Summary: | A construção da ética do discurso, no que concerne às suas duas variantes originárias, ocorreu sob o signo da controvérsia. Esta deveu-se à forma diferenciada como a esfera da moral do discurso foi sendo tematizada no programa de cada autor e ao modo distinto de eles conceberem o conceito de razão prática. As respostas dadas a essa problemática acerca da esfera própria da moral resultarão em dois programas da ética do discurso que vão se distanciando progressivamente de suas raízes comuns e que irão, ao final, projetar duas concepções de razão prática bastante distintas e, em grande medida, inconciliáveis, de modo a ser impossível reuni-las sob uma mesma rubrica. Assim, em razão da diferença existente no programa inicial de cada autor entre a formulação de uma noção mais estreita de moral – deontológica, como a que defende Habermas – ou mais ampla – deontológico-teleológica, como o propõe Apel – ter-se-á como consequência que, para Habermas, a moral e a razão prática ficarão situadas dentro de uma teoria ou filosofia do discurso e a razão prática não poderá ser compreendida em sentido moral; em Apel, ambas as esferas ficarão situadas dentro da própria ética do discurso, de modo que a moral ocupará a parte A e a esfera da razão prática a parte B – teleológica – e será compreendida em sentido moral.
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