Deserto excessivo: povoamento de multiplicidades
Na literatura portuguesa produzida a partir da metade do século 20, uma paisagem chama a atenção pela frequência com que aparece e, principalmente, pelas questões que movimenta: o deserto. Projetando-a sobre o pano histórico e cultural de Portugal, deparamos com seu papel de refutação contrastante e...
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Universidade Federal de Goiás
2015-05-01
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Series: | Texto Poético |
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doaj-febf42f5d63c48d0a1de4a8097abcffa2020-11-25T03:57:41ZporUniversidade Federal de GoiásTexto Poético1808-53852015-05-01101610.25094/rtp.2014n16a206195Deserto excessivo: povoamento de multiplicidadesAline Duque ERTHALNa literatura portuguesa produzida a partir da metade do século 20, uma paisagem chama a atenção pela frequência com que aparece e, principalmente, pelas questões que movimenta: o deserto. Projetando-a sobre o pano histórico e cultural de Portugal, deparamos com seu papel de refutação contrastante em relação ao mar. Guiados pelos poetas Carlos de Oliveira, Luis Miguel Nava e António Ramos Rosa, verificamos que o deserto, se constitui uma “obsessão” na poesia portuguesa moderna, não pode ser entendido apenas em seu sentido referencial, mas sim passível de leitura mesmo quando tal vocábulo não se imprime no papel. Por isso, mais do que apenas perseguilo enquanto significante, importa observar imagens e processos que escrevem esvaziamentos ou deserções do conhecido, atentando para o fato de que esses desertos poéticos não funcionam apenas com sinal de negativo: eles representam a multiplicidade do possível; canais de trocas e passagens; abertura para outros (sujeitos, configurações de mundo e linguagens); e reclamação por liberdade. São, portanto, potência, muito mais do que exclusão.http://rtp.emnuvens.com.br/rtp/article/view/206 |
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Na literatura portuguesa produzida a partir
da metade do século 20, uma paisagem chama a atenção
pela frequência com que aparece e, principalmente, pelas
questões que movimenta: o deserto. Projetando-a sobre
o pano histórico e cultural de Portugal, deparamos com
seu papel de refutação contrastante em relação ao mar.
Guiados pelos poetas Carlos de Oliveira, Luis Miguel Nava e
António Ramos Rosa, verificamos que o deserto, se constitui
uma “obsessão” na poesia portuguesa moderna, não pode
ser entendido apenas em seu sentido referencial, mas sim
passível de leitura mesmo quando tal vocábulo não se
imprime no papel. Por isso, mais do que apenas perseguilo
enquanto significante, importa observar imagens e
processos que escrevem esvaziamentos ou deserções do
conhecido, atentando para o fato de que esses desertos
poéticos não funcionam apenas com sinal de negativo: eles
representam a multiplicidade do possível; canais de trocas
e passagens; abertura para outros (sujeitos, configurações
de mundo e linguagens); e reclamação por liberdade. São,
portanto, potência, muito mais do que exclusão. |
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