Práticas de governamento das crianças pobres e negras no início do século XX

The paper aims to present and discuss the governance practices towards poor and black children in the early twentieth century, with Michel Foucault as the analytical reference. Poor and black children became the focus of these practices, as they were seen as dangerous and endangered, vulnerable and...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Andrea Braga Moruzzi
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal de São Carlos 2015-08-01
Series:Revista Eletrônica de Educação
Subjects:
Online Access:http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/1159/419
Description
Summary:The paper aims to present and discuss the governance practices towards poor and black children in the early twentieth century, with Michel Foucault as the analytical reference. Poor and black children became the focus of these practices, as they were seen as dangerous and endangered, vulnerable and submitted to poor living conditions. Consequently, they stood as a social problem to be ruled by and for the community. The governance practices acted towards promoting the removal of these children from the streets and instilling an intense educational activity based on hygienist and eugenicist assumptions. The effect of such practices was the systematic control of their lives. More than being in danger, the children brought in themselves the very idea of danger, as they threatened a political project of constitution of the Brazilian nation. Therefore, poor and black children in the early twentieth century were seen as individuals who needed protection and "treatment", as they were the victims of poor, vulnerable living conditions, without a family foundation. The governance practices meant to develop political actions that involved different segments, along with the families and the school, by creating desirable ways of life and cultures and by controlling the undesirable outcomes. Este artigo procura apresentar e discutir sobre as práticas de governamento dadas às crianças pobres e negras no início do século XX tendo como referência analítica Michel Foucault. Observa-se que as crianças pobres e negras tornaram-se o foco central dessas práticas uma vez que enunciadas e visibilizadas como perigosas e em perigo, vulneráveis e sujeitas a condições precárias de vida e de sobrevivência, de maneira tal a serem postas como um problema social a ser gerido pela e para a população. As práticas de governamento agiram no sentido de promover a retirada dessas crianças das ruas e o exercício sobre elas de uma intensa ação educativa de bases higienistas e eugenistas. O efeito dessas práticas foi o controle sistemático de suas vidas. Mais do que estarem em perigo, essas crianças traziam em si mesmas a própria ideia de perigo, pois ameaçavam um projeto político de constituição da nação brasileira. A criança pobre e negra, portanto, no início do século XX foi visibilizada e enunciada como a criança que precisava de proteção e de “tratamento”, como a criança vítima de uma condição precária de vida, vulnerável e sem estrutura familiar e que por estas razões tornava-se perigosa ao projeto de constituição da nação brasileira. As práticas de governamento consistiam em desenvolver ações políticas que envolvesse diferentes segmentos, junto das famílias e da escola, visibilizando e enunciando formas de vida e de culturas desejáveis e o controle das formas indesejáveis.
ISSN:1982-7199