Discursos acadêmicos em música: cultura e pedagogia em práticas de formação superior

325 f.:il === Submitted by JURANDI DE SOUZA SILVA (jssufba@hotmail.com) on 2013-03-15T13:32:09Z No. of bitstreams: 1 Tese Eduardo Luedy.pdf: 1905370 bytes, checksum: a28e1674e1d291a658da50a803425324 (MD5) === Approved for entry into archive by Rodrigo Meirelles(rodrigomei@ufba.br) on 2013-03-22T14...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Marques, Eduardo Frederico Luedy
Other Authors: Barbosa, Joel Luís da Silva
Language:Portuguese
Published: 2013
Subjects:
Online Access:http://www.repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/9084
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topic música - cultura - aspectos sociais
música – prática de ensino
música – instrução e estudo
música
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Marques, Eduardo Frederico Luedy
Discursos acadêmicos em música: cultura e pedagogia em práticas de formação superior
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É tomado, pois, como um discurso qualificado, que versa, em última análise, acerca do que deve valer como cultura e, consequentemente, do que se tem como legítimo de ser ensinado e de constar como conhecimento curricular. O discurso acadêmico em música, enquanto objeto de estudo, é divisado aqui a partir de dois pressupostos básicos e inter-relacionados: o de que este discurso tanto reflete quanto age sobre sistemas culturais e seus significados; mas, também, o de que estes significados se vêem confrontados com as recentes questões e demandas sociais, políticas e educacionais postas pelo advento da noção de multiculturalismo – compreendido tanto como um corpo teórico, quanto decorrente do reconhecimento da diversidade cultural, um fenômeno claramente identificável nas sociedades ocidentais contemporâneas – que configuram o contexto social mais amplo no qual o discurso acadêmico em música se insere mais contemporaneamente. Este discurso, apesar de se encontrar manifestado em diversas instâncias textuais, tais como artigos científicos, propostas pedagógicas, textos curriculares, documentos institucionais e debates educacionais em música de toda ordem, encontra-se divisado aqui, primordialmente, a partir do que professores de uma determinada instituição de ensino superior falam acerca de cultura, educação e currículo. Referenciais teóricos importantes para a problematização do discurso acadêmico em música advêm dos Estudos Culturais (Hall 1997; 2003) e do multiculturalismo crítico (Canen 2005; Moreira 2001; Costa 2003; McLaren 1997) que, sob o impacto das teorizações pós-modernas e pós-estruturalistas, animadas sobretudo pela chamada “virada lingüística”, enfatizam, de um lado, o papel da linguagem e do discurso na constituição do social e, de outro, a noção de cultura como uma prática de significação e local privilegiado das políticas de representação. Ao lado de tais contribuições teóricas, há também a noção de pedagogia crítica, tal como desenvolvida por autores como Giroux (1997; 1999) e McLaren (2000), que tomam as práticas pedagógicas como instâncias eminentemente culturais, implicadas em mecanismos de regulação moral e social. Ambos os autores buscam explicitar criticamente os limites auto-impostos pelos discursos pedagógicos dominantes, que compreendem e reificam a cultura a partir de noções conservadoras de conhecimento e/ou definem a pedagogia em termos instrumentais. O discurso acadêmico em música é, pois, localizado nesta compreensão de textualidade articulada a formas dominantes de representação, evidentes, por exemplo, na seleção de conteúdos, na maneira de hierarquizar campos de saber, no estabelecimento de critérios de admissão para exames vestibulares; mas, principalmente, na maneira de afirmar o que conta como conhecimento legítimo em música. A partir de tais considerações, as seguintes questões norteiam o trabalho de investigação: como professores/as de música lidam com a emergência da noção de diversidade cultural em suas práticas pedagógico-curriculares?; Que respostas têm dado ao desafio de encarar a condição multicultural de nossa sociedade?;Que concepções de cultura e conhecimento se depreendem dos discursos acadêmicos em música? Mas, principalmente: De que modo tais concepções estruturam/condicionam práticas pedagógicas e curriculares em música? Assim, três professores e duas professoras de uma instituição de ensino superior de música – a Escola de Música da UFBA – foram tomados como sujeitos da presente investigação, compondo um determinado grupo representativo das seguintes sub-áreas de conhecimento a que cada um pertencia: educação musical; práticas interpretativas; musicologia; etnomusicologia; composição e análise. Estes sujeitos foram entrevistados acerca de suas práticas pedagógico-curriculares, a partir de um roteiro semi-estruturado, no qual se buscou discutir suas assertivas acerca de educação, currículo e cultura, tendo-se como eixo de preocupações acadêmicas a temática mais ampla da diversidade cultural. O presente trabalho encontra-se estruturado da seguinte maneira: o primeiro capítulo “Pontos de partida” situa o referencial teórico adotado e o contexto social e educacional mais amplo em que a problemática deste estudo se insere – o advento da noção de diversidade cultural e as estratégias adotadas para se buscar responder institucionalmente ao reconhecimento desta diversidade como uma condição mesma das sociedades ocidentais contemporâneas. O segundo capítulo trata dos procedimentos metodológicos adotados para a escolha do grupo de professores que vieram a compor uma amostra, de certo modo representativa, daquilo que, neste trabalho, é tomado como o discurso acadêmico em música. Busca-se, também, justificar a opção por um estudo de natureza qualitativa e de cariz etnográfico, que toma as entrevistas intensivas como principal instrumento de investigação, bem como discorrer acerca das possibilidades heurísticas daí advindas. Os dados analisados se encontram representados ao longo do terceiro capítulo, no qual as respostas obtidas em cada entrevista são discutidas separadamente em subcapítulos. Por fim, o último capítulo traz as considerações finais e as recomendações para estudos futuros. Nesta parte, ressalta-se que, apesar da heterogeneidade discursiva encontrada, uma parte significativa dos enunciados evocados pelos sujeitos decorre de uma concepção cultural tradicional-conservadora de cariz modernista que, legitimada pela via dos dispositivos institucionais-acadêmicos, ainda assume proeminência por entre o discurso acadêmico em música. Depreendem-se, no entanto, dos atos de fala dos sujeitos, criticidades e comprometimento para com as questões educacionais, culturais e sociais que lhes assomam. Estas são tomadas enquanto possibilidades dialógicas que, na perspectiva teórica adotada, podem contribuir para o enriquecimento e aprofundamento dos debates acerca de uma formação em música atenta à necessidade de se atentar para diversidade cultural e de se problematizar a diferença. === Salvador
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Este discurso, apesar de se encontrar manifestado em diversas instâncias textuais, tais como artigos científicos, propostas pedagógicas, textos curriculares, documentos institucionais e debates educacionais em música de toda ordem, encontra-se divisado aqui, primordialmente, a partir do que professores de uma determinada instituição de ensino superior falam acerca de cultura, educação e currículo. Referenciais teóricos importantes para a problematização do discurso acadêmico em música advêm dos Estudos Culturais (Hall 1997; 2003) e do multiculturalismo crítico (Canen 2005; Moreira 2001; Costa 2003; McLaren 1997) que, sob o impacto das teorizações pós-modernas e pós-estruturalistas, animadas sobretudo pela chamada “virada lingüística”, enfatizam, de um lado, o papel da linguagem e do discurso na constituição do social e, de outro, a noção de cultura como uma prática de significação e local privilegiado das políticas de representação. Ao lado de tais contribuições teóricas, há também a noção de pedagogia crítica, tal como desenvolvida por autores como Giroux (1997; 1999) e McLaren (2000), que tomam as práticas pedagógicas como instâncias eminentemente culturais, implicadas em mecanismos de regulação moral e social. Ambos os autores buscam explicitar criticamente os limites auto-impostos pelos discursos pedagógicos dominantes, que compreendem e reificam a cultura a partir de noções conservadoras de conhecimento e/ou definem a pedagogia em termos instrumentais. O discurso acadêmico em música é, pois, localizado nesta compreensão de textualidade articulada a formas dominantes de representação, evidentes, por exemplo, na seleção de conteúdos, na maneira de hierarquizar campos de saber, no estabelecimento de critérios de admissão para exames vestibulares; mas, principalmente, na maneira de afirmar o que conta como conhecimento legítimo em música. 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Estes sujeitos foram entrevistados acerca de suas práticas pedagógico-curriculares, a partir de um roteiro semi-estruturado, no qual se buscou discutir suas assertivas acerca de educação, currículo e cultura, tendo-se como eixo de preocupações acadêmicas a temática mais ampla da diversidade cultural. O presente trabalho encontra-se estruturado da seguinte maneira: o primeiro capítulo “Pontos de partida” situa o referencial teórico adotado e o contexto social e educacional mais amplo em que a problemática deste estudo se insere – o advento da noção de diversidade cultural e as estratégias adotadas para se buscar responder institucionalmente ao reconhecimento desta diversidade como uma condição mesma das sociedades ocidentais contemporâneas. O segundo capítulo trata dos procedimentos metodológicos adotados para a escolha do grupo de professores que vieram a compor uma amostra, de certo modo representativa, daquilo que, neste trabalho, é tomado como o discurso acadêmico em música. Busca-se, também, justificar a opção por um estudo de natureza qualitativa e de cariz etnográfico, que toma as entrevistas intensivas como principal instrumento de investigação, bem como discorrer acerca das possibilidades heurísticas daí advindas. Os dados analisados se encontram representados ao longo do terceiro capítulo, no qual as respostas obtidas em cada entrevista são discutidas separadamente em subcapítulos. Por fim, o último capítulo traz as considerações finais e as recomendações para estudos futuros. Nesta parte, ressalta-se que, apesar da heterogeneidade discursiva encontrada, uma parte significativa dos enunciados evocados pelos sujeitos decorre de uma concepção cultural tradicional-conservadora de cariz modernista que, legitimada pela via dos dispositivos institucionais-acadêmicos, ainda assume proeminência por entre o discurso acadêmico em música. Depreendem-se, no entanto, dos atos de fala dos sujeitos, criticidades e comprometimento para com as questões educacionais, culturais e sociais que lhes assomam. Estas são tomadas enquanto possibilidades dialógicas que, na perspectiva teórica adotada, podem contribuir para o enriquecimento e aprofundamento dos debates acerca de uma formação em música atenta à necessidade de se atentar para diversidade cultural e de se problematizar a diferença. Salvador 2013-03-22T14:02:31Z 2013-03-22T14:02:31Z 2009 info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/doctoralThesis http://www.repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/9084 por info:eu-repo/semantics/openAccess reponame:Repositório Institucional da UFBA instname:Universidade Federal da Bahia instacron:UFBA