Monitoramento da exposição a solventes orgânicos em trabalhadores da Indústria da Construção na Bahia, 2000-2009
Submitted by Hiolanda Rêgo (hiolandarego@gmail.com) on 2017-07-21T15:15:38Z No. of bitstreams: 1 Tese_ISC_ Luísa Silva Lima.pdf: 1517894 bytes, checksum: a579acfb41b734b3cc039fa946f4ff22 (MD5) === Approved for entry into archive by Delba Rosa (delba@ufba.br) on 2017-07-28T14:35:32Z (GMT) No. of bi...
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Instituto de Saúde Coletiva
2017
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Tese_ISC_ Luísa Silva Lima.pdf: 1517894 bytes, checksum: a579acfb41b734b3cc039fa946f4ff22 (MD5) === Introdução: A Indústria da Construção (IC) é conhecida pelo elevado risco de acidentes de trabalho, entretanto exposições químicas associadas a enfermidades graves são também comuns nessa atividade. Uma dessas exposições é o grupo dos solventes orgânicos, substâncias voláteis e solúveis utilizadas como diluentes, dispersantes ou solubilizantes de grande aplicação em tintas, óleos, graxas e vernizes. Solventes são, em geral, alvo da vigilância em saúde do trabalhador que compreende dentre outras ações, o monitoramento ocupacional, ambiental e individual a exemplo dos biomarcadores. Em muitos países, o monitoramento de biomarcadores de exposição para trabalhadores potencialmente expostos é uma recomendação que pode ser compulsória e é, comumente, conduzida sob a responsabilidade da empresa. No Brasil, desde 1978, a Norma Regulamentadora nº7 (NR-7) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) define a obrigatoriedade do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) que estabelece indicadores biológicos para o monitoramento compulsório e também o Índice Biológico Máximo Permitido (IBMP), valor de referência para “exposição excessiva” a agentes químicos. Todavia são raros os estudos que avaliam esse monitoramento, estimando a dimensão da exposição a solventes orgânicos empregando biomarcadores especialmente na indústria da construção.
Objetivos: Analisando dados da IC na Bahia, entre 2000 e 2009, pretende-se: 1) avaliar a implantação do monitoramento dos biomarcadores de exposição a solventes orgânicos (BESOL) realizado pelo Serviço Social da Indústria, Departamento Regional da Bahia (SESI-BA), em empresas da Indústria da Construção, além de estimar indicadores biológicos de exposição ao xileno, tolueno, nitrobenzeno, metanol, diclorometano e estireno; 2) estimar indicadores biológicos de exposição a solventes orgânicos em trabalhadores da indústria da construção, por grupos ocupacionais; 3) analisar a evolução temporal da magnitude da exposição ao xileno e tolueno de 2000 a 2009.
Métodos: Este é um estudo de coorte retrospectiva, de população dinâmica, conduzido com dados do sistema de gerenciamento de segurança e saúde (SGSS) de empresas que contrataram o SESI-BA, entre os anos de 2000 e 2009. Dentre os dados do SGSS, incluem-se medidas de alguns BESOL específicos para o tolueno, xileno, estireno, nitrobenzeno, diclorometano e o metanol. Especificamente, o ácido hipúrico, ácido metilhipúrico e ácido mandélico, estimados em g/g de creatinina na urina foram mensurados por cromatografia líquida (Cromatografia Líquida de Alto Desempenho - CLAD); a metahemoglobina e carboxihemoglobina foram medidas no sangue empregando a espectrofotometria ultravioleta visível (UV/VIS); enquanto que para o metanol, medido em mg/l na urina, utilizou-se a cromatografia gasosa. Conforme NR7, a carboxihemoglobina e a metahemoglobina foram considerados indicadores biológicos de exposição, devido à sua curta meia-vida biológica. O desempenho do monitoramento foi mensurado pela razão do número de exames de biomarcadores e total de trabalhadores monitorados para saúde ocupacional. A análise de dados individuais foi realizada separadamente para trabalhadores e medidas repetidas dos exames, considerando-se o IBMP, valores acima e abaixo, e entre estes últimos as respectivas distribuições. Analisaram-se também indicadores de BESOL de acordo com ocupações específicas e suas variações ao longo do tempo.
Resultados: Foram identificados 446 trabalhadores com medidas de BESOL, que totalizaram 629 registros de exames. Em 2000, estimou-se a cobertura do monitoramento em 1:1.000 trabalhadores para ao menos um exame de BESOL, que aumentou para 65:1.000 em 2009. Nenhuma das medidas de BESOL ultrapassou os IBMP, exceção para o ácido hipúrico, para o qual foram obtidas três medidas acima de seu IBMP (2,62, 2,97 e 3,91 g/g de creatinina); e também para a carboxihemoglobina para a qual 13 medidas variaram entre 3,6% a 6,1%. Para as demais abaixo do IBMP, 5,0% apresentaram valores desviantes superiores para o ácido hipúrico, 23,4% para o ácido metilhipúrico, 9,6% para metahemoglobina e 5,3% ácido mandélico. Os grupos ocupacionais mais comumente monitorados para BESOL foram pintores e pedreiros, respectivamente, de obras de infraestrutura e serviços para a construção, concentrados em duas empresas (69,0%). Enquanto o maior número de valores desviantes superiores foi observado para o ácido hipúrico, metilhipúrico e metahemoglobina em pedreiros e pintores. Houve crescimento na realização dos exames de biomarcadores do tolueno e xileno, ácidos hipúrico e metilhipúrico, entre 2000 e 2009, e redução dos seus valores medianos ao longo desses anos. A evolução temporal das mensurações do ácido hipúrico no mesmo indivíduo mostrou que a maioria das tendências de variação foi de queda (85,3%); entretanto, 14,7% dos trabalhadores que tiveram mais de uma medida ao longo do tempo apresentaram elevação dos valores.
Conclusões: Houve melhoria da cobertura do monitoramento dos BESOL realizado pelo SESI em empresas da IC na Bahia entre 2000 e 2009. Neste período houve poucas medidas acima do IBMP e a tendência foi de queda das medidas do ácido hipúrico e metilhipúrico, biomarcadores do tolueno e xileno, sugestiva de redução da exposição, que evidencia efetividade das medidas de controle. Recomenda-se que outros estudos focalizem anos recentes; que o monitoramento se amplie para outras empresas e trabalhadores da IC, contemplando análises adequadas e de rotina. Este conhecimento deve ser utilizado para planejamento e implementação de ações efetivas para proteção da saúde dos trabalhadores. |
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Santana, Vilma Sousa |
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ndltd-IBICT-oai-192.168.11-11-ri-237232018-10-07T07:45:20Z Monitoramento da exposição a solventes orgânicos em trabalhadores da Indústria da Construção na Bahia, 2000-2009 Lima, Luísa Silva Santana, Vilma Sousa Santana, Vilma Sousa Carvalho, Fernando Martins André, Leiliane Coelho Tavares, Tânia Mascarenhas Filho, José Antônio Menezes Ciências da Saúde Monitoramento biológico Exposição ocupacional Exposição ocupacional Solventes orgânicos Ocupação Tendências Indústria da construção Submitted by Hiolanda Rêgo (hiolandarego@gmail.com) on 2017-07-21T15:15:38Z No. of bitstreams: 1 Tese_ISC_ Luísa Silva Lima.pdf: 1517894 bytes, checksum: a579acfb41b734b3cc039fa946f4ff22 (MD5) Approved for entry into archive by Delba Rosa (delba@ufba.br) on 2017-07-28T14:35:32Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Tese_ISC_ Luísa Silva Lima.pdf: 1517894 bytes, checksum: a579acfb41b734b3cc039fa946f4ff22 (MD5) Made available in DSpace on 2017-07-28T14:35:32Z (GMT). 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No Brasil, desde 1978, a Norma Regulamentadora nº7 (NR-7) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) define a obrigatoriedade do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) que estabelece indicadores biológicos para o monitoramento compulsório e também o Índice Biológico Máximo Permitido (IBMP), valor de referência para “exposição excessiva” a agentes químicos. Todavia são raros os estudos que avaliam esse monitoramento, estimando a dimensão da exposição a solventes orgânicos empregando biomarcadores especialmente na indústria da construção. Objetivos: Analisando dados da IC na Bahia, entre 2000 e 2009, pretende-se: 1) avaliar a implantação do monitoramento dos biomarcadores de exposição a solventes orgânicos (BESOL) realizado pelo Serviço Social da Indústria, Departamento Regional da Bahia (SESI-BA), em empresas da Indústria da Construção, além de estimar indicadores biológicos de exposição ao xileno, tolueno, nitrobenzeno, metanol, diclorometano e estireno; 2) estimar indicadores biológicos de exposição a solventes orgânicos em trabalhadores da indústria da construção, por grupos ocupacionais; 3) analisar a evolução temporal da magnitude da exposição ao xileno e tolueno de 2000 a 2009. Métodos: Este é um estudo de coorte retrospectiva, de população dinâmica, conduzido com dados do sistema de gerenciamento de segurança e saúde (SGSS) de empresas que contrataram o SESI-BA, entre os anos de 2000 e 2009. Dentre os dados do SGSS, incluem-se medidas de alguns BESOL específicos para o tolueno, xileno, estireno, nitrobenzeno, diclorometano e o metanol. Especificamente, o ácido hipúrico, ácido metilhipúrico e ácido mandélico, estimados em g/g de creatinina na urina foram mensurados por cromatografia líquida (Cromatografia Líquida de Alto Desempenho - CLAD); a metahemoglobina e carboxihemoglobina foram medidas no sangue empregando a espectrofotometria ultravioleta visível (UV/VIS); enquanto que para o metanol, medido em mg/l na urina, utilizou-se a cromatografia gasosa. Conforme NR7, a carboxihemoglobina e a metahemoglobina foram considerados indicadores biológicos de exposição, devido à sua curta meia-vida biológica. O desempenho do monitoramento foi mensurado pela razão do número de exames de biomarcadores e total de trabalhadores monitorados para saúde ocupacional. A análise de dados individuais foi realizada separadamente para trabalhadores e medidas repetidas dos exames, considerando-se o IBMP, valores acima e abaixo, e entre estes últimos as respectivas distribuições. Analisaram-se também indicadores de BESOL de acordo com ocupações específicas e suas variações ao longo do tempo. Resultados: Foram identificados 446 trabalhadores com medidas de BESOL, que totalizaram 629 registros de exames. Em 2000, estimou-se a cobertura do monitoramento em 1:1.000 trabalhadores para ao menos um exame de BESOL, que aumentou para 65:1.000 em 2009. Nenhuma das medidas de BESOL ultrapassou os IBMP, exceção para o ácido hipúrico, para o qual foram obtidas três medidas acima de seu IBMP (2,62, 2,97 e 3,91 g/g de creatinina); e também para a carboxihemoglobina para a qual 13 medidas variaram entre 3,6% a 6,1%. Para as demais abaixo do IBMP, 5,0% apresentaram valores desviantes superiores para o ácido hipúrico, 23,4% para o ácido metilhipúrico, 9,6% para metahemoglobina e 5,3% ácido mandélico. Os grupos ocupacionais mais comumente monitorados para BESOL foram pintores e pedreiros, respectivamente, de obras de infraestrutura e serviços para a construção, concentrados em duas empresas (69,0%). Enquanto o maior número de valores desviantes superiores foi observado para o ácido hipúrico, metilhipúrico e metahemoglobina em pedreiros e pintores. Houve crescimento na realização dos exames de biomarcadores do tolueno e xileno, ácidos hipúrico e metilhipúrico, entre 2000 e 2009, e redução dos seus valores medianos ao longo desses anos. A evolução temporal das mensurações do ácido hipúrico no mesmo indivíduo mostrou que a maioria das tendências de variação foi de queda (85,3%); entretanto, 14,7% dos trabalhadores que tiveram mais de uma medida ao longo do tempo apresentaram elevação dos valores. Conclusões: Houve melhoria da cobertura do monitoramento dos BESOL realizado pelo SESI em empresas da IC na Bahia entre 2000 e 2009. Neste período houve poucas medidas acima do IBMP e a tendência foi de queda das medidas do ácido hipúrico e metilhipúrico, biomarcadores do tolueno e xileno, sugestiva de redução da exposição, que evidencia efetividade das medidas de controle. Recomenda-se que outros estudos focalizem anos recentes; que o monitoramento se amplie para outras empresas e trabalhadores da IC, contemplando análises adequadas e de rotina. Este conhecimento deve ser utilizado para planejamento e implementação de ações efetivas para proteção da saúde dos trabalhadores. 2017-07-28T14:35:32Z 2017-07-28T14:35:32Z 2017-07-28 2016-08-19 info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/doctoralThesis http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/23723 por info:eu-repo/semantics/openAccess Instituto de Saúde Coletiva em Saúde Coletiva UFBA brasil reponame:Repositório Institucional da UFBA instname:Universidade Federal da Bahia instacron:UFBA |