Summary: | At some stage of public debate, anthropology must examine important social questions; but in order to properly fulfil its task, it must problematize such questions in ways that differ from those used in the public sphere. In this article we use research carried out on information and lies in the doctor-patient relationship to explore the role that the public debate on patient information played in the development of this research, while emphasizing the distinctive process of anthropological inquiry. We will look at how the research project developed both as an echo of and in disparity with the questions circulating on this matter in the public sphere. We will show that the role of the anthropologist, in order to develop an ethnographic approach, is to take distance from the public debate by transforming the research object through the gradual construction of the problem to be studied. We will also show what ethnography has contributed to the debate and how its observations have reoriented it, approaching it in more sociological and more critical terms.<br>A um dado momento do debate público a antropologia tem de analisar questões sociais importantes, mas, para que possa levar a cabo a sua tarefa, terá de problematizar essas questões de maneira diferente da que é seguida no domínio público. Neste artigo partimos de uma pesquisa sobre a informação e a mentira na relação entre médico e paciente para explorar o papel desempenhado pelo debate público sobre a informação dos doentes no desenvolvimento dessa pesquisa, embora enfatizando o processo característico da investigação antropológica. Veremos como esse projecto de investigação se desenvolveu fazendo eco, mas distinguindo-se, simultaneamente, das questões que circulavam a esse respeito na esfera pública. Mostraremos que o papel do antropólogo, quando desenvolve uma abordagem etnográfica, deve ser o de se distanciar do debate público, transformando o objecto de estudo através da construção gradual do problema a ser estudado. Mostraremos também como a etnografia contribuiu para o debate e como as observações da primeira deram uma nova orientação ao segundo, ao formulá-lo em termos mais sociológicos e mais críticos.
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