABC (UFABC), which since its first entry has allocated 50% of its vacancies in the undergraduate courses for public high school students, and within this category of quotas a part for the racial quotas. After the approval of law 12.711 / 2012, UFABC also included the social quotas of minimum income. According to this scenario, the main objective of this research is to analyze the trajectory of Afro-descendant female students that got into UFABC in 2012. This research group was chosen due to a greater possibility of these students have gone through a considerable part of their academic trajectory in the undergraduate and in the direction of the conclusion of their course, which provides a greater experience of these students at university environment with their impressions and meanings. For the development of this work, a qualitative analysis of the open interviews was made with students, Afro-descendant quotas women from UFABC. After this analysis, we conclude that, among others, the quota policy indirectly favors the inclusion of black girls and makes the university environment more plural; the expectation of a social and economic rise through higher education is a consensus among the interviewees. This analysis still points out that actions directed against gender and racial discrimination need to be introduced and debated in the university environment.