Jovens indígenas universitários: experiências de transições e etnogênese acadêmica nas fronteiras interculturais do desenvolvimento.

Submitted by SUELI RESSURREIÇÃO (suelibarros13@gmail.com) on 2016-08-10T15:20:16Z No. of bitstreams: 1 Sueli_Barros (Tese).pdf: 9967149 bytes, checksum: d7175615a72902e91316aee3eb7da15d (MD5) === Approved for entry into archive by Hozana Azevedo (hazevedo@ufba.br) on 2017-08-10T14:07:46Z (GMT) No....

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Ressurreição, Sueli Barros da
Other Authors: Sampaio, Sônia Maria Rocha
Language:Portuguese
Published: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas 2017
Subjects:
Online Access:http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/23921
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language Portuguese
sources NDLTD
topic EDUCAÇÃO
PSICOLOGIA
ANTROPOLOGIA
Educação superior
Ações afirmativas
Transições juvenis
Estudantes indígenas
Desenvolvimento psicossocial
Etnogênese acadêmica
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Etnogênese acadêmica
Ressurreição, Sueli Barros da
Jovens indígenas universitários: experiências de transições e etnogênese acadêmica nas fronteiras interculturais do desenvolvimento.
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Observam, entretanto, que as políticas de inclusão brasileiras ainda não dão respostas satisfatórias às particularidades culturais e às necessidades materiais desse segmento da juventude, o que fragiliza sua permanência nesse nível de escolaridade. Essas políticas nem acolhem as demandas do jovem indígena, nem apostam na construção de uma formação intercultural no interior da universidade, que inclua a história e os saberes de suas comunidades. Esta pesquisa parte desse cenário e teve como objetivo compreender os significados atribuídos por estudantes indígenas às histórias de rupturas e transições no seu desenvolvimento psicossocial, que ocorrem a partir do acesso e ao longo de seus estudos. Fundamentou-se nas perspectivas socioantropológicas e na Psicologia Cultural de orientação semiótica. Apoiou-se na abordagem qualitativa de cunho etnográfico, recorrendo a métodos como análise documental, entrevista semiestruturada e entrevista episódica. Os participantes foram oito estudantes indígenas com idade entre 18 e 29 anos, de ambos os sexos, que já haviam concluído o primeiro ano de curso em áreas de conhecimento diversas. Todos eles haviam ingressado através sistema de cotas étnico-raciais, e faziam sua formação superior na Universidade do Estado da Bahia. A análise dos casos únicos enfatizou a identificação de núcleos temáticos centrados nas ambivalências e signos emergentes das narrativas sobre trajetórias e posicionamentos identitários. Os resultados do estudo apontam como principais tensões e incertezas sentidas como rupturas, primeiro, para o choque cultural entre os modelos e a qualidade da educação básica, confrontados com o novo contexto vivenciado na educação superior; segundo, para a ambivalência entre os pertencimentos socioculturais e a relocação espaço-temporal, decorrente da mudança de território. Nas narrativas, as cotas assumem papel de signo que potencializa a visibilidade e o reconhecimento dos indígenas como sujeitos de direito. A experiência universitária é significada como espaço-tempo propício para transições, no qual as tensões entre os conhecimentos locais e científicos, os reconhecimentos entre os pares e o espaço dialógico intercultural são os aspectos mais destacados pelos estudantes, que os transformam em recursos simbólicos, promotores da reconfiguração do Self no contexto acadêmico. Finalmente, o estudo conclui que a universidade pode ser considerada como zona de fronteira entre culturas, assumindo papel de signo catalisador, a partir do qual a ressignificação da cultura coletiva e a reconfiguração do Self do estudante indígena têm expressão. Essas conclusões confirmam que as dimensões do Self em contextos educativos são formadas e reativadas durante fases críticas da vida, momentos de mudanças, como o ingresso dos jovens na universidade, e de reposicionamentos identitários e socioculturais, que parecem típicos das transições juvenis. Os estudantes afirmam diferentes posicionamentos identitários que guiam suas experiências de transições, desenhando trajetórias singulares e protagonizando novas faces e novas formas de afirmação como jovens, indígenas e universitários, recriando-se na complexa relação entre diferentes culturas. Esse processo foi aqui nomeado de etnogênese acadêmica, termo que se refere à assunção desse novo sujeito, gestado na relação intercultural que se processa a partir do ingresso deste jovem indígena na universidade, e na construção dos pertencimentos e saberes vivenciados durante sua permanência nessa instituição. === Research results indicate a growing interest of young Indians in higher education. They also point out, however, that Brazilian inclusion policies do not respond satisfactorily to cultural specificities and to material needs of this segment, which weakens their permanence in higher education. These policies are not receptive to young Indians demands and do not invest in the construction of an intercultural education at the university which includes their communities’ history and knowledge. This research starts in this scenery and aims to understand the meanings that Indian students attribute to the history of ruptures and transitions in their psychosocial development occurring after the access to and along their permanence in higher education. The research is based on socio-anthropological perspectives and on semiotically oriented cultural psychology. It resorts to an ethnographic qualitative approach, using methods such as documental analysis, semi-structured interviews and episodic interviews. Participants were eight male and female Indian students aged 18 to 29 years old who had already gone through the first year of study in several areas. All these students had had access to higher education at the State University of Bahia through racial-ethnic quotas. The analysis of single cases emphasized the identification of thematic nuclei centered on ambivalences and signs emerging from the narratives about trajectories and identity positioning. Results point out, as the main tensions and uncertainties experienced as ruptures, firstly the cultural struggle between basic education values and quality in opposition to the new context experienced in higher education; secondly, the ambivalence between sociocultural belonging and the spatialtemporal re-allocation resulting from the move to a new territory. Quotes appear, in the narrative, as potential signs which increase the visibility and the recognition of Indians as subjects of rights. The experience of higher education is signified as a favorable space-time for transitions, where tensions between local and scientific knowledge, the recognition between peers and the intercultural dialogical space are the aspects highlighted by the students, who turn them into symbolic resources to promote the reconfiguration of the Self in the academic context. Finally, the study concludes that higher education may be considered as a frontier zone between cultures, holding the role of a catalyst sign from which the resignification of collective culture and the reconfiguration of the Indian students’ Self can be expressed. These conclusions confirm that the dimensions of the Self in educational contexts are formed and re-activated during critical phases of life, at moments of change, such as youths entering higher education, and of identity and sociocultural repositioning which seem to be typical of youth transitions. The students state different identity positioning guiding their transitions experiences, unveiling singular trajectories and being the actors of new faces and new forms of assertiveness as youngsters, as Indians and as higher education students, recreating themselves in the complex relationship between different cultures. This process was named here as academic ethnogenesis, referring to the assumption of this new subject, born in the intercultural relationship established from the entrance of this young Indian in higher education and the construction of belonging and knowledge experienced during his/ her permanence at this institution.
author2 Sampaio, Sônia Maria Rocha
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Ressurreição, Sueli Barros da
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spelling ndltd-IBICT-oai-192.168.11-11-ri-239212018-10-07T07:43:54Z Jovens indígenas universitários: experiências de transições e etnogênese acadêmica nas fronteiras interculturais do desenvolvimento. Ressurreição, Sueli Barros da Sampaio, Sônia Maria Rocha Bastos, Ana Cecília de Sousa Bittencourt Luciano, Gersem José dos Santos Tateo, Luca Messeder, Marcos Luciano Oliveira, Maria Cláudia Santos Lopes de EDUCAÇÃO PSICOLOGIA ANTROPOLOGIA Educação superior Ações afirmativas Transições juvenis Estudantes indígenas Desenvolvimento psicossocial Etnogênese acadêmica Submitted by SUELI RESSURREIÇÃO (suelibarros13@gmail.com) on 2016-08-10T15:20:16Z No. of bitstreams: 1 Sueli_Barros (Tese).pdf: 9967149 bytes, checksum: d7175615a72902e91316aee3eb7da15d (MD5) Approved for entry into archive by Hozana Azevedo (hazevedo@ufba.br) on 2017-08-10T14:07:46Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Sueli_Barros (Tese).pdf: 9967149 bytes, checksum: d7175615a72902e91316aee3eb7da15d (MD5) Made available in DSpace on 2017-08-10T14:07:46Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Sueli_Barros (Tese).pdf: 9967149 bytes, checksum: d7175615a72902e91316aee3eb7da15d (MD5) 1. BOLSA PAC/Universidade do Estado da Bahia 2. Fundação de Amparo à Pesquisa (FAPESB) Pesquisas apontam um crescente interesse de jovens indígenas pela educação superior. Observam, entretanto, que as políticas de inclusão brasileiras ainda não dão respostas satisfatórias às particularidades culturais e às necessidades materiais desse segmento da juventude, o que fragiliza sua permanência nesse nível de escolaridade. Essas políticas nem acolhem as demandas do jovem indígena, nem apostam na construção de uma formação intercultural no interior da universidade, que inclua a história e os saberes de suas comunidades. Esta pesquisa parte desse cenário e teve como objetivo compreender os significados atribuídos por estudantes indígenas às histórias de rupturas e transições no seu desenvolvimento psicossocial, que ocorrem a partir do acesso e ao longo de seus estudos. Fundamentou-se nas perspectivas socioantropológicas e na Psicologia Cultural de orientação semiótica. Apoiou-se na abordagem qualitativa de cunho etnográfico, recorrendo a métodos como análise documental, entrevista semiestruturada e entrevista episódica. Os participantes foram oito estudantes indígenas com idade entre 18 e 29 anos, de ambos os sexos, que já haviam concluído o primeiro ano de curso em áreas de conhecimento diversas. Todos eles haviam ingressado através sistema de cotas étnico-raciais, e faziam sua formação superior na Universidade do Estado da Bahia. A análise dos casos únicos enfatizou a identificação de núcleos temáticos centrados nas ambivalências e signos emergentes das narrativas sobre trajetórias e posicionamentos identitários. Os resultados do estudo apontam como principais tensões e incertezas sentidas como rupturas, primeiro, para o choque cultural entre os modelos e a qualidade da educação básica, confrontados com o novo contexto vivenciado na educação superior; segundo, para a ambivalência entre os pertencimentos socioculturais e a relocação espaço-temporal, decorrente da mudança de território. Nas narrativas, as cotas assumem papel de signo que potencializa a visibilidade e o reconhecimento dos indígenas como sujeitos de direito. A experiência universitária é significada como espaço-tempo propício para transições, no qual as tensões entre os conhecimentos locais e científicos, os reconhecimentos entre os pares e o espaço dialógico intercultural são os aspectos mais destacados pelos estudantes, que os transformam em recursos simbólicos, promotores da reconfiguração do Self no contexto acadêmico. Finalmente, o estudo conclui que a universidade pode ser considerada como zona de fronteira entre culturas, assumindo papel de signo catalisador, a partir do qual a ressignificação da cultura coletiva e a reconfiguração do Self do estudante indígena têm expressão. Essas conclusões confirmam que as dimensões do Self em contextos educativos são formadas e reativadas durante fases críticas da vida, momentos de mudanças, como o ingresso dos jovens na universidade, e de reposicionamentos identitários e socioculturais, que parecem típicos das transições juvenis. Os estudantes afirmam diferentes posicionamentos identitários que guiam suas experiências de transições, desenhando trajetórias singulares e protagonizando novas faces e novas formas de afirmação como jovens, indígenas e universitários, recriando-se na complexa relação entre diferentes culturas. 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This research starts in this scenery and aims to understand the meanings that Indian students attribute to the history of ruptures and transitions in their psychosocial development occurring after the access to and along their permanence in higher education. The research is based on socio-anthropological perspectives and on semiotically oriented cultural psychology. It resorts to an ethnographic qualitative approach, using methods such as documental analysis, semi-structured interviews and episodic interviews. Participants were eight male and female Indian students aged 18 to 29 years old who had already gone through the first year of study in several areas. All these students had had access to higher education at the State University of Bahia through racial-ethnic quotas. The analysis of single cases emphasized the identification of thematic nuclei centered on ambivalences and signs emerging from the narratives about trajectories and identity positioning. Results point out, as the main tensions and uncertainties experienced as ruptures, firstly the cultural struggle between basic education values and quality in opposition to the new context experienced in higher education; secondly, the ambivalence between sociocultural belonging and the spatialtemporal re-allocation resulting from the move to a new territory. Quotes appear, in the narrative, as potential signs which increase the visibility and the recognition of Indians as subjects of rights. The experience of higher education is signified as a favorable space-time for transitions, where tensions between local and scientific knowledge, the recognition between peers and the intercultural dialogical space are the aspects highlighted by the students, who turn them into symbolic resources to promote the reconfiguration of the Self in the academic context. Finally, the study concludes that higher education may be considered as a frontier zone between cultures, holding the role of a catalyst sign from which the resignification of collective culture and the reconfiguration of the Indian students’ Self can be expressed. These conclusions confirm that the dimensions of the Self in educational contexts are formed and re-activated during critical phases of life, at moments of change, such as youths entering higher education, and of identity and sociocultural repositioning which seem to be typical of youth transitions. The students state different identity positioning guiding their transitions experiences, unveiling singular trajectories and being the actors of new faces and new forms of assertiveness as youngsters, as Indians and as higher education students, recreating themselves in the complex relationship between different cultures. This process was named here as academic ethnogenesis, referring to the assumption of this new subject, born in the intercultural relationship established from the entrance of this young Indian in higher education and the construction of belonging and knowledge experienced during his/ her permanence at this institution. 2017-08-10T14:07:46Z 2017-08-10T14:07:46Z 2017-08-10 2015-07-10 info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/doctoralThesis http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/23921 TESE por info:eu-repo/semantics/openAccess Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA UFBA brasil reponame:Repositório Institucional da UFBA instname:Universidade Federal da Bahia instacron:UFBA