Summary: | <p>A sala de aula é um espaço onde o conhecimento é alcançado na interação. Contudo, essa interação nem sempre se dá de forma simétrica. Professores e aprendentes têm diferentes direitos e deveres, o que os fazem desempenhar diferentes papéis durante as aulas. No entanto, mesmo em situações altamente hierárquicas como essas, há sempre um espaço para improvisação e mudanças que alteram a maneira como os participantes interagem. Essas mudanças causam a negociação de papéis institucionalmente impostos e reorganizam o espaço interativo da sala de aula. Neste artigo, discutimos alguns dados coletados de uma aula de Português Língua Estrangeira (PLE) em uma escola luso-chinesa de Macau, sudeste da China. Fazendo uso de uma análise microetnográfica, alguns dados momento-a-momento são interpretados, identificando aspectos que reorganizam o espaço interativo nas aulas. Os resultados indicam que mesmo sendo a figura central da sala de aula, a professora não consegue ter controle total do seu discurso e, por vezes, perde o seu papel de controladora da interação. Vários elementos verbais e não-verbais presentes durante a interação exercem influência na reorganização do espaço interativo, possibilitando aos alunos negociarem o poder usualmente delegado somente à professora. Este tipo de participação torna o poder em sala de aula menos centrado no professor, uma vez que não está limitado às regras impostas pelo sistema tradicional de ensino. Ele também desafia o determinismo social presente em estudos realizados em contextos chineses de ensino-aprendizagem.</p><p><strong>Palavras-chave:</strong> reorganização do espaço interativo, estrutura de participação, português língua estrangeira, aprendentes chineses.</p>
|