Summary: | Este estudo teve como objetivo compreender a experiência de homens submetidos à amputação de membros inferiores. Para tal compreensão, foram utilizados o referencial teórico da Antropologia Interpretativa de Geertz e o método etnográfico. Participaram do estudo oito homens, cadastrados no Centro de Referência em Medicina Física e Reabilitação do Sul de Minas Gerais. Foram respeitados os preceitos éticos, como a aprovação do estudo pelo Comitê de Ética sob o CAAE 26203814.3.0000.5142 e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos participantes. A coleta de dados ocorreu no período de fevereiro a novembro de 2014, em domicílio por meio de entrevistas semiestruturadas gravadas, de observação participante e de anotações em diário de campo. Da análise, surgiu um eixo central transversal: “A luta pela independência” perpassado por dois eixos perpendiculares “Meu corpo marcado como uma marca na vida” e “Refazendo minha identidade masculina”. A amputação marca o corpo e a vida dos homens que diante das limitações impostas por tal condição se veem subordinados ao seu grupo social. Essa dependência gera sentimentos de inutilidade e de tristeza, contrariando as concepções do senso comum sobre o papel do homem na sociedade. A prótese surge como um horizonte de possibilidades, assumindo papel preponderante no processo de amputação, uma vez que permite a inserção do homem a um novo contexto de experiência, dando a ele uma segunda chance de vida. Apreendemos que ao se identificar com o outro, que também passou pelo processo de amputação, os homens tentam refazer sua identidade a partir das interações subjetivas e intersubjetivas e aos poucos, buscam mobilizar-se para a vida apesar da amputação. Constatamos uma pluralidade nos modos de significar a amputação, uma vez que, se trata de uma experiência única e singular. Essa experiência transita entre o “ser” e o “sentir-se” deficiente, e é influenciada pelo contexto sociocultural e pela trajetória pessoal, na qual a nova condição é aceita ou refutada. Verificamos a necessidade de mudança atitudinal da equipe de enfermagem em relação à assistência prestada às pessoas com amputação. Aprender com essas pessoas sobre a experiência da amputação contribui para repensar o cuidado à saúde, na vertente da indissociabilidade corpo e mente, considerando e respeitando a diversidade sociocultural. === This study aimed to understand the men´s experience undergoing amputation of lower limbs. To achieve this understanding, the theoretical referential of Interpretive Anthropology of Geertz and the ethnographic method were used. Eight men participated in this study, registered in the Reference Center in Physical Medicine and Rehabilitation of the South of Minas Gerais. The ethical precepts were respected, as the approval of the study by the Ethics Committee under CAAE 26203814.3.0000.5142 and signing the informed consent form by the participants. Data collection occurred from February to November 2014, at participant´s home through semi-structured interviews, participant observation and recorded notes in field journal. From the analysis, a central axis transverse emerged: “the struggle for independence” composed by two perpendicular axes “My body marked as a mark in life” and “Redoing my male identity”. Amputation marks the body and the men´s lives that on the limitations imposed by such a condition are subordinate to their social group. This dependency generates feelings of worthlessness and sadness, contradicting the conceptions of common sense about the man's role in society. The prosthesis emerges as a horizon of possibilities, assuming leading role in the amputation process, since it allows the insertion of man to a new context of experience, giving him a second chance at life. We understand that when men identified with others that also went through the amputation process, they try to remake their identity from the subjective and intersubjective interactions and gradually seek to mobilize for life despite the amputation. We found a plurality of modes in amputation meanings, since this is a unique and singular experience. This experience has a transitions between “to be” and the “to feel” deficient, and it is influenced by the socio-cultural context and personal trajectory, in which the new condition is accepted or rejected. We see the need to change nursing staff attitude regarding the assistance provided to people with amputation. Learning from these people about the amputation experience, contributes to rethink health care, in terms of body and mind inseparability, considering and respecting cultural diversity. === Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
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