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Previous issue date: 2010 === Diferentemente do cenário de forte letalidade que marcou o início da epidemia de aids,
a sorologia positiva em relação ao HIV tem se caracterizado como uma doença de longa
duração, podendo significar para a pessoa portadora a convivência com uma doença de
caráter crônico. Tendo como referencial a literatura sócio-antropológica, o presente
estudo aborda a experiência de casais com sorologias distintas em relação ao HIV a
partir das narrativas de ambos os cônjuges, em uniões formadas anterior ou
posteriormente ao conhecimento da sorologia positiva de um deles. Foram
entrevistados nove casais usuários de um serviço de Saúde Pública Especializada em
DST/HIV/aids, localizado na cidade de Salvador, Ba. A vida cotidiana relatada pelos
casais mostra uma diversidade de situações em que o momento de ruptura inicial do
diagnóstico e o impacto na vida sócio-afetiva de ambos podem adquirir outros
contornos com o passar do tempo, numa busca de acomodação e normalização da
relação conjugal. Mesmo vivenciando a rotina de convívio com uma doença crônica e
suas implicações, as narrativas aqui explicitadas mostram a especificidade de (con)
viver com uma doença como a aids, ainda marcada pelas reações de discriminação e
estigma na sociedade. A manutenção do sigilo adquire importância fundamental para o
casal, cujos vínculos são mantidos, reforçados ou alterados. O vínculo religioso e a
conversão a denominações de cunho pentecostal passaram a ser um suporte fundamental
para alguns casais, tanto no que se refere às interpretações acerca do diagnóstico quanto
à lida com a doença e ao fortalecimento dos laços conjugais. A complexidade do
mundo prático dos atores chama a atenção para um contexto de imprecisão e
indeterminação distanciando-nos de perspectivas deterministas acerca da aids e da
convivência com o HIV.
In comparison to the high death rate linked to the beginning of the AIDS epidemic, HIV
seropositivity is today considered a long-term illness, and, as such, carriers can be
characterized as living with a chronic illness. Taking socio-anthropological literature as
a theoretical base, this work studies the experiences of HIV sero-different couples –
based on both partners’ stories – in relationships started before or after they found out
that one of them was seropositive. Nine couples were interviewed, all of them clients of
a public health service specialized in STD/HIV/AIDS in the city of Salvador, Bahia.
Diverse situations within the daily lives of these couples are analyzed, in which the
initial rupture caused by the positive diagnosis and the impact this had on the socioaffective
live of both spouses are capable of acquiring other meanings with the passage
of time, in the search for adaptation and a ‘normal’ conjugal relationship. Despite the
ability to construct routines that permit these couples to live with a chronic illness and
its impacts, the narratives studied here demonstrate the specificity of living with an
illness such as AIDS, still marked by societal discrimination and stigma. Secrecy is of
fundamental importance for these couples, as they keep, strengthen or change the bonds
between them. Religious ties or conversion to Pentecostal religious denominations
became fundamental support systems for some couples, while for others, different
interpretations of the diagnosis, the way they deal with the illness and the strengthening
of conjugal ties is as important. The complex nature of everyday life of these couples
and of society in general draws our attention the imprecision and uncertainty prevalent
in this context, thus demonstrating the inadequacy of deterministic theories in relation to
AIDS and living with HIV. === Salvador
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