Summary: | Neste artigo procuro argumentar, a partir das narrativas de alguns interlocutores de pesquisa, bem como de observações participantes realizadas em mercados de rua entre os anos de 2004 e 2008, que o trabalho do feirante está fundamentalmente amparado em suas habilidades de construir laços sociais e promover sociabilidades. As reflexões que esses trabalhadores elaboram sobre seu trabalho no dia a dia do mercado evocam os saberes e fazeres que sistematizam nessa trajetória: as formas de tratar os fregueses, o conhecimentos sobre os alimentos, suas origens, circulação e distribuição, as redes de fornecedores que tecem, etc. A ênfase depositada na construção do laço social com seus fregueses (e também fornecedores e colegas) relacionada com a repetição cíclica dos gestos e práticas no mercado, nos revelam que fazer a feira é também fazer o feirante, no sentido de um métier construído cotidianamente a partir de uma experiência compartilhada.
|