Por uma Didática da invenção surda: prática pedagógica nas escolas-piloto de educação bilíngue no município do Rio de Janeiro
<p>O problema central desta tese está no letramento de alunos surdos, o que le-vou à reflexão sobre a constituição do pensamento através de signos e seus possíveis significados construídos soci-almente. Faz-se a tentativa de preen-cher a lacuna apontada por Lebedeff (2010) sobre quais seriam a...
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Instituto Nacional de Educação de Surdos
2015-06-01
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<p>O problema central desta tese está no letramento de alunos surdos, o que le-vou à reflexão sobre a constituição do pensamento através de signos e seus possíveis significados construídos soci-almente. Faz-se a tentativa de preen-cher a lacuna apontada por Lebedeff (2010) sobre quais seriam as práticas pedagógicas advindas da necessidade discursiva da experiência visual da sur-dez e a quais eventos de letramento visual se referem esses discursos. Os objetivos específicos da pesquisa foram os seguintes: 1. Identificar as caracterís-ticas das práticas pedagógicas dos ins-trutores surdos em atuação nas escolas-piloto de educação bilíngue no municí-pio do Rio de Janeiro; 2. Analisar as inter-relações entre as práticas pedagó-gicas dos instrutores surdos com o le-tramento visual ou o uso de recursos apoiados em imagens. 3. Caracterizar as práticas pedagógicas negociadas com o professor (ouvinte) junto ao instrutor surdo. Contudo, verificamos que há outras práticas que estão ocorrendo diante de fatores, tais como a forte ten-dência autobiográfica do surdo, mani-festa na construção de narrativas surdas em uma linguagem própria, o que en-volve não somente a língua de sinais ou língua escrita (portuguesa). Para a com-preensão das negociações de sentido, parte-se para a linguagem de interações que é fator fundamental à compreensão da comunicação e da sociabilidade; estas não se concretizam somente por meios e suportes, mas também mediada por interpretações, anseios e conflitos. Di-ante dessa perspectiva, consideramos que os surdos encontram-se em um processo de desequilíbrio ritual e abor-damos os jogos de interação em uma linguagem goffmaniana (1981, 1985, 1988, 2011). Motivou-nos abordar esse panorama complexo em escolas regula-res onde foram validadas etapas meto-dológicas sucessivas: 1. Conhecimento do contexto arquitetônico, humano e tecnológico das escolas; 2. Apresenta-ção da educação bilíngue ao diretor e coordenador pedagógico; 3. Acompa-nhamento das salas de recursos, pela pesquisa, de modo a documentar a bi-docência por meio dos registros fílmi-cos; 4. Construção de material de for-mação continuada a partir da edição de fotografias e filmagens para espaço da formação com os Instrutores Surdos, Intérpretes de LIBRAS e Professores das Salas de Recursos; 5. Encontros anuais de Educação Bilíngue organiza-dos para 400 a 600 participantes. A pesquisa envolveu também algumas providências quanto a: equipar as salas de recursos com materiais pertinentes à surdez; capacitar professores, instrutores surdos e intérpretes de LIBRAS; ofere-cer cursos de formação continuada em LIBRAS. Delinearam-se três estilos de aula: a. Expositiva em língua de sinais com o uso mais tradicional de apresen-tação de assunto ou tema com incre-mento de imagens; b. Informatizada em língua de sinais com o uso de outros meios como história em quadrinhos, desenhos, jogos e representações; c. Dramatizada ou teatralizada em língua de sinais com o uso de recursos cênicos. Considerando que a perspectiva fun-damental da didática assume o processo ensino-aprendizagem em sua multidi-mensionalidade, ou seja, os aspectos político, humano e técnico, como nos indica Candau (1983, 2012a), enxergá-la junto a uma parte dos instrutores surdos de língua de sinais fez parte da proposta desta pesquisa-ação que de-mandou 69 incursões a campo com filmagens desses estilos de aula e de recursos usados em 12 escolas-piloto de Educação Bilíngue no Município do Rio de Janeiro. Justifica-se o esforço de análise e, principalmente, de cataloga-ção dos artefatos encontrados nas esco-las públicas municipais cariocas, cerne desta tese, na qual o pano de fundo não deixam de ser as narrativas surdas, po-rém não nos prendendo a elas, mas à arte dos surdos e de alguns ouvintes em criar suportes, recursos, práticas peda-gógicas que criam outros modos de ensino-aprendizagem em prol de uma didática da invenção surda.</p><p> </p> |
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