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Previous issue date: 2011 === A inserção da saúde bucal no Sistema Único de Saúde (SUS) tem sido marcada por conflitos e contradições desde a sua criação. Esta tese, apresentada na forma de três artigos, corresponde ao resultado de uma investigação realizada no município de Salvador-Bahia sobre as práticas de saúde dos cirurgiões-dentistas (CD) que trabalham na Estratégia de Saúde da Família (ESF), com foco nos desafios do trabalho em equipe multiprofissional. A coleta dos dados foi realizada nos anos de 2009 e 2010. O primeiro artigo, de natureza quantitativa, teve por objetivo descrever e analisar o perfil e as percepções dos CD sobre o trabalho em equipe multiprofissional, a gestão desse trabalho e a assistência que se realiza em saúde bucal a partir de análise documental, observação direta do trabalho e aplicação de um questionário semi-estruturado a oitenta profissionais lotados em quarenta e cinco Unidades de Saúde da Família (USF). O segundo, de natureza qualitativa, correspondeu à análise das narrativas acerca desse trabalho em equipe multiprofissional (na gestão, na assistência e na promoção da saúde) obtidas de uma sub-amostra de oito CD, a partir de entrevistas em profundidade, grupos focais e observação direta do trabalho, considerando dimensões simbólicas e estruturais. O terceiro artigo, também de natureza qualitativa, buscou focar nas concepções de autonomia, poder e hierarquia que permeiam a dinâmica desse trabalho em equipe. Os achados demonstram que o modelo assistencial assumido pela ESF pouco influenciou na mudança das práticas de saúde bucal: a prioridade continua sendo o pronto-atendimento e há, ainda, uma ênfase na ocupação da agenda com ações assistenciais curativas em detrimento das ações de proteção individual e coletivas. Podemos identificar também entraves nas práticas de gestão, com destaque às limitações das reuniões de planejamento e avaliação nas equipes estudadas, seja pela falta de periodicidade destas, seja na aparente deficiência de reconhecimento destes procedimentos como sendo de construção e responsabilização da equipe, ou ainda na falta de valorização da participação coletiva nesses processos. Além da ineficiência e carência dos recursos humanos, a insuficiência de recursos financeiros e físicos foi também explicitada pela maioria dos entrevistados. A gestão da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a Coordenação de Saúde Bucal do Município foi uma das principais dificuldades para o desenvolvimento das atividades de atenção na saúde bucal segundo os entrevistados. Destacam-se ainda outros fatores dificultadores: a precariedade nas modalidades de contratação, a irregularidade na remuneração dos profissionais, a carência de educação permanente, assim como dos problemas de infra-estrutura e de manutenção dos equipamentos. Esta pesquisa traz alguns elementos para o entendimento do trabalho dos CD na esfera pública. Almeja contribuir com a reflexão acerca dos desafios e descaminhos para a consolidação da saúde bucal e sobre a articulação possível das ações de promoção, proteção, curativas e reabilitadores no cotidiano dessas práticas. === Salvador
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