Redes sociais como fator de proteção contra as violências? Um estudo de caso no Curuzu
Submitted by Maria Creuza Silva (mariakreuza@yahoo.com.br) on 2014-07-16T19:57:19Z No. of bitstreams: 1 Dissertação Maria Clara Guimaraes. 2012.pdf: 2039835 bytes, checksum: 1893b795c1a8d07884b0ecc3113e7a21 (MD5) === Approved for entry into archive by Maria Creuza Silva (mariakreuza@yahoo.com.br)...
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analisa a conformação das redes sociais e sua possível relação com a proteção
contra as violências no Curuzu-Salvador-Bahia-Brasil. Diferentemente do que a
literatura aponta, o Curuzu, localidade de periferia urbana e majoritariamente negra,
apresentou baixos índices de violência em estudos anteriores. A investigação partiu
da hipótese de que as redes sociais podiam funcionar como fator de proteção.
Optou-se por um estudo de caso de cunho etnográfico que teve duração de quinze
meses, sendo que oito foram de forma intensiva (mínimo de três dias por semana
em campo). A observação focou quatro organizações do bairro: dois blocos
carnavalescos, uma associação de moradores e um terreiro de camdomblé. Os informantes foram os trabalhadores de diversos níveis dessas organizações, participantes e moradores. Uma das organizações se destaca quanto ao acúmulo de capital social e potencial de ação, todavia o entorno, embora beneficiado, não é seu foco. Tensões e articulações são reveladas. Os tipos de violência por eles destacados foram os homicídios e também as referidas ao trânsito, embora a doméstica (especialmente contra a mulher) tenha-se revelado com constância. Com o crescimento da violência, a sensação de insegurança se assemelha à cidade como um todo. Algumas ações de projetos sociais dentro das organizações
estudadas foram identificadas como ferramentas de enfrentamento, prevenção e
proteção à violência, além de promover qualidade de vida. Entre as atividades com
este fim, há a capoeira e a educação de cunho reafirmativo (racial), com o intuito de
ampliar o capital escolar, cultural e econômico do jovem negro. A capoeira, além de
ser considerado um esporte barato, demonstrou ser potente no suporte e educação
de forma global, além de ser um espaço que permite a reconstrução de laços familiares para sustentar fragilidades sociais. Desse modo, atua desde o enfrentamento de questões dos alunos que se envolvem em situações de
fragilidade, marginalidade e violência, e também com foco na prevenção e proteção
desse jovem da violência e da discriminação. As atividades educativas propostas
pelos blocos afros atuam mais no âmbito da prevenção e proteção, com foco na orientação. Apesar da existência de organizações sociais supostamente capazes de
proteger contra as violências, a forma como estas vêm-se desenvolvendo em Salvador, inclusive no Curuzu, sinaliza para uma situação na qual tais mecanismos parecem insuficientes para dar conta desses novos tempos. Por fim, sugerem-se novas pesquisas contemplando a violência contra a mulher e o comportamento dos jovens no que se refere aos riscos e às motivações para a superação. |
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