Quando repetir é enunciar

O texto propõe uma reflexão teórica sobre a singularidade da memória na enunciação de sujeitos idosos. Para tanto, busca delinear um conceito de memória, que se afasta dos estudos mnemônicos, sob o viés neurofisiológico, e se aproxima de reflexões de cunho filosófico e psicanalítico. Os estudos na...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Patrícia da Silva Valério, Luiza Ely Milano
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual de Campinas 2019-06-01
Series:Cadernos de Estudos Lingüísticos
Subjects:
Online Access:https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8654489
Description
Summary:O texto propõe uma reflexão teórica sobre a singularidade da memória na enunciação de sujeitos idosos. Para tanto, busca delinear um conceito de memória, que se afasta dos estudos mnemônicos, sob o viés neurofisiológico, e se aproxima de reflexões de cunho filosófico e psicanalítico. Os estudos na perspectiva filosófica abordam a fenomenologia da memória e o paradoxo do trabalho do historiador, entre memória individual e coletiva, os quais permitem uma definição de memória como imagem/lembrança trazida para o presente através da linguagem e como sendo triplamente constituída, isto é, atribuída a si, aos outros, aos próximos. A teoria psicanalítica revisitada revela a memória como uma reinauguração de algo vivido, o que contradiz a visão do senso comum acerca da recorrência à repetição nas narrativas de alguém que envelhece. Assim, sob a perspectiva linguística-enunciativa, a memória revela-se como uma possibilidade de percorrer o tempo, permitindo a cada um a própria continuidade temporal, sem ruptura com o presente, como algo capaz de dar vida nova ao acontecimento e à experiência do acontecimento.
ISSN:2447-0686