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Ironias da Desigualdade TESE FDV.pdf: 3015033 bytes, checksum: cef0e49fb7d89f4554f8b69f325f7e62 (MD5) === O autor analisa políticas e práticas de inclusão da pessoa com deficiência física no mercado de trabalho em Salvador, Bahia. Considerou como hipóteses que o modelo
biomédico não é adequado para orientar políticas de inclusão das pessoas com
deficiência, uma vez que a deficiência é, acima de tudo, um produto social; o suporte
familiar e a classe social são fundamentais nas chances de inclusão social das pessoas
com deficiência; e que as estratégias de inclusão no trabalho adotadas no Brasil são
insuficientes e, para que tenham êxito, precisam estar associadas a outras medidas
políticas, sociais, culturais e econômicas que levem em conta a complexidade do
mundo do trabalho e dos sujeitos envolvidos. Foram entrevistados, utilizando
questionários semi-estruturados, 22 deficientes físicos, dentre os quais trabalhadores
de banco, supermercado, terceirizados numa empresa estatal, dois comerciantes, uma
juíza, um professor e uma psicóloga. Foram ainda entrevistados 6 chefes e colegas
desses trabalhadores com deficiência, assim como e 7 técnicos e dirigentes de
instituições relacionadas à deficiência, totalizando 35 entrevistas. Foi feita revisão da
legislação, analisados dados censitários e estatísticas de emprego, além de realizadas
visitas a instituições dedicadas à capacitação e/ou inclusão de deficientes no mercado
de trabalho, onde foram entrevistados técnicos ou dirigentes. O autor concluiu que as
hipóteses iniciais foram confirmadas, destacando a importância do“modelo social”na
explicação da deficiência. Constatou ainda que o sistema de cotas de emprego, ainda
que seja uma política afirmativa que estimula a criação de vagas de trabalho informal e
cria novas oportunidades de trabalho formal, não é suficiente para garantir um número
de vagas suficientes para as pessoas com deficiência. Verificou que a formação
profissional não é assumida no Brasil como uma tarefa essencial do Estado, repassada
às suas entidades de defesa, que o fazem de modo precário. Para viabilizar sua
inclusão de deficientes, algumas dessas entidades chegam a assumir a terceirização de
trabalhadores deficientes, passando a enfrentar conflitos como patrões daqueles que
querem defender. Analisa que, para o senso comum, é de difícil compreensão a idéia
de que os socialmente excluídos devam ter direitos especiais. Identificou que as
estratégias e práticas de inclusão estão marcadas por situações que denomina de
ironias da desigualdade, que ocorrem tanto no âmbito da família, quanto no trabalho e
na sociedade, como por exemplo, a discriminação da deficiência congênita em relação
à deficiência adquirida; a ameaça de chefes a empregados, obrigando-os a tratar os
deficientes como normais; a visão da deficiência como virtude, por facilitar o acesso ao
emprego; a “desvantagem racial”superando a desvantagem física; a utilização do
deficiente como exemplo de bom trabalhador e fator de disciplinamento, em razão da
sua superação de limites; a vitimização do deficiente que é submetido às mesmas
condições de risco dos demais trabalhadores e termina por ser excluído do trabalho
através da demissão ou aposentadoria. É destacada a importância de novos estudos e
políticas de inclusão das pessoas com deficiência no Brasil. === ABSTRACT: The author had studied politics and practical of inclusion of people with physical
disablement in the work market in Salvador, Brazil. He had considered as hypotheses
that the biomedical model is not adjusted to guide politics of inclusion of the disabled
people, once disablement is, above all, a social product; the familiar support and the
social classroom are basic factor in the possibilities of social inclusion of the people with
disablement; the strategies of inclusion in the work adopted in Brazil are insufficient and
need to be associates to other measures politics, social, cultural and economic that take
in account the complexity of the world of the work and the involved individuals. 35
people have been interviewed: 22 physical disabled workers, 6 other people among their
heads and colleagues, and 7 professionals and leaderships of institution of disabled
people. Specific legislation and statistics of employment were analysed, beyond carried
through visits the dedicated institutions to the qualification and/or inclusion of disabled in
the job market. The author confirms the initial hypotheses, emphasizing the importance
of“social model”on the explication of disablement. He had evidenced that the system of
quotas of job, in spite of stimulates new chances of formal and informal work, is not
enough to guarantee an enough number of jobs for the disabled workers. He had
verified that the professional formation of the disabled is attributed by the State to its
associations, activity that they carry through in precarious way. Some of those nongovernmental
institutions also have assumed the condition of employer of disabled
workers to make possible its inclusion, incorporating a contradictory situation. The
author had identified that strategies and practical of inclusion marked for situations that
calls of ironies of the inequality, that occur in such a way in the scope of the family, in
the work and the society, as, for example, the discrimination of the congenital
disablement in relation to the acquired disablement; the fact of heads compelling
workers to treat disabled people as the normal ones; the vision of the impairment as a
virtue, for facilitating the access to the job; the fact of race is cause of more
disadvantage than the physical impairment; the use of the disabled as example of good
worker, in reason of its overcoming of limits; the exposure of the disabled worker to the
same conditions of occupational risks and diseases, what results in exclusion from the
work through the resignation or retirement. The author considers the importance of new studies and politics of inclusion of the deficient in Brazil.
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