Dragões, régulos e fábricas: espíritos e racionalidade tecnológica na indústria moçambicana
Na indústria moçambicana mais actualizada (fundição de alumínio Mozal), os operários regem o seu trabalho por uma estrita racionalidade tecnológica, mas os anteriores sistemas locais de domesticação do infortúnio, envolvendo espíritos e feitiçaria, são partilhados ou suscitam uma dúvida plausível à...
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Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
2008-04-01
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Series: | Análise Social |
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doaj-f60c0ad0ebf944ab91b0d7314d8dc7f82020-11-24T22:46:59ZengInstituto de Ciências Sociais da Universidade de LisboaAnálise Social 0003-25732008-04-01187223249Dragões, régulos e fábricas: espíritos e racionalidade tecnológica na indústria moçambicanaPaulo GranjoNa indústria moçambicana mais actualizada (fundição de alumínio Mozal), os operários regem o seu trabalho por uma estrita racionalidade tecnológica, mas os anteriores sistemas locais de domesticação do infortúnio, envolvendo espíritos e feitiçaria, são partilhados ou suscitam uma dúvida plausível à maioria deles. Estas racionalidades coexistem em paralelo, com âmbitos de aplicação separados: ou a normalidade do funcionamento tecnológico, ou a interpretação dos acidentes que a subvertem. Por isso, e por ambos os sistemas exigirem atitudes securitárias semelhantes, não são contraditórios nem põem em causa a produtividade e a segurança. Não há razões para que a hegemonia da racionalidade tecnológica leve ao abandono das racionalidades «tradicionais».<br>In the most state-of-the-art Mozambican industry (the Mozal aluminium smelter), workers are guided by strict technological rationality, but earlier local systems of misfortune domestication, involving spirits and sorcery, are shared or give rise to plausible doubt amongst most of them. Such rationalities coexist in parallel, and apply in separate spheres: either in normal technological operation, or in interpreting accidents which subvert it. For this reason, and because both systems demand similar attitudes to security, they are not contradictory, nor do they adversely affect productivity and security. There is no reason for the hegemony of technological rationality to lead to the abandonment of «traditional» rationalities.http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0003-25732008000200002perigoindústriaracionalidade tecnológicainterpretação do infortúniodangerindustrytechnological rationalityinterpretation of misfortune |
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Na indústria moçambicana mais actualizada (fundição de alumínio Mozal), os operários regem o seu trabalho por uma estrita racionalidade tecnológica, mas os anteriores sistemas locais de domesticação do infortúnio, envolvendo espíritos e feitiçaria, são partilhados ou suscitam uma dúvida plausível à maioria deles. Estas racionalidades coexistem em paralelo, com âmbitos de aplicação separados: ou a normalidade do funcionamento tecnológico, ou a interpretação dos acidentes que a subvertem. Por isso, e por ambos os sistemas exigirem atitudes securitárias semelhantes, não são contraditórios nem põem em causa a produtividade e a segurança. Não há razões para que a hegemonia da racionalidade tecnológica leve ao abandono das racionalidades «tradicionais».<br>In the most state-of-the-art Mozambican industry (the Mozal aluminium smelter), workers are guided by strict technological rationality, but earlier local systems of misfortune domestication, involving spirits and sorcery, are shared or give rise to plausible doubt amongst most of them. Such rationalities coexist in parallel, and apply in separate spheres: either in normal technological operation, or in interpreting accidents which subvert it. For this reason, and because both systems demand similar attitudes to security, they are not contradictory, nor do they adversely affect productivity and security. There is no reason for the hegemony of technological rationality to lead to the abandonment of «traditional» rationalities. |
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