Summary: | <p>Como parte de uma pesquisa de doutorado, o presente texto se propõe, a partir da construção teórica de gênero e sociologia da religião, apresentar a discussão acerca do poder-dominação de gênero na Igreja Universal do Reino de Deus. O estudo adota a religião como problema sociológico, a fim de levantar alguns pontos de reflexão em relação ao processo de construção e articulação das relações entre poder e resistência de gênero na religião. Nesta pesquisa, três grandes igrejas pentecostais foram investigadas, e, em todas elas o discurso oficial reproduzia a ideia de que a capacidade de engravidar torna as mulheres fisicamente incapazes de assumir algum tipo de cargo e de exercer algum tipo de atividade na igreja, quando comparadas aos homens. Essa noção fortalece a associação entre a dominação masculina e o poder religioso, pois a cumplicidade da própria comunidade e também das mulheres permite que os homens se beneficiem destes argumentos para legitimarem suas posições na Igreja, a partir da dita “fragilidade inata” das mulheres, e para diminuir a concorrência pelo status religioso. Os elementos da “ideologia da natureza feminina” comprovam que os homens não desejam perder o tipo de atenção e os serviços pessoais que ainda estão habituados a receber de suas mães, esposas ou irmãs. Não reforçar essa ideologia, abriria a possibilidade de perderem esse estilo de mulheres, pois o <em>empoderamento</em> permitir-lhes-ia conquistar espaços e direitos, antes usufruídos somente por eles. Porém, este texto tem o propósito de apresentar as práticas cotidianas de resistência e insubordinação às relações sociais que as identificam à esfera doméstica e familiar.</p>
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