Summary: | Este artigo analisa o agenciamento das figuras enunciativas, quem diz, quem não diz, como se diz, para quem se diz, em duas cartas de alforria, registradas no Livro de Notas nº 2, do 1º Cartório de Villa Maria, Mato Grosso, na segunda metade do século XIX, e escolhidas por conter, na sua materialidade histórica e linguística,as contradições próprias das relações escravocratas, como a ausência/presença do escravo no ato de sua liberdade e a constituição do escravo em figura enunciativa, que, à época, dada a sua condição jurídica, o seu dizer não tinha legitimidade na discursividade da sociedade brasileira. Mostra, ainda, que a integração entre o texto (a carta de alforria) e os enunciados que o integram se faz por uma relação transversal entre elementos diversos, a partir dos procedimentos enunciativos de produção de sentido, não segmentais, como a reescrituração e a articulação.
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